Fanfic: Bastidores

- Bom... seja bem-vinda.. e fica à vontade. – ele abriu a porta da sala me dando passagem.

- Obrigada... só uma dúvida, seu irmão não ta por aí, não né? Porque assim... eu vou querer me esconder dentro da minha bolsa se ele souber que eu vim dormir aqui... – eu sabia que era chato perguntar, mas eu não ia conseguir relaxar sabendo que o irmão dele estava no quarto ao lado.

- Não. Meu irmão desaparece aos finais de semana. E em época de festival então, acho que ele leva até mochila, risos.. – ele sorriu, veio ao meu encontro e segurou meu rosto entre as mãos. – Bianca, relaxa... ou tenta, pelo menos. Seu semblante está tenso desde a hora que estacionei. Você sabe desde Fortaleza, a enorme vontade que eu tenho de ficar assim, sozinho com você, mas isso não quer dizer que vou te obrigar a fazer alguma coisa...

- Eu nunca achei que você me obrigaria a nada, Gabe, imagina.. eu só estou... – comecei a falar e vi o quão nervosa estava minha voz.

- Nervosa, ansiosa, tensa, com cara de quem vai correr daqui até o Leblon, risos. – ele debochou.

- Sério que estou com essa cara? Achei que estava com um ar feliz, de mulher apaixonada.... – enlacei o pescoço dele com os meus braços e sorri, na tentativa de amenizar o clima.

- Hummm, ta começando a ficar bom esse negócio de ‘mulher apaixonada’. – ele me beijou. Um beijo longo, carinhoso. - Mas, como um bom gentleman que eu finjo ser, deixei um jantarzinho leve esperando a gente... topa? – ele convidou

-Topo... não queria falar não, mas estou com fome, risos. – respondi sincera.

- Eu imaginei... já separei a chia, o tofu, a alface.. – ele me puxou pela mão, fazendo graça, me levando pra cozinha.

- Ai você é tão implicante, ás vezes...

Ele tinha deixado pronto vários “petiscos” da cozinha japonesa que eu tanto adorava e um suco naturalmente improvisado na caixinha, risos. Um fofo! Achei que jantaríamos na cozinha, mas, não. Ele me arrastou pra sala e ficamos sentados no chão, abraçados, enquanto nos alimentávamos e conversávamos sobre o show.

Gabriel era extremamente carinhoso ... e era engraçado como a gente se encaixava tanto no modo de agir, como no de pensar e sentir. Quando eu cheguei toda nervosa, ele estava calmo e confiante. Agora que eu, enfim, tinha relaxado... ele estava ficando inquieto. Eu queria adivinhar o que se passava dentro daquela cabeça, do que ele estava com medo ou o que havia levado o ar leve com o qual ele tinha chego em casa.

Na falta de palavras para perguntar, eu resolvi agir. Numa fração de segundo que o assunto silenciou, eu olhei firmemente naqueles olhos verdes, que se assustaram com a minha audácia. Me aproximei devagar, beijando levemente um lado da bochecha dele, depois o outro e por fim, depositei um selinho convidativo; ele encostou a testa na minha e suspirou.

- Apesar de não querer te pressionar, quero que você saiba que há muito tempo eu espero por isso. – ele sussurrou de olhos fechados.

- Eu também... – suspirei. – Acho que eu nem te conhecia e já sonhava com essa paz que eu sinto quando estou com você. – desabafei.

- Olha... segunda declaração da noite, você está se superando e me surpreendendo, Bianca... – ele abriu um sorriso pra mim, que se fechou quando eu continuei séria, o encarando.

- Você ainda não viu nada. – eu disse.

E foram as minhas últimas palavras antes de o beijar com toda intensidade possível para exprimir o desejo enorme que circulava pela minha pele. Não havia yoga, meditação ou pilates, que alinhasse com tanta sintonia todos os meus sentidos como aquele momento. E acredito que a sensação era recíproca, porque eu fui beijada com a mesma intensidade. Foram minutos incalculáveis de beijos ofegantes, corpos apertados e respiração acelerada...

- Eu quero você, mas não aqui... vem comigo! – ele se levantou com agilidade e me puxou pelas mãos.

Em silêncio eu o segui, e perdi realmente a capacidade de falar quando entrei no quarto dele e encontrei um espaço todo cheio de almofadas brancas com um leve aroma fresco, de flores talvez. Ele apertou um botão no abajour e várias luminárias se acenderam nos cantos do quarto, deixando tudo à meia luz.

- Que lindo, Gabe... – consegui dizer, mesmo com a voz embargada.

- Você não queria que fosse ‘’bonitinho’’, eu tentei... – ele deu de ombros, se explicando.

 - Não ta bonitinho, ta maravilhoso....  você é lindo. – respondi, o beijando.

Quando nos abraçamos, já era outro plano. Eu que sempre fui muito sensata e nada romântica, havia me rendido ao que o amor pode fazer com duas pessoas. Nós éramos totalmente diferentes e absurdamente iguais. Eu pensava, ele sentia. Quando eu me perdi em sentimentos, ele clareou tudo com os próprios pensamentos. Era um encontro lindo, e a gente sabia disso... não era a primeira vez que eu deitava na cama dele, mas era a primeira vez que eu sentia como se estivesse em outra dimensão....

O beijo de um terminava na respiração do outro. Calor, arrepios e sorrisos fizeram valer toda espera, toda expectativa...

 - Gabe.. - - segurei o rosto dele entre as mãos, deixando-o bem pertinho de mim.

- Que foi? – ele assustou.

- Se eu não te falar isso agora, vou engasgar, vou transbordar... – falei séria, achando graça do semblante de pavor dele.

- Fala Bianca... – ele suspirou, mas sem se separar de mim.

- Eu amo você. –

- Você é uma caixinha de suspresas, menina.. eu amo você muito mais do que eu imaginei que seria possível.. – ele falou emocionado, beijando minha boca, meu rosto, meu pescoço...

Aos poucos, nos livramos das camisetas pretas, dos acessórios de rock e dos jeans. Nos livramos de qualquer coisa que não fosse só ele e eu. Nunca tínhamos ficado tão próximos e apesar da novidade, nossos corpos se conheciam por instinto, se buscavam pra se completarem. Pra muitos, seria um encontro de pele, mas a gente sabia que ali, era mais que isso; eram duas almas brincando de fazer amor.