Fanfic: Bastidores

Foram os segundos mais longos da minha vida. Ele não me respondia, não soltava as minhas bochechas e não me beijava. A demora me fez abrir os olhos e vi um Gabriel todo emocionado, ele não falava uma palavra, mas os olhos dele me diziam ‘sim’ em vários idiomas.

 ....

- É, claro.. Bianca, claro que eu quero. – finalmente ele me respondeu com palavras.

O beijo que veio em seguida foi o mais emocionado de todos. Só podia ser alívio... mesmo com o sentimento gostoso que tava rolando entre a gente, os contratempos dos últimos dias deram uma abalada nas nossas ‘certezas         ‘.

Depois de um tempo nos beijando, acho que o Gabriel foi ficando mais calmo, mais seguro e foi me soltando aos poucos.

- Eu ouvi o que eu ouvi mesmo? – ele perguntou entre selinhos.

- Ouviu, seu bobo. Mas se fizer de desentendido agora, eu te mando embora. – falei rindo.

- Jamais, haha. Olha... que dureza você, hein. Achei que nunca ia falar ‘sim’. –

- Pois é, o dia sempre chega, né? Mas queria te pedir um favor...

- Sabia que não seria tão simples assim, manda... – ele suspirou.

- Vamos com calma, ta? – pedi com jeitinho.

- Em qual sentido você ta me pedindo isso? – ele questionou, todo malicioso..

- Em todos, risos. Primeiro vou contar aqui em casa, depois... deixa o pessoal do elenco ir percebendo, sem a gente ter que levantar bandeiras com corações. Vamos levando a nossa vida, do nosso jeito... pode ser? –

- Pode... claro que pode. Acho até mais sensato mesmo. Mas agora vem cá.. – ele disse me puxando.

- Ei, eu ainda tenho uma tala no braço, sabia? – disse rindo.

Apesar do incomodo do braço não hesitei em ficar um tempo sentada com as pernas no colo dele, enquanto namorávamos. Era estranho pensar que, em tão pouco tempo, ele havia passado de desconhecido para meu namorado. Na-mo-ra-do, éé Bianca...

- Ei, tava aqui pensando... você vai ficar a semana toda sem trabalhar mesmo? – ele interrompeu os beijos pra perguntar.

- Hmm, não sei, na verdade... vou voltar terça no médico pra ver o braço. Se já estiver melhor, eu volto. Por que?

- Não nada... só estava curioso pra saber.

- Eu hein... tem coisa ai, pode falar. – achei estranho ele me perguntar isso.

- Nada, sério.. só curiosidade, namorada.

- Que namorado misterioso, mas se não tem nada... deixa isso pra lá então. – encerrei o assunto e o enchi de beijinhos na bochecha.

Ficamos conversando, falando mal de alguns atores, rindo, namorando por horas... até que eu comecei a bocejar.

- Nossa, Bia.. ta muito tarde já. Preciso ir... sua mãe vai me matar, porque você precisa descansar..

- É, ta meio tarde mesmo, mas fica tranqüilo. Eu dormi o dia todo, desde a hora que desmaiei até agora pouco, risos, uso isso pra te defender qualquer coisa.

- Nem me fala em desmaiar. Levei um susto a hora que a Chrysti saiu gritando pelo corredor. – ele comentou.

- Eu ouvia a voz de vocês, mas não conseguia responder. Foi horrível, mas ao mesmo tempo... era bom saber que vocês estavam por perto.

- Sério que dava pra ouvir? –

- Aham, eu ouvia a Bruna, o enfermeiro, ouvi você chamar meu nome, todo fofo – dei um beijo nele.

- Chamei várias vezes, a Chrysti também, mas nada de você responder. Estava mais branca que o normal. Cena tensa de ver.. – era engraçado como formava um vinco na testa dele toda vez que havia uma preocupação. Ao mesmo tempo em que o envelhecia, era uma curvinha macia de beijar.

- Fica tranqüilo... não foi nada de mais, te juro. Mas agora, é melhor você ir mesmo.... já que a minha mãe vem me buscar, risos. – falei levantando do colo dele.

Conversamos mais um pouquinho na garagem e nos despedimos com beijos longos. Era uma saudade misturada com felicidade pela situação “resolvida”. Esperei ele ir embora e fui para o meu quarto, mas não sem antes responder algumas perguntas da dona Denise. Contei o básico, mencionei a parte do namoro, mas disse que no dia seguinte conversávamos. Era muita informação para eu processar em um dia só.

Por conta do meu braço, acabei ficando alguns dias de atestado mesmo. Fiz apenas duas cenas rápidas da Anita, supervisionada pelos olhos de lince da minha mãe, e nada mais. Quase uma semana baseada em comer, dormir, ver filmes, ler livros atrasados e... namorar.

Sim, o Gabe aparecia em casa quase todas as noites. Jantávamos, conversávamos e namorávamos. Não precisei seguir aquele protocolo cafona de apresentar pra família porque ele já era conhecido por aqui, o que facilitou bem as coisas.