Fanfic: Bastidores

Logo que chegamos, ficamos batendo papo jogados no quarto do Gabe e naquele momento desistimos de esconder do Vitor a intimidade que rolava entre a gente e ele pareceu não assustar com o fato. Apesar de bagunceiro e mestre nas piadinhas, o Thiré era um amigo e tanto. Sempre alto astral e, pelo visto, sabia guardar segredo mito bem...

Demos muita risada durante o capítulo, lembrando de como foi gravar as cenas que passaram. O mais legal do pessoal da Malhação era a amizade que acontecia nos bastidores. Quando acabou a novela, o Gabe deu uma fuçada no celular e viu muitos comentários dos fãs e sugeriu que fizéssemos uma twittcam para conversar com a galera que acompanhava e comentava a novela no twitter.

- Eu topo! – respondeu Thiré, prontamente.

- Aii meninos, eu morro de vergonha... vão começando aí enquanto eu respondo uns e-mails. – respondi me esticando na cama do Gabe com meu tablet em mãos.

Era só risada, eles falavam muita bobeira! O Vitor não parava de fazer palhaçada um segundo e o Gabriel não tinha como repreendê-lo porque havia muitas pessoas assistindo. Eu estava respondendo uns recados, mas também acompanhando os comentários pelo twitter no meu iPhone, só me divertindo.

Achei que tinha os convencido de que eu não iria participar, quando eles começaram a fazer graça no vídeo, pedindo para a galera subir a hashtag #vemBianca, o que me obrigou a aparecer.

 -Oiiii gente! – falei sem graça.

Depois disso, foi mais e mais risada. O Vitor não parava quieto e quase nos entregou várias vezes, fazendo comentários desnecessários. Estava vendo a hora que eu iria matá-lo. O Gabriel nem olhava pra minha cara senão cairíamos na risada, com certeza. Eu bem que tentava desviar o assunto, mas não dava.

A maioria das perguntas da galera era sobre o casal Benita e Gabianca, mesmo com os dois falando que não éramos um casal. No meio da twitcam o Vitor resolveu ir embora e nos deixou lá, com a bomba nas mãos. O que foi bom, por um lado, pois paramos de ler as perguntas tensas e focamos em outros assuntos.

Eu quase não enxergava o que estavam perguntando, só algumas coisas eu conseguia acompanhar, mas pela cara do Gabe, imaginava o conteúdo das perguntas. O que era mais tranqüilo, nós respondíamos com gosto.

Depois de um bate-papo gostoso com os fãs, nos despedimos e fomos passar o texto do dia seguinte. Isso nem estava programado para o dia, mas resolvemos adiantar já que estávamos ali. Sentamos na cama dele com os textos em mãos e batemos o texto da semana toda, o que foi meio cansativo.

- Gabe... eu preciso ir embora, já ta tarde. – falei quando já estava com a vista cansada de tanto grifar falas.

- Eu cansei também, mas você não quer ficar mais? Eu faço alguma coisa pra gente comer.. – respondeu ele manhoso, todo cheio de segundas intenções.

- Não, obrigada, risos. Não quero te dar trabalho... – tentei escapar, mas não deu tempo.

- Você vive me dando trabalho. risos – respondeu ele me agarrando pela cintura e em segundos passei de sentada à deitada na cama dele.

Ficamos um bom tempo deitados entre os textos, nos beijando. Ao mesmo tempo em que eu queria ficar, eu queria sair correndo. Ao mesmo tempo em que ele era carinhoso, era apressado. Aquela troca de carinhos, aquela cumplicidade, estava começando a ficar perigoso. Além do alto risco de me apaixonar por ele, ainda tinha o público que estava começando a perceber o que estava rolando... Mesmo entre beijos, meu lado racional apitava em alerta vermelho.

- Chega, eu preciso ir... – falei quando separamos nossas bocas para respirar.

- Por que? Vai fugir de mim? – respondeu ele ofegante.

- Não, eu não tou fugindo. – sentei e ajeitei minha blusa que estava toda amassada.

- Nossa, calma... parece que ta com medo de mim. – ele rolou para o lado e ficou olhando para o teto com uma cara nada amigável.

- Não é medo de você, é medo de mim mesma.. risos. – levantei e fui juntando os textos espalhados.

- Como assim? – ele se sentou e ficou sério me olhando.

- Gabe, você é um querido... um fofo,.. aí ó ta vendo? Ao invés de me explicar, fico te enchendo de elogios.... – ri sem graça e  sentei de volta na cama, olhei bem nosso lhos dele para ver se ele entendia o que eu precisava explicar.

- Enfim, eu tou começando a perder o controle do que penso, do que sinto. Não tou acostumada com isso. – fui sincera.

- Eu te entendo... eu sinto isso, às vezes. – ele falou meio nervoso, passando as duas mãos nos cabelo. - Mas sei lá, não me privo de nada por causa desse medo de perder o controle. – ele falou meio irritado.

- Mas nós somos diferentes. Você sente, eu penso. – falei com um sorriso. – Bom, eu preciso ir mesmo... me leva até la fora?

- Claro... – ele levantou sem muita vontade.

Quando chegamos ao carro, eu tentei me explicar de novo. Passei os braços em volta do pescoço dele e o encarei:

- Olha, não fica chateado comigo... eu só...

- Não, não tou chateado. Só estou refletindo sobre o que você me falou... acho que precisamos ter cuidado mesmo. – ele disse isso ajeitando meu cabelo atrás da orelha e me dando um selinho demorado.

- Se precisar de carona amanhã cedo, me chama no whatss. Eu passo aqui. – dei um sorriso sincero e o beijei com gosto.

Algo estava mexido dentro de mim. Talvez esperasse uma resposta diferente dele, talvez  quisesse que ele também perdesse o controle dos pensamentos que nem eu, afinal... ele era o lado emocional da história. Mas, pelo visto, não... ele ainda estava bem consciente do que estava fazendo e sentindo.... era melhor eu tomar cuidado!  

Ele não pediu carona no dia seguinte e nem o vi pelos estúdios também. Estava coçando para mandar uma mensagem, para perguntar para alguém se ele estava gravando ou não, mas me segurei.  Eu precisava ser mais racional do que nunca. Era óbvio que eu estava me encantando por ele, assim como era óbvio que ele não queria assumir relacionamento nenhum. Ele não fazia questão de esconder de mim nem de ninguém que gostava de ficar perto de mim, mas daí a assumir que gostava de mim... era outra história.