Que droga! Beije-me! Eu imploro, mas não me movo.
Eu estou paralisada por causa de uma necessidade estranha, desconhecida,
completamente cativada por ela. Eu estou olhando fixamente para a boca
perfeitamente esculpida de Dulce Grey, hipnotizada e ela está olhando para
mim, seu olhar encoberto, seus olhos escurecidos.
Ela respira mais rápido que o habitual e eu parei
completamente de respirar. Eu estou em
seus braços.
Beije-me, por favor. Ela fecha seus olhos, respira
fundo e sacode brevemente sua cabeça como se respondesse minha pergunta muda.
Quando ela abre seus olhos novamente, é com algum novo propósito, uma vontade
de aço. Como se voltasse a realidade de estar no meio da rua segurando outra garota.
— Anahi, você deveria me evitar. Eu não sou
pessoa para você... — ela sussurra. E acaba de responder minhas duvidas, ou pelo menos alguma. Que algum interesse Dulce Grey teria sobre mim.
O quê? De onde veio isso? Seguramente, eu é quem deveria decidir. Eu
franzo minha testa para ela e balanço minha cabeça diante da rejeição.
— Respire, Anahi, respire. Eu vou ficar ao
seu lado e irei te soltar agora — ela quietamente diz e se afasta suavemente.
A adrenalina corre por meu corpo, não sei se por causa do ciclista ou da proximidade inebriante de Dulce, mas estou fraca e arrepiada. NÃO! Minha mente grita quando ela se afasta e sinto-me roubada. Ela tem suas mãos em meus ombros, segurando-me o comprimento de um braço, analisando minhas reações cuidadosamente. E a única coisa que eu posso pensar é que eu queria ter sido beijada, fiz isto malditamente óbvio e ela não quis. Ela não me quer. Ela realmente não me quer. Eu realmente estraguei o café da manhã. O que eu estou pensando? Por que Dulce Grey iria me querer?
— Estou bem. — eu respiro, achando minha voz. — Obrigada, — eu murmuro cheia de humilhação. Como eu podia ter interpretado mal a situação entre nós? Eu preciso me afastar dela.
— Pelo que? — Ela franze a testa. Suas mãos não saem de mim.
— Por me salvar. — eu sussurro.
— Aquele idiota estava indo na direção errada. Eu estou contente que eu estava aqui. Eu estremeço só de pensar no que poderia ter acontecido com você. Você quer vir e se sentar no hotel um pouco? — Ela me solta, suas mãos ao seu lado e eu na sua frente me sento uma idiota.
Com uma sacudida, procuro clarear minha cabeça. Eu só quero ir embora. Todas as minhas esperanças inarticuladas foram esmagadas. Ela não me quer. O que eu estava pensando? Eu brigo comigo mesma. O quê Dulce Grey poderia querer comigo? Meu subconsciente zomba de mim. Eu me abraço e me viro em direção à rua e noto com alívio que o homenzinho verde do sinal de trânsito apareceu. Rapidamente atravesso a rua, consciente de que Dulce Grey está logo atrás de mim. Fora do hotel, eu giro brevemente para enfrentá-la, mas não posso olhar em seus olhos.
— Obrigada pelo chá e por ter concordado com as
fotos. — eu murmuro.
— Anahi… eu… — Ela para e a angústia em sua
voz exige minha atenção, então eu a olho, de má vontade. Seus olhos cinzas são
como o deserto, enquanto ela corre a mão pelo cabelo. Ela parece destruída,
frustrada e todo o seu controle evaporou.
— O quê, Dulce? — Eu fico irritada porque ela não fala.
— Nada.
Eu só quero ir embora. Eu preciso levar meu
frágil e ferido orgulho para longe e de alguma maneira curá-lo.
— Boa sorte em seus exames, — ela murmura.
Huh? Isto
é por que ela parece tão desolada? Este é o seu grande fora? Desejar-me sorte
em meus exames?
— Obrigada. — Eu não posso disfarçar o sarcasmo
em minha voz. —Adeus, Sra Grey. — Eu giro nos meus saltos, fico vagamente espantada
quando não tropeço, e sem dar a ela um segundo olhar, eu desapareço em direção
à garagem subterrânea.
Uma vez na escuridão do concreto frio da garagem,
iluminada com sua luz fluorescente e deserta, eu me debruço contra a parede e
ponho minha cabeça em minhas mãos. O que eu estava pensando? Indesejada e sem
permissão sinto as lágrimas chegarem. Por que eu estou chorando? Eu afundo no chão, brava comigo por esta
reação insensata. Apoio-me em meus joelhos e me fecho ainda mais em mim mesma.
Eu desejo sumir. Talvez esta dor absurda possa ficar menor ainda se eu sumir.
Coloco minha cabeça sobre meus joelhos e eu deixo
as lágrimas irracionais caírem desenfreadas. Eu estou chorando por algo que
nunca tive. Que ridículo. Lamentando por
algo que nunca... – minhas esperanças esmigalhadas, meus sonhos despedaçados e
minhas expectativas frustradas.
Eu nunca fui rejeitada. Certo…eu sempre fui a
última a ser escolhida no basquete ou no vôlei – mas eu entendi que – correr e
fazer qualquer outra coisa ao mesmo tempo, como saltar ou lançar uma bola não é
minha praia. Eu sou uma negação em qualquer campo esportivo.
Romanticamente, no entanto, eu nunca me expus.
Uma vida inteira de inseguranças.Do que poderiam dizer.
Eu sou muito pálida, muito fraca, muito
desprezível, sem coordenação, minha lista longa de culpas continuam. Então eu
sempre tenho sido aquela que repelia qualquer coisa. Houve aquele sujeito em
minha classe de química que gostou de mim, e descobri que não era isso que eu queria. depois que descobri meu interesse por garotas, mas ninguém nunca havia despertado meu interesse, – ninguém exceto a maldita Dulce Grey. Talvez eu deva ser
mais amável com pessoas como Maite Clayton e José Rodriguez (talvez descartemos o José), no entanto eu
acredito que por nenhum deles teria chorado num canto escuro.
Talvez tudo o que eu necessite seja dar um bom
grito.