Fanfic: Bastidores

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- Eu posso saber o que está acontecendo aqui??? – entrei estalando na sala da casa ao ver a Hanna choramingando abraçada ao Gabe.

- Pode, mas não agora... – respondeu ele com um olhar meio frio pra mim.

- Não, não pode saber... é assunto nosso, Bianca. – ela se soltou dele e me encarou com os olhos vermelhos.

- Bom Hanna, eu ainda não falei com você. Eu perguntei para o meu namorado e vou repetir: eu posso saber o que está acontecendo aqui? – o fuzilei com os olhos.

- Peraí, namorado? – ela olhou pra ele com curiosidade.

- Sim, Hanna... a gente ta namorando e faz um tempo já. É o que eu estou tentando te explicar desde que... desde que você entrou aqui. – ele gaguejou.

- Você esperou eu me declarar, me rastejar, chorar por você.... pra falar que ta namorando essa sem sal? – ela gritou, limpando os olhos.

- Sem sal? Você ta passando dos limites, garota... eu estou há tempos suportando esse seu joguinho de loira fatal, mas eu estou começando a ficar irritada e.... –

- E o que? Tá com medo de perder o... como você chama ele mesmo? Ah... de príncipe, HAHAHA. – debochou ela.

- Bem se vê que você é uma louca. Quem chama o Ben de príncipe é a Anita, eu sou a Bianca e sou bem, mas bem diferente dela. Assim como o Gabe é bem diferente do Ben, já você.... Achei que atuasse excepcionalmente, sabe Hanna, mas, pelo visto, não. Você é a própria personificação da Sofia. Isso explica o brilhante trabalho...

- Se está me agredindo é porque ta com medo... – ela ajeitou os cabelos com audácia e deu dois passos até ficar bem na minha frente - ... medo de perder.

- Parem com isso, vocês... já passou  de todos os limites. Bianca, a nossa conversa não era nada de importante e Hanna, vamos parar por aqui. Acho que você entendeu os meus motivos pra te dizer ‘não’.

- Olha, entender... eu não entendi, não. A mais sem sal, a mais nerd, a mais que só sabe chorar e tem medo de se expor, de se jogar, de viver.. – ela ia falando e me olhando dos pés a cabeça, com ar de superioridade, o que foi me irritando mais ainda. – eu juro que não entendo o que essa cara de virgem fez pra te fisgar, mas posso imaginar... -

As últimas palavras eu nem ouvi, apenar enxerguei tudo vermelho e num ato impensado de raiva, soltei um tapa que pegou bem no centro da bochecha dela.  Só tive noção do que havia feito quando encontrei os olhos arregalados do Gabe me encarando. Ela ergueu a mão pra revidar, mas ele segurou no ar.

- CHEGA! Vocês passaram de todos os limites. Estão pensando o que?? Que eu sou um prêmio, um troféu, pra ficarem disputando na ofensa e no tapa? – ele gritou.

- Você precisa deixar eu revidar... ela me bateu primeiro. – ela disse tentando soltar a mão das mãos dele.

- Claro que não. A Bianca errou em bater e você não precisa errar revidando, já a ofendeu demais. – ele respondeu à ela, fazendo brotar de novo uma onda de raiva dentro de mim.

- Errei? Acho que foi pouco... mas é o que a minha educação permite. E eu não estou te disputando no tapa, Gabriel.... eu estava apenas me defendendo. Mas se errei, peço desculpas.. eu não queria atrapalhar a conversa.-

Ao dizer isso, sai furiosa cortando caminho no quintal para chegar mais rápido na areia. Assim que sai da segurança dos muros da casa, recebi uma onda de ar frio no rosto e pude perceber o quão raivosa estava. Meu corpo pegava fogo com irritação e mágoa. Como ele poderia ser tão inocente, ou talvez não fosse tão inocente... mas sim vaidoso demais para cortar as esperanças dela logo de cara. Eram as mensagens diárias, os olhares nos bastidores, as cenas benfia sempre tão demoradas para gravar. Eu não acreditava em traição, mas sabia que ele se gabava por causa do amor platônico da Hanna...

Depois de caminhar algum tempo pela areia da praia, nem sei ao certo quanto... resolvi sentar e encarar o mar negro e aquela lua linda a minha frente. Apesar da escuridão daquele infinito de água, várias casas do condomínio estavam com as luzes acesas o que deixava uma sombra na areia...

Respirei fundo várias vezes, tentando absorver a calmaria do céu e do mar. Geralmente, concentrar na respiração ajudava a relaxar, pelo menos antes de gravar, funcionava, porque agora... eu só me sentia cansada. Nem me dei conta quando lágrimas desceram pelo meu rosto e o vento começou a ficar mais forte. Possivelmente, a adrenalina da discussão estava passando e por isso o frio estava se instalando na minha pele. Fechei os olhos e concentrei, mais uma vez, em acalmar a respiração... tentando entender o que eu tinha acabado de fazer, de onde eu tinha tirado força para reagir com um tapa. Nunca tinha sequer discutido sério com uma pessoa, como poderia ter erguido a mão...