Fanfic: Made In The USA (DulcexDemi) - Finalizada | Tema: Dulce Maria, Demi Lovato

DemiPOV

Não foi difícil encontrá-la na praia. Estava sentada em uma espécie de manta colorida, com a prancha de surf enfiada na areia ao seu lado, tomando alguma coisa em um copo de plástico, com óculos de sol, a parte de cima de um biquíni verde musgo, com um calção largo preto.

Suas tatuagens já haviam parado de doer, segundo ela, e sua tatuagem de coruja parecia brilhar no sol quente. Eu ainda estava usando as roupas da gravação, apesar de estar usando um biquíni por baixo, que coloquei antes de sair. Mas não havia chance, no inferno, que eu iria ficar só de biquíni naquela praia. Apesar de estar meio vazia, comparada a outros dias, ainda haviam muitas pessoas por ali. E eu tinha certeza que o cara escondido atrás de um carro, fingindo ler um jornal, era um fotógrafo. Não sei se estava tirando fotos dela antes, ou esperando outra pessoa aparecer, mas eu não o queria ali, sinceramente.

Sentei ao seu lado na coisa colorida e recebi um lindo sorriso por isso. Deus, as coisas que seu sorriso podiam fazer eu sentir...

Ela se inclinou e beijou minha bochecha. Franzi a testa, meio confusa. “Tem um fotógrafo ali atrás já faz meia hora.” Ela sussurrou antes de se afastar.

Ok, ela sabia sobre ele. Eu podia não querer que ele tirasse fotos minhas em um biquíni revelador, mas não havia nada contra ele tirar fotos nossas nos beijando. Aí eu poderia esfregar na cara daquele imbecil do Twitter, talvez.

Revirei os olhos e me aproximei, beijando-a corretamente. “É assim que se recebe a namorada, sabe.” Brinquei quando me afastei.

Dulce sorriu e beijou a ponta do meu nariz. Ela estendeu o copo para mim e eu olhei o conteúdo com desconfiança. Ela riu. “É água de coco. Aqueles de caixinha, era a única coisa que o quiosque suspeito tinha de bom hoje.”

Acenei em acordo e tomei um gole, devolvendo o copo para ela. “A quanto tempo está aqui?”

“Acho que duas horas. Almocei no quiosque suspeito, surfei um pouco e sentei aqui.”

“Vai deixar o mundo saber sobre uma de suas mil habilidades?”

Ela sorriu e acenou em acordo. “Não é como se eu estivesse matando alguém. Além disso, hoje é um dia perfeito para surfe.”

Cometi um erro terrível com meu próximo comentário e percebi isso quando vi seu sorriso crescer lentamente. “Sempre quis aprender a surfar.”

“Eu poderia te ensinar.” Foi o que ela disse.

Eu ri. “É claro. Eu e minha coordenação incrível, no meio do mar, em cima de uma prancha instável. Claro, melhor combinação de sempre. Há um motivo para eu nunca ter tentado aprender antes.”

Ela deu de ombros. “Sempre tem uma primeira vez para tudo. E não é como se você fosse surfar logo no primeiro dia.”

“Obrigada, mas não.”

Ela não insistiu, o que me deixou grata por isso. O real problema, além de fazer papel de boba caindo toda hora, seria entrar no mar de biquíni. “Por que insiste em vir à praia de calça? Você entende o conceito de praia, certo?”

Revirei os olhos para seu tom divertido. “Vim direto das gravações.”

“Imaginei que traria um biquíni na bolsa ou algo do tipo.” Mordi meu lábio inferior, que foi a confirmação que ela precisava. “Ah, então está com ele?” Acenei em acordo muito hesitante. “Então, por que ainda está de calça... em uma praia?”

“Você está de calção.” Reclamei.

“É um calção de praia. Você prefere que eu ande de biquíni por aí o tempo inteiro? Além disso, estou sem a camiseta.” Ela acenou com a mão para a camiseta jogada em um dos cantos da manta. “Sem contar que está calor. Você tem que estar com calor usando todas essas roupas.”

“Bom, um pouco, mas...”

“Então. Você está em uma praia, está usando um biquíni, está com calor. Qual o problema?”

Olhei para alguns surfistas em alto mar e suspirei. “Não quero tirar.”

“E por que?”

“Apenas não quero.”

Ouvi Dulce suspirar e colocar o copo na areia. Seu braço passou pelos meus ombros e ela beijou meu templo. “Se eu tivesse o seu corpo, iriam andar pelada o tempo inteiro. Para esfregar na cara das outras mulheres, todas invejosas, desejando, babando.”

Revirei os olhos. “Elas não tem inveja do meu corpo.” Falei.

“É claro que tem. Por que não teriam?”

“Eu não sou nenhuma modelo, sabe.”

Ela deu um riso zombeteiro. “Claro. Porque as modelos têm o corpo mais incrível do mundo.” Ela zombou. “Tão magras, passando fome.” Dulce balançou a cabeça, parecendo verdadeiramente triste.

“Mas é o que as pessoas querem.”

“Eu não.” Ela negou rapidamente. “Não vejo beleza naquilo. Sério mesmo.” Ela acrescentou quando viu meu olhar incrédulo. “Você, minha querida, é a mulher mais linda que eu já vi.”

“Eu não acreditei em uma palavra do que você disse.”

Dulce suspirou. “Como vou fazer você acreditar nisso, an?” Ela perguntou, parecia destinado mais a si mesmo do que para mim, por isso permaneci em silêncio, segurando a resposta que não havia como ela me fazer acreditar naquela bobagem. “Ok, ok.” Ela limpou a garganta e me abraçou mais apertado. “Você, Demetria,” Fiz uma careta pelo uso do meu nome completo. “é a mulher mais linda, mais incrível, mais maravilhosa que eu já conheci. Ok, talvez você não seja tão magra quanto às modelos, mas eu não tenho ideia de porquê as pessoas idolatram aqueles corpos magros e debilitados. Você sabe que é aquela imagem que leva tantas pessoas aos problemas alimentares.”

Era verdade. Lutei durante muito tempo para ter o corpo que via nas revistas, que ouvia meus amigos falando que era bonito, que os meninos chamavam de “gostosa”. E quase me perdi por causa disso.

“E não vale a pena, vale? No fim, todas elas querem um delicioso x-burguer duplo, um milk shake grande e batatas fritas.” Sorri um pouco para isso. “E daí que você não se poupa dessas delicias gordurosas e não se importa com o possível entupimento de suas veias?” Ri para sua voz divertida. Todo o sentimento de tristeza que eu estava sentindo antes parecia evaporar a cada palavra que ela dizia. “Eu também não sou a pessoa mais magra desse mundo, sabia? E não me importo. Já me importei, mas não mais. Qual é o ponto de fazer dietas? Você é linda exatamente do jeito que é.”

“Seria bom se todo o mundo pensasse assim.” Suspirei.

Dulce bufou. “E quem se importa com o resto do mundo? Se sua mãe te acha bonita, por quê a opinião de outros iria importar? Só a opinião da sua mãe importa. E toda mãe acha o filho/filha bonito, então todo mundo é bonito.” Ri verdadeiramente pela primeira vez desde que aquela conversa estranha havia começado. “Sua mãe te acha bonita, certo?” Acenei em acordo. “Então pra que se preocupar com o resto do mundo? Suas irmãs também te acham bonita, suas amigas também. Por que a opinião de quem você nem conhece importa? Eles não vão estar do seu lado quando você precisar, então não merecem dar opinião sobre nada na sua vida. E eu te acho linda, isso deve contar como alguma coisa.”

Pensei por alguns minutos, pesando prós e contras, me preparando mentalmente para tudo que iria ouvir, até olhá-la novamente e ver um pequeno brilho de esperança em seus olhos. “Eu acho que alguém me prometeu que iria me ensinar a surfar.”

Seu sorriso era radiante quando ela se levantou rapidamente e me ajudou a levantar também. Ela segurou meu casaco quando o tirei, mas acabou jogando-a para junto de sua camiseta. Hesitei apenas um pouco para tirar minha camiseta e jogá-la ao monte crescente de roupas descartadas. Acabei hesitando mais para tirar minha calça. Joguei meu tênis para longe das roupas, para não enchê-las de areia e respirei fundo antes de descer a calça o mais rápido que podia para não poder me arrepender na metade.

Dulce já havia tirado seu calção e segurava a prancha firmemente em baixo do braço. Pude ver seus olhos lutando contra sua vontade de permanecer no meu rosto e corei. “Eu sinto muito por falar isso, mas... Jesus em um monociclo.” Ela olhou meu corpo rapidamente, antes de voltar para meus olhos e jogar o braço livre sobre meus ombros. “Eu disse que não havia nada para se preocupar. Você é linda.” Ela beijou a lateral da minha cabeça e começamos a andar até o mar.

A água estava meio gelada e eu demorei alguns minutos para me acostumar com ela. E para parar de olhar o corpo de Dulce. Eu faria de suas palavras as minhas. Ela começou as aulas me ensinando a andar com a prancha usando os braços, o que foi um completo desastre. Ela tinha que manter uma mão segurando a prancha, porque eu ficava perdendo o equilíbrio toda hora. Mas, finalmente, eu consegui controlá-la. Então veio a péssima noticia que ela iria me ensinar a ficar em pé na prancha. Eu já estava quase desistindo, mas ela insistiu.

Perdi a conta de quantas vezes caí. Dulce se manteve firme e conseguiu se impedir de rir, apesar de seus olhos estarem brilhando em diversão. Por fim, conseguimos um ritmo bom, com menos quedas. Eu ficaria em pé na prancha, ela ficaria em pé do lado, segurando a ponta da prancha e minha mão, então iria começar a andar lentamente para frente. Em um ponto, conseguimos chegar até a areia. Mas, claro, ela estava fazendo todo o trabalho.

Quando ela acabou ficando muito cansada de ficar me carregando, voltamos para a manta. Ela se jogou no chão e respirou fundo. “Você é uma aluna folgada.” Comentou.

Eu ri e sentei ao seu lado. “Eu disse que seria um desastre.”

Ela me olhou e, de repente, me senti autoconsciente que ainda estava usando um biquíni. Corei e olhei a areia entre meus dedos. “Ah, vamos lá. Onde está seu sorriso bonito?” Ela sentou e beijou meu ombro molhado carinhosamente. “O que acha de irmos dar uma volta no shopping e comer alguma coisa?”

“Estou com o cabelo molhado e cheirando a água salgada.” Fiz uma careta.

“E eu não estou sentindo minha mão, porque você estava apertando tão forte que parecia que eu iria te empurrar pro buraco do inferno.” Ri novamente. “Podemos comprar algo na Starbucks, se preferir.”

“Tudo bem, mas você vai pedir desculpas publicamente pela minha imagem denegrida.” Brinquei.

Ela revirou os olhos e mexeu no bolso do calção até encontrar algo. Parecia um lápis e, por um momento, fiquei confusa com o que ela faria com ele. “Vira.” Erguei uma sobrancelha. “Eu não vou enfiar isso nas suas costas.”

Acabei fazendo o que ela pediu e senti suas mãos correndo pelo meu cabelo, então enrolando-o e prendendo-o com o lápis. Era um coque bagunçado e tenho certeza que não deveria estar melhor que o cabelo solto, mas foi um gesto fofo e eu sorri. Quando me virei, ela fazia o mesmo com seu cabelo, então se levantou e começou a recolocar suas roupas. Segui seu exemplo e logo estávamos voltando para a parte de calçada.

“Veio com seu carro?” Perguntei.

“Vim correndo.” Ela deu de ombros.

“Com a prancha?”

“É alugada.” Franzi a testa, confusa. Ela riu. “Tem um cara atravessando a rua que fabrica pranchas de surfe. Ele fez as minhas. Ele aluga pranchas para quem decidiu surfar de repente ou até sua prancha ficar pronta.”

Observei quando ela atravessou a rua correndo e entrou em uma porta quase invisível no meio de tantas outras. Cinco minutos depois ela voltou, dessa vez sem a prancha, e sorriu.

“Espero que tenha vindo com seu carro.”

Revirei os olhos. “É claro. Acha que eu ia atravessar a cidade correndo como você?”

O shopping parecia cheio naquele dia, como se toda Los Angeles tivesse decidido aparecer por lá. Acho que deveria ter uma promoção em algum lugar por ali. Logo que saímos do carro, Dulce segurou minha mão e apertou suavemente.

“Quero transmitir as diversas bactérias contraídas na água da praia com você.” Ela disse.

Sorri e puxei-a para andar um pouco mais rápido, o que eu sabia que era um pouco cruel, já que ela havia corrido, surfado e tentado me ensinar a surfar nas últimas quatro horas, então devia estar cansada, mas eu estava com fome.

Acabei parando bruscamente quando vi algo que me chamou atenção. Dulce acabou sendo puxada de volta para mim com um gemido doloroso. “O que foi?” Perguntou, esfregando o ombro.

Apontei para uma cabine de fotos no canto, aquelas onde você entra, faz algo idiota, tira algumas fotos e, quando sai, as fotos estão lá, pequenininhas, juntas esperando você retirá-las. Eu amo aquelas cabines. “Podemos?” Perguntei, tentando dar meu melhor olhar de filhote de cachorro.

Ela apenas sorriu e concordou. “Claro.”

Dei um gritinho de animação e corri para a cabine. “Quantas?” Perguntei, olhando a tabela de preços na lateral.

Ela deu de ombros. “Quanto você quiser. Que tal dez? Assim cada uma fica com cinco.”

Acenei em acordo e fui remexer minha bolsa atrás de dinheiro, mas Dulce já estava pronta e colocou o dinheiro na máquina. Eu ia protestar sobre isso, mas ela me puxou para dentro da cabine e minha animação voltou rapidamente.

Contornei o pequeno banco que se encontrava lá e abracei-a por trás, antes de beliscar sua bochecha. Depois tiramos algumas fotos fazendo caretas estranhas. Outra comigo fazendo orelhas de coelho nela. Na 5ª e 10ª foto, mesmo sem combinarmos nada, fizemos algo agradável, nos beijamos, como se soubéssemos que a outra queria uma foto dessas na sua metade.

Saímos e pegamos as fotos, olhando para nós mesmas agindo como crianças dentro de uma cabine de fotos. Dulce sorriu e dobrou o papel exatamente no meio, dividindo-o e me entregando uma das metades. Ela se virou e me beijou, então, entrelaçando seus braços no meu pescoço.

“Eu acho que deveríamos enquadrar isso.” Ela comentou quando se afastou um pouco. Dulce beijou minha bochecha e segurou minha mão novamente. “Apenas porque posso.” Ela sussurrou, antes de começar a andar comigo até a praça de alimentação.

Enquanto ela buscava algo para comermos, observei nossas fotos com um estranho carinho. Deus, eu estava tão apaixonada...