Eu não consigo olhar para ela.
Estou afogada na minha vergonha, com nojo de mim mesma. Eu gostaria de ser engolida pelas azaléias que
estão no canteiro e estar em qualquer lugar, menos aqui. José ainda está
pairando na porta do bar, olhando para nós. Eu gemo e ponho as mãos na cabeça.
Este tem de ser o pior momento da minha existência. Minha cabeça ainda está
girando enquanto eu tento lembrar um momento pior – e eu só consigo me lembrar
da rejeição de Dulce – e este tem muito mais sombras escuras em termos de
humilhação. Eu arrisco olhar para ela. Ela está olhando para mim, sua face
composta, não me deixando perceber nada. Eu me viro para olhar José que parece
estar bem envergonhado e, como eu, intimidado por Dulce. Eu a encaro. Eu tenho
poucas opções de palavras para o meu suposto amigo, nenhuma delas que eu possa
repetir na frente de Dulce Grey, presidente executiva. “Annie, quem você está enganando? Eu simplesmente te vi vomitando pelo
chão e nas flores. Não há nada mais desagradável em termos de educação
feminina.”
Eu vejo você lá dentro. — José murmura, mas nós
duas o ignoramos e ele entra no prédio. Eu estou por minha conta com Dulce Grey.
Dupla droga. O que eu devo dizer a ela?
Desculpe-se pelo
telefonema.
Eu sinto muito. — eu murmuro, olhando para o
lenço, que eu amasso furiosamente com meus dedos. Tão macio.
Pelo que você está se desculpando Anahi?
Oh Droga! Ela quer seu maldito pedaço de carne.
— Pelo telefonema, estando bêbada. Ah! A lista é
interminável. — eu murmuro, sentindo meu rosto ficar vermelho. “Por favor, eu posso morrer agora?”
— Todos nós já passamos por isso, talvez não de
forma tão dramática como você.
— ela disse secamente. — Isto é sobre conhecer seus limites, Anahi. Eu
quero dizer, eu sou a favor de romper os limites, mas talvez isso seja muito
brando. Você tem por hábito este tipo de comportamento?
Minha cabeça está
zunindo como excesso de álcool e irritação. O que diabos isto tem a ver com
ela? Eu não a convidei para vir até aqui. Ela soa como uma mulher de meia idade
dando bronca em uma criança. Parte de mim deseja dizer que se eu quiser ficarei
bêbada todas as noites e esta é a minha decisão e ela nada tem a ver com ela –
mas eu não sou corajosa o suficiente.
Não agora que eu vomitei na frente dela. Por que ela está parada ali?
— Não. — eu digo de forma contrita. — eu nunca fiquei bêbada antes e
agora eu desejo nunca mais ficar.
Eu não consigo
entender por que ela está aqui. Eu começo a me sentir fraca. Ela nota minha
tontura e me segura antes que eu caia e me levanta em seus braços, me segurando
perto de seu peito como se eu fosse uma criança.
— Vamos lá, eu te levo para casa. — ela murmura.
— Eu preciso avisar Kate. — “Minha nossa Senhora! Estou nos braços dela de novo!”
— Meu irmão pode dizer a ela.
— O que?
— Meu irmão Elliot está falando com a senhorita Kavanagh.
— Anh? Eu não entendo.
— Ele estava comigo quando você telefonou.
— Em Seattle?
— Não, eu estou no Heathman.
Ainda? Por que?
— Como você me achou?
— Eu rastreei seu telefone Anahi.
Claro que sim! Mas
como isso é possível? Seria legal? Perseguidora,
meu subconsciente sussurra através da nuvem de tequila que ainda flutua no meu
cérebro, mas de alguma maneira, como é ela, eu não me importo.
— Você tem algum casaco ou bolsa?
— Sim, eu vim com os dois. Dulce, por favor,
eu preciso falar com Kate. Ela vai ficar preocupada. — Ela pressionou os lábios
em uma linha fina, e acenou concordando.
— Se você precisa.
Ela me coloca no chão
e pegando minha mão me leva para dentro do bar. Eu me sinto fraca, ainda
bêbada, embaraçada, exausta, mortificada e em algum nível absolutamente
emocionada. Ela está agarrando minha mão, tantas emoções confusas! Eu irei
precisar de pelo menos uma semana para processar isso tudo.