Fanfic: Made In The USA (DulcexDemi) - Finalizada | Tema: Dulce Maria, Demi Lovato

DulcePOV

“E em menos de um ano você vai se arrepender.” Suspirei e belisquei a ponta do meu nariz, desejando sair correndo dali o mais rápido possível. “E em dois anos ela vai começar a engordar. Em três, já vai estar vinte quilos mais gorda. Você vai querer traí-la na metade do segundo ano quando ela engordar cinco quilos em um mês!” Meu pai exclamou, parecendo realmente irritado com isso, por algum motivo. “Mas você não vai, Dulce Maria!” Ele apontou o dedo para mim e eu reconheci sua expressão de ‘é melhor não me desobedecer’. “É sério. Você está se casando hoje, você vai amarrar o seu burro pra sempre. Você não vai sair trocando os pa/us que amarra o burro, nem que seja por algumas horas! Estou falando sério! Se você quer sair por aí comendo outras coisas é melhor sair daqui antes dela chegar! Só seja corajosa para avisá-la antes de entrar por aquelas portas e perceber que você não quer amarrar o burro no pa/u dela.”

Olhei para o teto, como se procurasse uma saída e, ao mesmo tempo, tentasse ignorar suas palavras. “Pai, por favor...”

“É SÉRIO, DULCE MARIA!” Ele gritou em sua melhor voz de militar. Meu pai serviu por um ano, sim, mas saiu assim que teve a chance. Nunca passou de soldado, mas, caramba, ele sabe imitar um sargento perfeitamente. “Eu posso ter esperanças de que aquele muleque que todo mundo pensa que você tinha um caso se levantar e impedir esse casamento pra você casar com ele, mas se isso não acontecer, e você se casar com a menina do cabelo estranho, você vai cumprir esse compromisso. Em respeito a ela e a família dela, você só vai transar com ela para o resto da vida! Entendido?”

“Pai...”

“Mesmo que ela fique parecendo a Rasputia, sabe, daquele filme idiota que todo mundo parece gostar, daquele panaca que parece retardado, que é o mesmo cara que faz praticamente o filme inteiro e...”

“Norbit, pai.”

“Tanto faz. O que estou dizendo é que, mesmo que ela se torne a Rasputia, você não vai transar com mais ninguém! E se quiser fazer isso, é melhor você ter a decência de deixar a menina ficar com a casa, o carro e todos os móveis, e ainda pagar uma pensão alta, depois do divórcio. Aí você pode comer quem quiser. Mas, até lá, só vai transar com ela. Sim, casamento é uma merda. Lide com isso.”

Suspirei pelo que parecia a décima vez em um minuto. “Pai, eu não quero mais ninguém. Eu só quero a Demi.”

“Que bosta de nome.” Ele balançou a cabeça, como se nunca tivesse ouvido o nome dela antes.

“É o apelido.”

“Um apelido que a porr* do mundo inteiro usa!”

“O nome dela é Demetria.”

“Pois chame-a assim, é um nome melhor. Quer saber? Eu vou chamá-la assim.”

“Ela não gosta desse nome, é por isso que todo mundo a chama de Demi. Pai, pelo amor de Deus, vamos acabar com essa conversa. Eu sei no que estou me metendo. Conheço o casamento. E, honestamente, eu não sinto... atração, por mais ninguém.” Corei um pouco. Meu pai podia ser bem aberto sobre o assunto, mas isso não significa que eu goste de falar sobre isso com ele.

“Você não é lésbica?”

“Ah, sim...”

“Não existe só uma mulher na porra desse mundo, Dulce Maria! É CLARO QUE VOCÊ SENTE ATRAÇÃO POR MAIS ALGUÉM!” Recuei um pouco, apesar de saber que ele não estava com raiva nem nada disso, era apenas o jeito dele pontuar uma situação. “Tem bilhões de mulheres lá fora. É óbvio que você vai querer comer mais de uma. MAS VOCÊ NÃO VAI! Isso é casamento! Só vai comer uma. Os tempos mudaram, agora as meninas usam roupas mais curtas e sexo antes do casamento é moda. No meu tempo, você só via o rosto e tinha que deixar o resto para a imaginação. Graças a Deus, minha imaginação foi bem criativa com a sua mãe e eu não me decepcionei... muito. Mas agora que as coisas mudaram vocês tem que aproveitar! Olha bastante, experimenta e tenha certeza que é o que quer.”

“Pai...”

“Eu sei que vocês já transaram. Vocês morram no mesmo apartamento, porr*! É claro que já transaram! Então sei que você tem uma ideia do que está se enfiando... literalmente! E o que eu te digo é: espero que goste, porque é só isso que você vai ter para o resto da sua vida.”

“Parece que você não quer que eu me case, pai.”

“Tá brincando?! Você já tem 28, já passou da hora de amarrar o burro! Só quero que entenda o que é o casamento!”

“Você deu esse discurso para Blanca e Cláudia também ou eu fui a premiada?”

“Falei isso para meus genros, é claro. Tivemos uma longa e boa conversa antes de cada casamento e conversamos sobre suas irmãs bastante.”

Sinto pena deles... “Olha, pai, eu agradeço...” Não realmente.

“E estou falando com você agora.”

“Por que eu? Se você falou com Henrique e Rodrigo, por quê não falar com Demi agora?”

Pela primeira vez na minha vida, vi meu pai hesitar ao me dar uma resposta. E isso me assustou pra caralho. “Porque, Dulce Maria, você é a minha filha e eu te amo, apesar de tudo. Eu sei o quanto aquela menina significa pra você. Cacete, até a porr* de um cego pode ver todo o mel que sai de vocês duas. E isso me dá caries. Eu acredito que eu te passei todos os valores certos, mas eu sei que você já quebrou mais de um coração por aí. E sei que não foi sua intenção, mas é isso que a fama faz.” Ele hesitou mais uma vez. Quase esbofeteei o homem na minha frente em busca do verdadeiro Edgar Saviñon. “Aquela menina está sempre sorridente e com o cabelo todo colorido, mas eu posso ver o que ela esconde por trás daqueles dentes brancos. Ela já sofreu o suficiente e eu não quero que você seja mais um deles. Não creio que eu possa ter te ensinado a fu/der corações por aí, nem brincar com os sentimentos alheios, mas quero deixar claro que você não tem o direito de fazer isso. Então você vai criar umas bolas e assumir todos os compromissos de um casamento ao dizer ‘aceito’. E o maior desses compromissos é fazer a sua esposa feliz.” Um brilho de lágrima brilhou em seus olhos e quase quebrei ali mesmo. “E, logo após isso, é fazer a sua família feliz. Você é feliz com aquela menina, e é melhor você não fu/der com tudo.” E aí está meu pai novamente, obrigada. “Ou vou chutar sua bunda até a China e então fazer você comer peixe cru com uma carne bem saborosa de gato!”

Sorri, olhando para o teto por alguns segundos para segurar as lágrimas. “Eu te amo, pai.” Deus, eu não falo isso o suficiente.

“É claro que ama. Eu te alimentei durante anos e te levei para o trabalho mais vezes do que queria. É bom me amar mesmo!” Ele colocou sua bengala no chão novamente e começou a andar para fora da pequena sala atrás do salão da cerimônia. Meu pai parou na porta e, sem olhar para trás, murmurou algo que apenas me fez chorar como uma torneira aberta. “E eu também te amo.” Sua mão se apertou com força contra a maçaneta da porta. “E é porque você saiu rasgando sua mãe e não eu, graças a Deus.” E, com isso, ele saiu.

Tive que ficar alguns minutos ali para me recuperar, tanto da conversa, quanto da troca de emoções. Então me olhei novamente no espelho que tinha ali e sorri para mim mesma. Em meia hora eu estaria me casando.

Saí da sala para encontrar Anahi, que parecia prestes a chorar... Novamente. “Se arrependendo por ter me batido?” Brinquei, tentando acalmar seus nervos.

Anahi riu suavemente. “Sabe que uma vez isso aconteceu?” Agora eu estava surpresa.

“Sério?”

“É. Seria bem mais fácil me apaixonar por você.” Ela lançou um olhar para Maite, que parecia entretida conversando com Christopher, muito perto para o conforto.

Suspirei e beijei sua bochecha delicadamente para não deixar uma marca do batom. “Lembra da promessa que fizemos quando tínhamos dez?”

Anahi riu mais alegremente e se virou totalmente para mim com os olhos brilhando. “É claro que me lembro. E você tinha oito.”

Dei de ombros. “Detalhes. Lembra do que falamos?”

“Se chegarmos até os trinta e cinco solteiras, a gente se casa.” Anahi recitou com um sorriso.

Acenei em acordo com um sorriso ainda maior. “Faltou só quatro anos para você. Vamos fazer outro acordo agora.”

Estiquei meu dedo mindinho para ela e, meio divertida meio séria, Anahi entrelaçou o seu dedo com o meu. “Que acordo?”

“Se meu casamento não der certo, eu caso com você. E vamos ter uma lua de mel em Paris, porque eu sei que você ama aquela cidade.”

Anahi sorriu e balançou a cabeça, mas apertou nossos dedos com mais força. “É óbvio que seu casamento vai dar certo. Vocês são o casal mais bobo, apaixonado e fofo que já vi.”

“Que tal isso, então: se Maite não quiser ficar com você em... um ano, eu peço divórcio e caso com você.”

Ela suspirou e soltou nossos dedos. “Não vou estragar seu casamento com um acordo idiota desses. Vamos apenas nos manter no primeiro.”

Abracei-a pelos ombros e beijei seu templo. Eu só ajo assim com duas pessoas no mundo: Anahi e Demi. Com todos os outros, eu simplesmente não consigo ficar em contato físico por muito tempo, nem distribuir beijos carinhosos ou coisas assim. Obviamente, essas coisas bregas que faço com cada uma é diferente por causa da natureza dos relacionamentos, mas, ainda assim, a essência é a mesma. Antes de Demi, Anahi era a única que ganhava meus beijos no templo o tempo inteiro.

“Tudo bem. Acordo feito. Mas quer saber de uma coisa?”

“O que?”

“Eu sou muito mais gostosa e boa na cama que Maite.”

Anahi me deu uma cotovelada nas costelas e revirou os olhos. Eu apenas ri e abracei-a mais forte. “O QUE EU FALEI SOBRE AMARRAR O BURRO?!” Meu pai gritou de alguma parte do salão.

Imediatamente, me afastei de Anahi e coloquei alguma distancia entre nós. “Não quero que meu pai me bata com a bengala hoje.” Resmunguei.

Anahi riu. “É fofo que você tenha medo do seu pai.”

“Não tenho medo, tenho respeito.” Corrigi-a. “E nem se fosse medo, seria fofo. Tenho 28 anos, pelo amor de Deus.”

Ela balançou a cabeça. “Você está linda.”

“Estou sempre linda.” Brinquei. “Ok, talvez não quando estou com moletom, ou pijama, ou suéter, ou leggin, ou sem maquiagem, ou... Ok, estou linda agora.”

Anahi murmurou algo sobre sua respiração, antes de se virar para me dar um provável sermão, mas, graças a Deus, Maddie se aproximou e me deu um abraço apertado. “Hey.” Ela falou ao se afastar.

“Hey, Maddie. O que foi?”

Ela deu de ombros, parecendo realmente inocente por um segundo. “Só queria te dar um abraço. Você sabe, vai casar com a minha irmã e tudo o mais.”

Sorri. “É, eu sei. Você está linda, por sinal, Maddie. Realmente, se eu fosse, pelo menos, 14 anos mais nova...” Balancei a cabeça, fazendo tanto Maddie quanto Anahi rirem.

“Obrigada. Você também não está nada mal.” Ela balançou a cabeça em aprovação, antes de voltar a sua animação de costume. “Demi me mandou uma mensagem, eles já devem estar chegando.”

Senti o nervosismo subir por minhas veias e descer pelo meu estômago, deixando uma sensação de terror no caminho. “Deus, pelo menos ela está vindo.”

Maddie revirou os olhos. “Demi dormiria aqui se pudesse. Ela não para de falar sobre o casamento e como vai ficar feliz e blablabla. Coisa de irmã chata. Quero só ver quando for a vez de Dallas. Ah, papai disse que vai querer entrar pelo lado esquerdo, porque, segundo ele, é o lado da sorte da família. Não faz sentido, mas acho que ele só queria definir os lados antes de chegar aqui e dar uma confusão. Além disso, o lado direito é mais reto, é mais fácil para o seu pai entrar com a bengala.”

Anahi beijou minha bochecha com cuidado por causa da maquiagem e me abraçou meio que de lado. “Eu vou ficar com Christian se precisar de mim, vamos repassar o plano de entrada. Estou tão feliz por você, Ken.”

“E eu estou feliz por você estar aqui, Barbie.” Beijei sua testa. “Eu te amo.”

“Eu também te amo, sua coisa desastrada.”

“Sua aficionada por moda.”

“Toda garota gosta de moda, cala boca.” Ela bateu no meu ombro e revirou os olhos ao se afastar.

“Eu não.”

“É porquê você é quase um cara.”

“O que?!”

“É. Você ama futebol e...”

“Muita garota gosta de futebol.”

“Ken?”

“O que?”

“Eu te amo assim. Agora cala boca e vai se preparar. Sua noiva está chegando!”

Enquanto Anahi corria para segurar o braço de Christian e começarem um daqueles papinhos estranhos deles, Maddie me lançou um olhar curioso e percebi como toda aquela interação deve ter parecido. “Eu a conheço desde que tinha 3 anos.” Expliquei rapidamente dando de ombros.

“Ok.” Maddie falou como se eu fosse louca. “Enfim, Dallas sabe que Demi vai ter um ataque de pânico assim que o carro estacionar, então ela vai ter que acalmá-la, e isso vai atrasar a cerimônia um pouco.”

“Tem certeza que você só tem 12 anos?”

Maddie sorriu. “Mamãe diz que sim. A festa está programada para começar em uma hora e meia. Uma única hora de cerimônia, então nada de fazer votos longos ou coisa assim. Sem choro, por favor, mamãe vai fazer isso sozinha. Mais uma coisa: seu cunhado se prontificou para levar as duas para a festa, mas Max insiste em fazer isso.”

“Henrique ou Rodrigo?”

“O baixinho.”

“Ele dirige bem, ok. Diga para Max sossegar que ele não está aqui a trabalho. Algo mais, senhorita La Garza?”

Maddie revirou os olhos. “Haha. Bem engraçado. Demi vai entrar em pânico daqui alguns minutos e eu quero estar lá para lhe dar um tapa para andar mais rápido com tudo. Fale com o ministro.”

“Sobre o que?”

“Eu não sei, fale com ele. Todo noivo fala com o padre antes da cerimônia. Como não tem noivo e não tem padre, você fale com o ministro.”

Olhei para Madison por um longo minuto, antes de sorrir. “Quer ser minha agente? Você é realmente ótima em organizar horários e coordenar as coisas. E eu não fico com vontade de te bater quando você me manda fazer alguma coisa.”

Ela rapidamente balançou a cabeça. “Nem morta. Vou estar lá fora, qualquer coisa, é só pedir para Selena ou Melissa. Elas estão por dentro de tudo.”

DD-DD-DD

Dizer que eu estava aliviada quando Miley chegou e não se jogou em Christopher era um eufemismo. Agora, eu queria começar a festa naquele exato momento quando ele me disse que terminou com ela quase dois meses atrás e que, felizmente, tudo ocorreu de forma amigável. Não parecia, realmente, porque Miley mantinha uma distância segura enquanto lançava olhares meio malignos para ele. Deus, eu não iria ficar muito triste se ela atravessasse aquele tapete vermelho ridículo de separação e desse um chute no saco dele. Até ia gravar se ela me avisasse antes.

De qualquer forma, depois de conversar com todo mundo que via para tentar me distrair do fato que estaria me casando assim que o ataque de pânico de Demi passasse, parei ao lado do meu pai e esperei ele começar seus comentários sobre casamento novamente. Não aconteceu. Outra surpresa, ele parecia mais silencioso que me lembrava.

“Não tropece. Não vou te segurar.” Ele murmurou depois de cinco minutos em silêncio absoluto e quase morri quando descobri que Edgar Saviñon estava quase chorando. “E ela realmente não conhece o conceito de pontualidade, não é?”

O ataque de pânico parecia estar durando mais do que Maddie previa. Já estávamos quinze minutos atrasados. Não que eu esperasse menos. O dia que Demi Lovato chegasse pontualmente em algum lugar, uma chuva de canivete iria estragar o momento histórico. A coisa é que eu estava começando a ficar ansiosa. E se Demi tivesse desistido, novamente, do casamento por causa de sua ‘despedida’ de quinta feira? Eu juro que, se ela simplesmente me deixar aqui, vou caçá-la até os confins do universo e chutar seu traseiro. Melhor ainda, vou dopá-la e fazer o casamento em Las Vegas.

Antes que eu pudesse continuar meus planos, Maddie apareceu na porta lateral e sorriu, antes de levantar o polegar positivamente. Ela sinalizou mais cinco minutos com a mão, então todo mundo começou a se preparar. Não haveria nenhuma entrada triunfal ou coisa assim, nenhuma ordem a ser seguida. Seria eu e meu pai, ela e seu pai, entrando ao mesmo tempo e era isso. Christian e Anahi ficariam ao meu lado esperando para assinarem os papéis como testemunhas (muito desnecessário, porque havia cinquenta pessoas ali), enquanto Selena e Dallas ficariam ao lado de Demi esperando para fazer o mesmo. As “damas de honra” eram, na verdade, títulos vazios, porque não teriam que fazer nada. Era apenas para não deixar o resto dos nossos amigos irritados com a escolha das testemunhas.

Alisei meu vestido mais algumas vezes, conferi todas as joias e comecei a questionar meu cabelo. Talvez eu deveria ter deixado-o preso, um coque talvez, ou uma trança lateral, talvez...

“Pare de se perguntar coisas.” Meu pai grunhiu ao meu lado.

“Como você...”

“Todo mundo faz isso. Eu troquei de terno um minuto antes da sua mãe entrar. Então saí correndo para trocar de novo quando ela se atrasou.” Meu pai me olhou brevemente. “Você está linda, pare de se preocupar.”

Sorri e, cuidadosamente, passei a mão pelos meus cabelos soltos e cacheados. Honestamente, não sei como o cabeleireiro conseguiu deixar os cachos tão perfeitos e imóveis, mas não queria sair correndo dali para perguntar algo banal. Deus, é isso. Eu vou casar. Cacete. Eu sabia que devia ter comprado um apartamento e não um anel. Essa piada foi péssima até para mim.

Mas, quando a música começou a tocar, a piada de merda foi a última coisa que passava na minha cabeça. O ensaio de alguns dias atrás foi breve, mas muito específico. Sabíamos que, assim que a música atingisse aquela parte particularmente alta, era o momento que deveríamos começar a andar.

Ok, talvez eu devesse ter pedido para alguém me dar um calmante antes de começarmos. Meu coração vai me trair a qualquer segundo. Um ataque cardíaco agora não é a coisa mais legal do mundo. Ai, meu Deus, minhas pernas estão virando gelatina.

“Desista antes de ficar na frente de todo mundo.” Meu pai falou.

“Não vou desistir.”

“Então pare de agir como se estivesse indo para um matadouro. Ah, mais uma coisa.”

“O que?”

“Não espere uma noite de núpcias. Vocês vão estar tão cansadas que sexo é a última coisa que vão querer.”

“Pelo amor de Deus, pai.”

“O que? Estou só te avisando. Não fique muito empolgada com essa noite.”

Revirei os olhos. “Apenas vamos logo.”

“Os americanos e suas tradições.” Meu pai bufou quando enlacei meu braço esquerdo no seu direito e ele viu minha aliança de noivado. Para o dia do nosso casamento, eu estaria seguindo os costumes americanos. Lide com isso, pai lunático.

Ok, Deus, hora de andar. Passos lentos, não tropece, saltos estúpidos, concentração e... PU/TA QUE PARIU!

O ar acabou de ser expulso do meu corpo. Ela está apenas... Deslumbrante. Acabei de me apaixonar mais uma vez. E aquele sorriso, seu queixo tão bonito e os olhos, meu senhor, os olhos.

“Sua mãe disse que você não precisava de babador quando você fez dois anos. Aja como isso.”

Caramba, pai, ótimo jeito de quebrar o clima.

Aquele caminho idiota parecia ter quilômetros, mas finalmente, finalmente, ficamos frente a frente e juro que aquele sorriso derreteu todas as fibras do meu coração. Quando entrelaçamos nossos dedos e nossos pais saíram para seus devidos lugares, não pude segurar o sorriso.

“Porque é o nosso casamento.” Sussurrei, apertando sua mão com mais força.

Demi sorriu ainda mais largamente e tudo que eu queria era beijar aquele queixo fofo como sempre faço quando ele parece tão bifurcado quanto agora. Honestamente, eu não conseguia desviar os olhos dela. Por isso, não ouvi uma única palavra da introdução do ministro, que estava lendo algum poema de amor brega de algum cara que morreu a muito tempo. Depois de terminar e ficar muito orgulhoso ao ouvir algumas mulheres já chorando, ele perguntou se tínhamos votos para falar. E a resposta era: claro, idiota, é o nosso casamento. Obviamente que não respondi assim, mas tanto faz.

“Hey.” Falei suavemente quando ficamos de frente uma para a outra mais uma vez. Demi sorriu mais uma vez e quase esqueci tudo que queria dizer. Quem estou enganando? Esqueci toda a merda que preparei quando a vi usando este vestido e sendo toda deslumbrante e sorridente. “Eu preparei um discurso muito bonito e não consigo me lembrar de uma única palavra.” Admiti, fazendo as pessoas rirem levemente. “Mas não importa, porque eu quero falar de coração, sem planejamento.” Olhei para os convidados brevemente. “Se vocês ouvirem algo ofensivo, desconsiderem.” Riram mais uma vez, mas eu só estava tentando acalmar meus nervos para poder falar sem gaguejar ou começar a chorar. “As pessoas dizem que o casamento é um trabalho em dupla. Você sabe, um tem que saber trocar a lâmpada e o outro tem que saber cozinhar um ovo sem tacar fogo na cozinha, um que escolhe os presentes e o outro que dirige, um que escolhe os filmes e outro que fura a parede para colocar um quadro. Eu acho que formamos uma bela equipe. Eu, você e o zelador.” Demi riu, aquela risada que eu tanto amo, e eu perdi o chão novamente.

“Uma excelente equipe.” Ela concordou.

Sorri e balancei a cabeça. “Eu te amo, Demi, eu realmente amo. E que se fo/da a breguice nisso, mas eu nunca achei que poderia amar alguém assim. Então você veio, com seu cabelo todo azul e sua risada contagiante, e tudo que eu podia fazer era sentar e assistir enquanto eu me apaixonava cada vez que te via. E ainda me apaixono, me apaixono toda vez que você me escuta reclamar de alguma coisa banal ou quando tenho uma vontade louca de filosofar sobre algum assunto especial, me apaixono toda vez que você fala qualquer coisa. A sua voz, caramba, a sua voz tem um poder bastante impressionante em mim. Ela me tranquiliza, mas, ao mesmo tempo, me deixa eufórica. Sei que algum médico no mundo pode me diagnosticar como alguma loucura aparente, mas é verdade.

“Eu não consigo acreditar na sorte que eu tive quando te conheci e quando, principalmente, me apaixonei e você, impressionantemente, se apaixonou por mim também. E eu tenho um tipo de certeza estranha na vida que eu vou te amar até o dia que meu coração parar de bater.”

“Eu juro que, se você estragar minha maquiagem, vou te bater.” Demi murmurou, deixando algumas lágrimas escorrerem pelo rosto. Usei meus polegares para limpar as lágrimas e beijei sua testa com delicadeza (maldita maquiagem). “Eu te amo, Dulce. Você era tudo que estava faltando na minha vida e eu, honestamente, espero poder ser o mesmo para você. Eu tenho que te agradecer pela felicidade que me faz sentir e pelo amor que eu nunca pensei que iria sentir um dia. Hoje só estamos oficializando algo que a muito tempo acontece, que estaremos juntas para dividir as felicidades, as derrotas, as conquistas, as angústias e os sonhos. E eu prometo ser fiel, e sincera, e me dedicar todos os dias para ser a pessoa com quem você sonhou em passar o resto da sua vida. Que assim seja, aconteça o que acontecer, eu sempre vou te amar. Afinal, você é minha possível alma gêmea, certo?”

Sorri entre as lágrimas e mal escutei enquanto o ministro anunciava para entregarem as alianças. Eu ainda não as tinha visto, Demi queria me surpreender e eu sabia que ela estava meio nervosa sobre a escolha. Mas tenho certeza que, qualquer coisa que ela tenha escolhido, seria perfeito. Foi Dallas que se aproximou e entregou uma caixinha azul para Demi. Ela abriu a caixinha e tirou o anel mais perfeito do mundo, delicado, simples e absolutamente de tirar o fôlego. Demi segurou minha mão com carinho e, delicadamente, deslizou a aliança para meu dedo anelar, antes de levar minha mão aos lábios.

“Eu te amo.” Ela sussurrou. O olhar em seus olhos foi o suficiente para um calor subiu para o meu peito e me envolver em uma bolha de felicidade.

Em seguida, Christian me entregou uma réplica da caixinha azul e, esperadamente, a aliança estava lá. Repeti o processo, mas beijei seus lábios assim que o anel encontrou seu lugar. Pulando etapas, mas quem se importa? Honestamente, não sei porquê fizemos uma festa. Eu queria pular essa parte também e só, sabe, ir para o hotel.

Mas o importante mesmo é que, após assinar meu nome naquele papel, eu estava casada com Demetria Devonne Lovato e, inegavelmente, perdidamente apaixonada pela mulher que me trouxe de volta à vida.

Vestido Dulce: http://partyfashionclothes.files.wordpress.com/2013/01/sherri_hill_1556_melon_1556_sp13_3.jpg

Aliança: http://amorejoias.com.br/loja/338-859-thickbox/alianca-de-noivado-e-casamento-ref-0098.jpg