Fanfic: Bastidores

Bianca –

Eu demorei uns cinco segundos para assimilar o que o Gabriel tinha me falado, quando resolvi responder:

-Ahh, você ta a fim de me deixar louca. Um dia você diz pra parar com tudo e no outro, ta apaixonado por mim? Você não sabe o quer .... – disse isso levantando e indo em direção ao mar. Minhas pernas estavam moles de nervoso e piorava com a sensação de saber que ele ficou me olhando caminhar pela praia.

No meio da faixa de areia, encontrei a Alana e o Thiré voltando, cheios de risinho, do mar.

- Ué, amiga? Decidiu entrar na água? – perguntou Alana.

- Siim, preciso esfriar a cabeça. Espero que a água esteja bem gelada. – respondi e percebi os dois trocarem olhares confusos, mas sai andando sem olhar pra trás.

O que o Gabriel estava pensando? Que podia me beijar, bagunçar meus pensamentos, me deixar em péssima situação com a Hanna, me dar um fora e depois dizer que ta apaixonado? Enquanto pontuava essas fases da nossa ‘’amizade’’, dei vários mergulhos. A água estava realmente gelada e eu já estava ficando com frio. Decidi voltar à areia e falar poucas e boas pra ele. Cheguei perto de onde a galera estava e vi que os meninos ainda estavam jogando bola e a Alana e o Vitor conversavam aos cochichos embaixo da árvore.

 - Vitor, cadê o Gabe? – perguntei bem direta, sem me preocupar em esconder que estava nervosa com a situação.

- Ah Bia, sei la... ele disse que ia dar uma volta, mas na verdade... acho que ele foi embora.. – respondeu Thiré sem prestar atenção direito no que falava.

- Como assim embora?

- Embora, ué... pegar o carro e ir embora, risos. -  ele respondeu todo engraçadinho.

- Ahn, vou tentar achar ele. Obrigada! – falei e fui vestir meu shorts.

- Olha, vai com calma, ta? Não espezinha meu amigo, não risos.  – Vitor me aconselhou com uma gargalhada.

 Olhei atenta entre os carros até que o vi caminhando desanimado para perto do dele, apertei o passo e o alcancei.

- Gabe? – o chamei com a voz meio alta. Ele encostou no próprio carro quando me viu e eu parei bem na frente dele, com a respiração ofegante por andar depressa na areia.

- Oi? Me procurando? – perguntou com um tom de voz mais baixo, diria até que tenso...

- Estava... olha, você quer me deixar louca, né? – falei sem pensar.

- Eu? Por quê? – ele ainda tinha audácia de me olhar com olhos confusos.

- Porque primeiro você conquista minha amizade, depois me enche de beijo, ocupa espaços absurdos na minha vida... me faz sentir falta de você... – minha voz falhou.

- Ah Bianca...  – ele tentou segurar meu rosto, mas recuei.

- Me da o fora e depois diz que ta apaixonado? – falei tudo de uma vez. Mais do que eu queria.

- Eu não te dei o fora. Eu fui sincero quando disse que tava com medo de te magoar... e ainda tou, na verdade. Mas senti sua falta ontem... fiquei preocupado, e comecei a entender meus sentimentos.. –

- Eu também senti sua falta.. e hoje nem queria vir porque não sabia como agir perto de você. – fui sincera...

- A gente não precisa se distanciar assim... a gente precisa viver isso! – ele aproximou o corpo dele do meu e fez um carinho na minha bochecha. Dessa vez, eu não fugi.

- Gabe, carinho agora é golpe baixo. A gente precisa conversar... uma hora a gente nem sabe como se tratar e outra hora ta assim..

- Por que você não faz o que tem vontade e para de pensar, só um pouco, vai... para de pensar! – falou todo manhoso.

- Porque você mandou eu me afastar, talvez? – respondi seca.

- Eu não mando em você, muito menos falei em afastar.. falei em cuidado, é diferente.

Eu fiquei olhando nos olhos do Gabe, tentando achar argumentos, mas desisti... Acho que o havia pego de surpresa. E pela primeira vez, eu tinha a sensação de que eu quem mandava no beijo. Fui agarrada pela cintura ao mesmo tempo em que o segurava pela nuca. Invadi a boca dele sem a pressa e ele não me impediu. Fomos nos aproximando e nos misturando. Ele estava com o corpo quente do sol e eu gelada da água do mar.

Era tão fácil perceber que a cada novo encontro, novo beijo, nossos corpos ganhavam mais intimidade... Eu sentia a firmeza do braço dele nas minhas costas e os músculos da barriga empurrando a minha barriga quando ele buscava ar, até que fomos acalmando e as bocas se separaram. Ele me abraçou mais forte e ficou um bom tempo respirando meio ofegante no meu pescoço, o que me dava arrepios.

- Para Gabe, olha onde a gente ta... – falei segurando os braços dele e me afastando.

- Que que tem? – ele perguntou afastando o rosto do meu e pude ver o quão vermelha a boca dele estava...

- Tem que alguém pode ver, tirar foto... risos, sua boca ta toda marcada. – falei passando o dedo pelos lábios dele, tentando amenizar – em vão – o vermelho.

- Imagino pela cor da sua, risos. – ele riu.

- Ainn, como você é sem graça... mas sério, já deu de agarramento na praia. – o soltei de vez.

- Não precisa ficar com as bochechas vermelhas também... vamos dar uma caminhada e conversar melhor? – ele me convidou.

- Vamos... melhor colocar tudo em ordem mesmo. – concordei.

Andamos pela beirada do mar, bem próximos um do outro, mas sem nos tocarmos. Ficamos sem falar nada pela maior parte do caminho e só quando eu já estava avistando o pessoal sentado na areia que eu não me agüentei:

- A gente não ia conversar? – perguntei com leveza...

- Achei que estávamos batendo um papo romântico em silêncio... – ele respondeu todo meigo.

- Aii, você e sua mania de achar que é poeta.. – eu ri.

- E você como sempre sem romantismo nenhum. – ele fez um ar de chateado.

- Ahh, desculpa se sou prática... risos, mas sério, a gente precisa entender o que está acontecendo com a gente...

- Ué, nos apaixonamos... – Gabe disse sorrindo.

- Ahh, fale por você. Eu ainda estou confusa... e diferentemente do que você pensa, eu não estou me rastejando a ponto de morrer de mágoas se você me largar, viu? – disse isso entre risadas e cutucando a barriga dele.

- Eu sei disso, Bia... só não quero te chatear. Você é uma menina diferente que foi se tornando especial demais pra mim. Só que eu me enrolei um pouco até perceber isso... –

- Ah, risos, você é especial pra mim também, adoro ficar perto de você, ficar com você.. – falei de forma sincera.

- Bom, então só resta fazer uma coisa.. – ele parou de repente na minha frente.

- Fazer? O que? – não tinha entendido o tom da conversa.

- Vamos namorar? –

- Oi? – eu acho que não estava ouvindo aquilo...