Fanfic: Bastidores

Bianca –

O final de semana estava sem graça, tinha passado o sábado todo estudando e o domingo também seria assim. Seria, se a Alana não tivesse me ligado desesperada porque os meninos estavam na praia e a gente precisava ir até lá, segundo ela.

- Eu falei que não tou afim, amiga... como você é insistente. – respondi ficando sem paciência já.

- Mas Bianca, a praia é pública. Você não pode fugir do Gabriel pelo resto da vida. – ela argumentava com a voz alta já...

- E quem disse que eu tou fugindo? Eu preciso estudar...

- Bianca isso pode colar pra todo mundo, menos pra gente que te conhece. Olha, a gente não fica muito tempo. Só da uma passadinha e depois inventa de fazer alguma coisa. Eu não agüento mais ficar sem fazer nada, vaaaaamos? A Anna já me abandonou, a Chyrsti também. Agora, você também?

- Olha, ta bom, eu vou pensar e se.. – tentei cortar o assunto.

-Ahhhh, você é linda. Em meia hora eu passo ai, ta? Beijos! – e desligou.

Enquanto tomava meu banho, pensava que talvez ele nem tivesse na praia. Mas e se tivesse? Bom, ai eu sentiria o clima... e conversaríamos como pessoas normais. Se é que isso seria possível. Eu ainda estava pensando se era melhor eu ir com meu carro para o caso de precisar fugir... nessa confusão de pensamentos, a Alana chegou.

- Você é muito mala, amiga! – esbravejei com ela, enquanto sentava no carona.

- Sou nada... quero praia, sol e amigos. E capaz que ia te deixar em casa mofando...

- Own, que querida você. Mas uma querida bem mala!  Cade a Chrysti?

- Tá na casa do ‘’bem’’, não atende celular, não responde whatss, deve ter morrido de amor. haha – respondeu.

- Bom, ta melhor que a gente então..né? – respondi sem ânimo.

- Não quer me contar o porquê do desânimo? Certo que tem a ver com o fato de não querer esbarrar no Gabe...   - Alana me questionou toda curiosa.

- Não! Risos. Você já me obrigou a sair de casa, agora falar demais você não vai me obrigar, haha. Vem cá, vamos tirar foto... – mudei de assunto rapidamente de forma estratégica.

Depois de um trânsito relativamente rápido até a praia, chegamos. E eu logo matei minha curiosidade: Gabriel estava com os meninos. Aliás, estava lindo... parecia mais forte que o normal – ou eu o estava vendo com outros olhos – e pelo avermelhado da pele já fazia um bom tempo que estava no sol. Só não gostei de sentir meu coração disparar assim que ele subiu os olhos em mim, ainda bem que eu estava de shorts e camiseta por cima do biquíni.

- OI gente! – cumprimentei um por um com dois beijinhos e fui me ajuntar a Alana que, por milagre, havia encontrado uma sombra para sentarmos.

- Poutz, vocês chegaram bem na hora que deu uma acalmada. A gente vai jogar, vocês não querem? – perguntou Eduardo.

- NÃOO! – respondemos juntas e gargalhamos.

- Vão vocês. A gente registra o momento e anota os micos pra divulgar no grupo. – respondi dando risada e pegando meu celular para tirar fotos do jogo deles.

Os meninos foram dividir o time e o Gabe ficou por um tempo me encarando, quando eu desviei o olhar, ele resolveu prestar atenção no que o Chris estava falando....

- Amiga, me explica essa cara do Grabriel? – perguntou Alana.

- Eu também não estou entendo... ele disse pra gente não continuar o que nem começamos, disse que éramos amigos. Agora, eu o trato como trato os meninos e ele fica assim? Louco... risos.  

Praticamente, estávamos sozinhas na praia, os meninos estavam envolvidos com a bola e nós resolvemos descansar. Eu tirei a minha camiseta e me estiquei na canga, aproveitando a sombra da árvore. Vez ou outra, nós riamos das besteiras que dava pra ouvir.

.....

Gabe –

- Cê jura que não vai chegar nela pra conversar? – Vitor me perguntou, tirando totalmente minha concentração...

- Não sei... na verdade, não sei como fazer isso ainda, tou meio sem saber o que falar, -  respondi enquanto os meninos zoavam com a bola.

- Ai brother, na boa, você ta meio abobado... se isso não for paixão, é doença porque não é possível. Chama ela e conversa... vai logo! –

- Ta, eu vou... deixa só eu respirar um pouco e a Alana ir fazer outra coisa.

- risos, dessa parte eu cuido, pode deixar. Vou chamá-la para ir na água, ela adora.. e eu também. – disse ele todo felizinho, e eu logo já percebi as intenções. Risos 

Bianca -

Embora ainda fosse fim de inverno, o sol era quente.  Eu estava com a cabeça encostada na minha bolsa, com o corpo esticado, batendo papo com a Alana. Até percebi o Gabe e o Thiré meio afastados dos meninos durante o jogo, mas não imaginei que poderia ser um planinho dos dois. Assim, que entendi o clima, o Vitor chamou Alana para ir ao mar e o Gabe sentou ao meu lado, olhando pra frente...

- Oii.. – ele me cumprimentou meio ressabiado.

- Tudo bem, Gabe? Já cansou de jogar? – mudei de posição e me sentei ao lado dele, olhando para o mar.

- Eu tou indo... e você? Cansei nada... é preguiça mesmo risos.

- Eu estou bem...  bem irritada com esse calor fora de hora.

- É, pois é... fim de inverno e já ta esse calor.

- Ahnn, ok, parecemos dois velhinhos que nunca se viram, presos num elevador, falando da temperatura no inverno. – eu comentei meio sem graça.

- HAHAHAHHAHA- ele soltou aquela gargalhada gostosa que me fez olhar nos olhos dele.

- Isso não tem graça.. risos, volta lá pro seu jogo. – falei incomodada com a nossa proximidade.

- Não, não quero mais jogar... quero conversar com você, - finalmente ele teve coragem de me encarar.

- Acho que a gente não tem muito o que conversar... – desviei o olhar.

- Bianca, para, vai... não precisa ser assim.

- Olha Gabriel.. eu aceitei vir pra praia com a Alana porque eu não queria ficar o domingo trancada, mas se for pra ficar de DR de um relacionamento que não existe, eu vou embora.. – falei com a voz meio alterada.

- Eu só estava tentando dizer que eu senti falta de falar com você ontem, que eu ensaiei te ligar trocentas vezes, que fiquei preocupado se você tinha ficado brava comigo...  – ele disse isso com a voz mais sincera do mundo.

- Eu não fiquei brava, eu só acho que não da pra gente viver grudado como a gente tava vivendo.. isso não acaba bem e você sabe. – amoleci totalmente por dentro e o tom da minha voz me condenou.

- É, não acaba bem... acaba ótimo, risos. – ele se aproximou.

Ficamos cara a cara por um tempo. A vontade de o beijar tomou conta de mim, o calor, a sede, o cheiro... tudo se misturava. Mas em um momento de lucidez, eu levantei e fui pegar uma água. Quando voltei, ele estava sentado no mesmo lugar, com os olhos no mar.

- Vai ficar sentado ai pra sempre? – perguntei e me sentei.

- Não, só estava pensando.. onde foi que a nossa amizade desandou?

- Quando a gente achou que dava pra beijar e ser amigo ao mesmo tempo, talvez?

- Eu acho que não foi isso que atrapalhou...

- Não? E na sua linha de raciocínio, foi o que então? – o questionei com certa agressividade.

- Não tem nada a ver com raciocínio. Porque acho que foi quando eu me apaixonei por você... – ele respondeu e largou o mar para olhar dentro dos meus olhos.