Sutiã e calcinha
limpos... Descrevê-los de maneira mundana, não lhes faz justiça. São de uma
marca de lingerie europeia de luxo, com desenho delicioso. Renda e seda azul
celeste. Uau. Fico impressionada e um pouco intimidada. E, além disso, é
exatamente do meu tamanho. Com certeza. Ruborizo-me pensando no rapaz, em uma
loja de lingerie, comprando estes objetos. Pergunto-me a que outras coisas ele se dedica em suas horas de trabalho. Visto-me rapidamente.
O resto da roupa também fica perfeito. Seco o
cabelo com a toalha e tento desesperadamente controlá-lo, mas, como sempre,
nega-se a colaborar. Minha única opção é fazer um acréscimo, mas não tenho
secador de cabelo. Devo ter algo na bolsa, mas onde está? Respiro fundo. Chegou
o momento de enfrentar a senhora Perturbadora.
Alivia-me encontrar o quarto vazio. Procuro rapidamente minha bolsa, mas
não está por aqui. Volto a respirar fundo e vou à sala de estar da suíte. É
enorme. Há uma luxuosa zona para sentar-se, cheia de sofás e grandes almofadas,
uma sofisticada mesinha com uma pilha grande de livros ilustrados, uma zona de
estudo com o último modelo de computador e uma enorme televisão de plasma na
parede. Dulce está sentada à mesa de jantar, no outro extremo da sala,
lendo o jornal. A sala é mais ou menos do tamanho de uma quadra de tênis. Não
que eu jogue tênis, mas fui ver Kate jogar, várias vezes. Kate!
— Merda, Kate! — digo com voz rouca.
Dulce eleva os olhos para mim.
— Ela sabe que está aqui e que está viva. Mandei
uma mensagem pelo Eliot. — Ela diz com certa ironia.
OH, não. Recordo de sua ardente dança ontem,
tirando proveito de todos os seus movimentos, exclusivamente, para seduzir o
irmão de Dulce Grey, nada menos. O que vai pensar sobre eu estar aqui?
Nunca passei uma noite fora de casa. Está ainda com o Eliot. Ela só fez algo
assim duas vezes, e nas duas vezes, foi meio doido para mim aguentar o
espantoso pijama cor de rosa durante uma semana, quando terminaram. Ela vai
pensar que eu também me enrolei com Dulce.
Dulce me olha impaciente. Veste um vestido branco solto, com o peito bem amostra.
— Sente-se.
— ordena, assinalando para a mesa.
Cruzo a sala e me sento na frente dela, como me
indicou. A mesa está cheia de comida.
— Não sabia do que você gosta, assim pedi um
pouco de tudo.
Dedica-me um meio sorriso, como desculpa.
— É uma esbanjadora, — murmuro atrapalhada pela quantidade de pratos, embora tenha fome.
— Eu sou, — diz em tom culpado.
Opto por panquecas, xarope de arce, ovos mexidos
e bacon. Dulce tenta ocultar um sorriso, enquanto volta o olhar a sua
panqueca. A comida está deliciosa.
— Chá? — ela pergunta-me.
— Sim, por favor.
Estende um pequeno bule cheio de água quente, na
xícara há uma saquinho do Twinings English Breakfast. Ela lembrou-se do chá que
eu gosto.
—Tem o cabelo muito molhado.
— Não encontrei o secador, — sussurro incômoda.
Não o procurei.
Dulce aperta os lábios, mas não diz nada.
— Obrigada pela roupa.
— É um prazer, Anahi. Esta cor te cai muito
bem.
Ruborizo-me e olho fixamente para meus dedos.
— Sabe? Deveria aprender a receber galanteios, — ela me diz em tom fustigante.
— Deveria te dar um pouco de dinheiro pela roupa.
Ela me olha como se estivesse ofendendo-a. Sigo
falando.