Fanfic: Bastidores

Gabe  -

Na volta pra casa fui pensando que eu precisava me explicar, o problema era como fazer isso. Certamente ela pensava que eu havia beijado a Hanna por causa do Selau, mas não era. Sei lá o que me deu... talvez uma fuga da realidade ou a necessidade de me sentir valorizado. Também não tinha como prever que ela chegaria bem na hora. Azar ou o destino conspirando contra?

Bom, eu tinha que manter a calma e com a cabeça fria, tentar conversar com ela como duas pessoas civilizadas para decidir a nossa vida.

..........

Bianca –

Dirigindo de volta pra casa, com aquelas músicas melosas tocando, pela primeira vez depois de muito tempo, eu chorei. Acho que estava precisando desabafar e como não sou boa com palavras, foi melhor em forma de lágrimas. Parecia um pouco dramático, e talvez até fosse, mas estava doendo...

Como assim, em apenas um dia, tudo tinha desandado? Até ontem, eu era pedida em namoro a cada minuto e, agora, ele se atracava com a Hanna no camarim. Justo com ela! Vingança por causa do Felipe? Decididamente, eu preferia acreditar que ele tinha sido seduzido pela Hanna, do que acreditar que era uma vingança meio porca da parte dele...

Minha vontade era de sumir por uns dias, descansar a mente e o corpo, e não encarar toda essa confusão. Mas, agora era impossível fugir. Tinha muito trabalho pela frente, a Anita estava me consumindo diariamente.... e o Ben também!

Minha esperança era que com uma noite bem dormida as coisas se encaixassem, mas não foi o que aconteceu. Por falta de coragem, tanto da minha parte, como da parte do Gabriel, não conversamos no dia seguinte. Apenas nos olhávamos com interrogações, mas nenhum dos dois dava o braço a torcer.

.....

Já havia se passado três dias do acontecimento fatídico e nem eu, nem ele, tomamos a iniciativa para conversar - por orgulho ou talvez porque as coisas não tivessem muita explicação mesmo.

Confesso que esperava uma atitude diferente do Gabe, mas talvez ele estivesse esperando a mesma reação da minha parte. A única coisa divertida disso tudo era a cara de curiosa da Hanna. Ela não sabia disfarçar e a todo o momento jogava um verde perto de mim para saber o desfecho da história e eu, sempre muda, não esboçava nenhum esclarecimento. Por dentro, eu sorria em satisfação.

No sábado.

A semana passou e eu estava super acelerada. Não queria dar espaço para pensamentos românticos, e nem assumir o tamanho da falta que ele me fazia. As gravações iam a todo vapor e minha vida estava cansativa: entrava de manhã no Projac, encarava horas de espera pra gravar, estudava as matérias da faculdade e ainda ia até a PUC fazer provas. No meio disso tudo, acordava bem cedo pra malhar. Eu sabia que estava fazendo de tudo para não pensar. No máximo, dormia umas cinco horas por noite e quase nunca lembrava de me alimentar. Até que pifei...

- Bianca! Bianca, acorda... – abri os olhos e senti a Bruna dando uns tapas de leve nas minhas bochechas..

- Para de me bater, Bru.. que que houve? – eu estava sonolenta..

- Você estava falando e foi ficando branca, quer dizer... mais branca e desabou. – ela me explicou com voz aflita.

- Nossa, minha pressão deve ter caído.- tentei sentar mas vi tudo girar, e senti meu cotovelo repuxar.

- Olha, fica quieta aí.. a Chrysti já foi chamar alguém pra cuidar de você, agora bebe essa água... –

- Não da pra beber água deitada, preciso levantar. – mas a tentativa foi em vão, além da dor no braço, eu ainda estava tonta. A Bruna ficou segurando minha mão enquanto eu encarava o teto que rodava.

Eu estava começando a ter foco na visão, quando entrou um batalhão de gente no camarim; a Chrysti com um enfermeiro, o Gabe e o Vinicius – nosso diretor. Eles falavam ao mesmo tempo e fui ficando confusa.

- Bianca, o que você está sentindo? – o enfermeiro me perguntou, mas eu não conseguia formular uma resposta.

- Ela desmaiou. Tava falando comigo... e apagou do nada. Pior que acho que ela bateu o braço no chão, porque olha... ta inchando. – escutei claramente a Bruna falar. Mas a minha vista foi ficando embaçada de novo.

- Bianca? Bia? – era a voz do Gabe, tenho certeza. Tudo silenciou de novo.

....

Quando acordei, demorei alguns segundos para perceber que aquilo era um hospital. Na mesa de cabeceira estavam meu celular e o da minha mãe. Enquanto eu tentava lembrar o que tinha acontecido, ela entrou no quarto, seguida da Chrysti.

- Oii amiga, como você ta? –

- Bem.. acho que bem. Faz tempo que eu estou aqui? – estava perdida no tempo.

- Não filha, só umas horinhas... fizeram alguns exames e foi só cansaço mesmo. Você está melhor? – minha mãe sempre carinhosa.

- Estou sim, só com dor... na cabeça e no braço. – avaliei mentalmente se tinha machucado alguma coisa. – Mas o que aconteceu?

- Você estava na sala com a Bru... contando alguma coisa pra ela, até que desmaiou. Ela ficou desesperada, tadinha.. me gritou e eu fui pedir ajuda. Sorte que não foi nada... risos, além do braço, né Denise?

- Pois é, você fissurou o cotovelo quando desmaiou. Está imobilizado e não sabemos por quanto tempo, vai depender da sua recuperação. E quanto ao desmaio, Bianca.. você não come e não dorme direito há dias. – levei uma leve bronca.

- Ai mãe, estou trabalhando e estudando muito. Está complicado. – tentei argumentar.

- Isso nunca foi desculpa, filha. Você sempre fez muitas coisas ao mesmo tempo e sempre cuidou da sua saúde. Bom, vou passar na internação pra pegar sua alta e pagar o hospital. A Chrysti te ajuda a se vestir, pode ser? –

- Pode, claro.. quero ir embora, tomar um banho e dormir na minha cama, risos. –  estava aliviada por poder ir pra casa.

....

- Pois é, dona Bianca... vamos dormir e comer direitinho agora, hein? – disse Chrysti me repreendendo.

- Ahhh, nem vem você também, risos... foi só uma semana cansativa.

- Bianca, essa correria e esse cansaço tem nome e sobrenome.

- Ahn? Do que você ta falando? – tentei disfarçar.

- Não me venha com essa cara de paisagem. Claro que você correu a semana toda pra não encarar os fatos. Você pode até me esconder as coisas, mas peguei no ar seu desentendimento com o Gabe... –

- E o que isso tem a ver? Eu só estou cansada, Chrysti.

- Ok, vou fazer de conta que acredito. Aliás, ele ta desesperado, viu? Não veio aqui, mas já bombou meu whatss perguntando de você. – ela cochichou.

- E o que você disse? –

- Bom, a verdade... até 
a última vez que o respondi, você ainda estava dormindo.

- Ahn... melhor assim. Bom, vamos? – eu a chamei quando terminei de me arrumar.