— Respire, Anahi, — sussurra-me. E logo se
levanta e se afasta. —Em quinze minutos trarão o café da manhã. Deve estar
morta de fome. Ela entra no banheiro e fecha a porta.
Solto o ar que estava segurando. Por que é tão
alucinantemente atraente? Agora mesmo, me meteria na ducha com ela. Nunca havia
sentido algo assim por alguém. Ela ativou meus hormônios. Arde-me a pele por
onde ela passou seu dedo. Uma incômoda e dolorosa sensação me faz retorcer. Não
entendo esta reação. Mmm... Desejo. É desejo. Assim se sente alguém quando se
deseja.
Deixo-me cair sobre os travesseiros suaves de
plumas. Se fosse minha... Ai, o que estaria disposta a fazer para ser
dela? É a única mulher que conseguiu acelerar o sangue em minhas veias. Mas
também me põe os nervos em pé. É difícil, complexo e pouco claro. De repente,
me rechaça, mais tarde, me manda livros que valem quatorze mil dólares, depois
me segue no bar como se fosse um perseguidor. E no fim de tudo, passei a noite
na suíte de seu hotel e me sinto segura. Protegida.
Preocupo lhe o suficiente para que venha me
resgatar, de algo que equivocadamente acreditou que fosse perigoso. E ainda é
um encanto. É um encanto, brilhante, resplandecente. Saio de sua cama e procuro freneticamente meu jeans. Abro a porta do
banheiro e aparece ela, molhada e resplandecente por causa da ducha, com uma toalha ao redor do corpo, e ali estou eu... De calcinhas,
olhando-a boquiaberta e me sentindo muito incômoda.
Surpreende-lhe que eu esteja em pé.
— Se está procurando seu jeans, mandei-o à
lavanderia. — Ela me fala com um olhar impenetrável. — Estava salpicado de vômito.
— Ah. — Fico vermelha. Por que diabos, tenho
sempre que sentir-me tão deslocada?
— Mandei Taylor comprar outro e umas sapatilhas
esportes. Estão nessa bolsa.
Roupa nova. Isso era realmente inesperado.
—Bom... Vou tomar banho, — eu murmuro.
—Obrigada. — Que outra coisa posso
dizer? Pego a bolsa e entro correndo no banheiro para me afastar da
perturbadora proximidade de Dulce nua. O banheiro está
branco de vapor. Dispo-me e entro rapidamente na ducha, impaciente por sentir o
jorro de água quente sobre meu corpo.
Levanto a cara para a desejada corrente. Desejo
Dulce Grey. Desejo-a desesperadamente. É sincero. Pela primeira vez em
minha vida quero ir para cama com uma mulher assim. Quero sentir suas mãos e sua boca
em meu corpo. Ela me disse que gosta que
as pessoas estejam conscientes. Então certamente ela se deita com mulheres.
Mas não tentou me beijar, como Maite e José. Não a entendo. Deseja-me? Não quis
me beijar na semana passada. Pareço-lhe repulsiva? Mas estou aqui, ela me
trouxe. Não entendo seu jogo. O que pensa? Dormi em sua cama a noite toda,
parece-me meio doido. Tire suas
conclusões, Annie. Meu subconsciente aparece com sua feia e insidiosa cara.
Não dou a mínima importância. A água
quente me relaxa. Mmm... Poderia ficar debaixo do jato, neste banheiro, para
sempre. Pego o gel, que cheira a Dulce. É um aroma delicioso. Esfrego todo
o meu corpo, imaginando que é ela quem o faz, que ela esfrega este gel pelo meu
corpo, pelos seios, pela barriga e entre as coxas, com suas mãos, com seus
dedos longos. Minha nossa. Meu coração dispara. E é uma sensação muito... muito
prazerosa.
Ela bate na porta e levo um susto.
— Chegou o café da manhã.
— Va... valeu,
— o susto me arrancou cruelmente de meu sonho erótico.
Saio da ducha e pego duas toalhas. Com uma
envolvo o cabelo ao estilo Carmen Miranda, e com a outra me seco a toda pressa
evitando a prazerosa sensação da toalha esfregando minha pele hipersensível.
Abro a bolsa. Taylor me comprou não só um jeans, mas também uma camisa azul
céu, meias três quartos e roupas íntimas. Minha Nossa!