Fanfic: Made In The USA (DulcexDemi) - Finalizada | Tema: Dulce Maria, Demi Lovato

DemiPOV

Era difícil crer que, mais uma vez, eu falhei em meu tratamento. Mais uma vez, cedi à tentação. Muitas pessoas dizem que sou forte, mas não posso ver isso na maior parte do tempo.

O gosto do álcool parecia persistir na minha boca de forma irritantemente insistente. Mesmo depois de escovar os dentes e tomar café, ainda parecia gravado em cada papila gustativa presente na minha língua. Mas sei que não era bem o gosto, mas sim a memória dele. E era como tentar resistir a algo maravilhoso.

O hotel, que tinha como objetivo liberar nossa mente de assuntos tensos, parecia tempo perdido quando entramos na suíte cara e luxuosa. O silêncio parecia cortar meu coração ainda mais. Sei que Dulce não estava me dando o ombro frio ao me ignorar, só estava tentando me dar tempo para engolir tudo isso e digerir. Ela não iria falar nada enquanto eu não fizesse, por isso foi diretamente para o banheiro, largando a mala ao pé da cama.

Suspirei e me aproximei da varanda. Escorei-me no vidro e olhei o trânsito apressado de LA. Não queria destruir nosso casamento com isso, mas não tinha certeza que podia continuar com ele. Dulce deveria ter mil e um motivos para me amar e casar comigo, mas eu mal posso pensar em três. E não é justo, para ninguém, o que estou fazendo agora. Tentando resolver o problema sozinha não é a melhor opção, sei disso, mas não conseguia olhá-la nos olhos e dizer que não tinha certeza se continuar com o casamento seria a coisa certa a fazer. Eu deveria estar a caminho de uma clinica de reabilitação para começar tudo de novo, antes de terminar de estragar o que tanto lutei para conseguir.

Eu queria que Dulce fizesse o que sempre faz. Falar a coisa certa. É como se ela pode ler meus pensamentos ou algo assim, porque sempre consegue me acalmar com uma única frase e resolver qualquer problema que eu tiver. Mas ela não quer fazer isso agora, não enquanto eu não pedir. Eu entendo. Dulce falou de seu problema comigo quando ela teve sua recaída, talvez porque eu fosse a pessoa mais próxima, mas ela iria falar com qualquer pessoa, é como ela é. Mas eu não costumo falar sobre meus problemas. Era difícil admitir em voz alta que eu precisaria de mais ajuda do que estava disposta a receber.

Eu só precisava dizer uma única palavra para conseguir ouvir a voz cheia de sotaque de Dulce me acalmar de todos os medos, mas talvez dessa vez ela não conseguisse ter o efeito desejado. Talvez a coisa certa seria cancelar o casamento e nem ela conseguiria dar a volta nisso.

“Eu...”

“Sabe qual o seu problema?” E aí estamos nós. Mesmo por sua frase dura, não consegui conter o sorriso, sabendo que estava certa. Dulce saiu do banheiro usando apenas um calção de basquete largo e sutiã, com a camiseta balançando em sua mão. “Você pensa demais. Sobre qualquer coisa. Você sempre pensa duas ou três vezes antes de fazer qualquer tipo de coisa. Qualquer ser no universo pode ver você hesitando em meio a uma decisão. E eu tenho a sensação que o pensamento da vez é sobre o casamento.”

Sorri novamente. Leitora de mentes, sem dúvida. “Não sei se...”

“Este é o seu problema. Por favor, pare de pensar por um segundo. Ou, melhor ainda, pense com o coração e esquece o cérebro por um minuto.” Dulce balançou os braços em volta e, apesar da seriedade da conversa, eu não pude deixar de notar seus seios saltando com o movimento. “O maior problema aqui não é o casamento e você sabe disso. Então, já que você quer pensar, pense sobre o real problema e não nos pequenos problemas consequentes. Deixa que eu me preocupo com esses.”

“Dulce?”

“Não, não me mande calar a boca ou algo do tipo! É incrivelmente rude.”

“Rude é não deixar sua futura esposa falar.”

“Mais rude ainda é... Demetria, se você estiver brincando comigo...”

“E você tinha que estragar tudo com o uso deste nome ofensivo.” Revirei os olhos.

Dulce jogou a camiseta em minha direção em um mini ataque de raiva. “Eu tenho cinco motivos para te odiar e um deles é a sua renuncia em seguir assuntos sérios!”

“Quais os outros quatro?”

“Não me venha com mais joguinhos!” Dulce bufou em frustração e passou a mão pelos cabelos. “Posso ter cinco motivos para te odiar, mas tenho mais de cem para te amar. E talvez este seja o problema aqui! Então vamos esquecer que... Por que você está rindo?!”

“Eu nunca te vi com raiva antes. Brava, sim, mas com raiva, não.” Respirei fundo para controlar o riso. “E você está com raiva pelo motivo errado.”

Dulce deixou os ombros cair em derrota e balançou a cabeça. “Você é inacreditável.” Ela murmurou e percebi que tinha exagerado com o último comentário. “Quer saber? Fique aí pensando e colocando dúvidas em qualquer lugar, continue enfiando coisas na sua cabeça. Eu vou dormir. Será que você pode me acordar cedo amanhã para eu saber se tenho que me preparar para um casamento ou não?”

Dulce se aproximou da cama e, violentamente, jogou as cobertas e lençóis para o lado, antes de se jogar na cama e, ainda com mais violência, bateu no travesseiro para arrumá-lo. Era meio cômico, porque Dulce havia totalmente esquecido de tirar o sutiã ou de pegar a camiseta do meio do quarto, mas incrivelmente assustador, porque eu tinha ido longe demais com comentários desnecessários.

Suspirando, me aproximei da cama e sentei com calma na beira. “Sinto muito. Com tudo o que aconteceu... Muitas inseguranças estão surgindo. Eu sei que seria melhor terminar tudo e te dar a chance de conhecer alguém melhor, mas eu sou muito egoísta para te deixar ir. Não sei como tudo vai acabar, mas eu espero que estejamos em uma cadeira de balanço, relembrando histórias da nossa vida e, ainda mais, brigando por causa de coisas estúpidas como todo casal de velhos. Então, talvez eu não seja a melhor opção, e seja egoísta o suficiente para querer ser a única opção, mas o pior é pensar que você ache outra opção e veja que essa opção é a pior e que a outra opção é...”

“Você está dando um nó no meu cérebro.” Dulce murmurou, interrompendo meu pensamento. “Quero dormir.” Acrescentou depois de alguns segundos, tentando parecer impessoal sobre tudo, e falhando miseravelmente.

“O que eu quero dizer é que eu tenho medo de você acabar me deixando, por algum motivo. E este pode ser o motivo que decidiu aparecer e arrancar a melhor coisa que já aconteceu comigo para longe da minha vida. Estou insegura por causa de absolutamente tudo que acontece à minha volta e sinto muito por isso, porque sei que te irrita. Eu ainda quero me casar com você, mas a dúvida enorme no meu cérebro é se você quer casar comigo ainda ou, melhor, se é a escolha certa.”

“Só cala a boca e vem dormir. O dia via ser comprido amanhã.”

Com um sorriso, tirei minha roupa, jogando-a para qualquer canto do quarto, e deitei ao seu lado, antes de virar e abraçá-la por trás. “Se você se arrepender daqui alguns anos, eu vou dizer que te avisei.” Murmurei em seu ouvido, antes de beijar seu ombro carinhosamente e começar uma carícia suave com as pontas dos dedos sobre sua tatuagem colorida no braço.

“E se você não ficar quieta agora, eu juro que vou te chutar da cama e quando você machucar sua preciosa bunda, eu vou falar que te avisei.”

Por que diabos eu estava duvidando de casar com essa mulher, caralh*?