Sigo com o que estava fazendo tentando ocultar meu sorriso. É difícil não ficar louca por ela, especialmente quando está tão brincalhona, o qual não é nada frequente. Abre uma gaveta, saca duas toalhas individuais negras e as coloca no balcão. Jogo o ovo batido em uma frigideira, pego o bacon do grill, dou a volta e coloco mais no grill.
Quando me volto, há suco de laranja no balcão e Dulce está preparando café.
— Quer um chá?
— Sim, por favor. Se tiver.
Pego um par de pratos e os coloca em cima de uma bandeja de aquecimento para mantê-los quentes. Dulce abre um armário e saca uma caixa de chá Twinings English Breakfast. Franzo os lábios.
— Um bocado de conclusões precipitadas, não é?
— Você crê? Não tenho certeza que tenhamos concluído nada, ainda, senhorita Anahi, — ela murmura.
O que ela quer dizer com isso? Nossa negociação?
Nossa, err... relação...
seja o que for? Ela ainda é tão enigmática. Sirvo o café da manhã nos pratos
quentes, que estão em cima dos guardanapos de mesa. Abro a geladeira e pego
xarope de arce.
Olho para Dulce, ela está esperando
que eu me sente.
— Senhorita Steele. — diz-me assinalando
um tamborete.
— Senhorita Grey. — Concordo com a cabeça,
em reconhecimento. Ao me sentar, faço uma ligeira careta de dor.
— Está muito dolorida? — pergunta-me,
enquanto também toma assento.
Ruborizo-me. Por que me faz perguntas
tão pessoais?
— Bem, para falar a verdade, não tenho
com o que comparar isso, — respondo-lhe. — Queria me oferecer sua compaixão? —
pergunto-lhe em tom muito doce. Acredito que tenta reprimir um sorriso, mas não
estou segura.
— Não. Perguntava-me se devemos seguir
com seu treinamento básico.
— Oh. — Olho para ela estupefata,
contenho a respiração e estremeço. Oh... eu adoraria. Sufoco um gemido.
— Coma, Anahi. — Meu apetite se
tornou incerto, novamente... mais... mais sexo... sim, por favor.
— Isto está delicioso, a propósito. —
Ela sorri para mim.
Eu tento uma garfada de omelete, mas mal
posso prová-lo. Treinamento básico! . O que faz
parte do treinamento básico?
— Deixe de morder o lábio. É muito
perturbador, e acontece que me dei conta de que não está vestindo nada debaixo
de minha camisa, e isso me desconcentra ainda mais. — Ela rosna.
Inundo a bolsa de chá no bule que
Dulce me trouxe. Minha cabeça está dando voltas.
— Em que tipo de treinamento básico está
pensando? — pergunto-lhe, minha voz está com um volume um pouco alto, o que
trai meu desejo de parecer natural, como se não me importasse muito, e o mais
tranquila possível, em que pese, os hormônios estão causando estragos por todo
meu corpo.
— Bem, como está dolorida, pensei que
poderíamos nos dedicar às técnicas orais.
Engasgo-me com o chá e o olho para ela, com os olhos arregalados. Ela me dá tapinhas nas costas e me aproxima o suco de laranja. Não tenho nem ideia de no que está pensando.
— Isto é, se você quiser ficar, — ela acrescenta. Olho para ela tentando recuperar o equilíbrio. Sua expressão é impenetrável. É muito frustrante.
— Eu gostaria de ficar durante o dia, se não houver problema. Amanhã tenho que trabalhar.
— A que hora tem que estar no trabalho?
— Às nove.