— Senhora Robinson! — Ela ri às gargalhadas, e parece jovem e despreocupada, com a cabeça arremessada para trás. Sua risada é contagiosa.
Eu sorrio para ela.
— Eu vou contar a ela como a chama, ela vai adorar.
— Você continua em contato com ela? — pergunto-lhe sem poder dissimular meu temor.
— Sim. — responde-me muito sério.
Oh... de repente, uma parte de mim se volta louca de ciúmes. O sentimento é tão forte que me perturba.
— Já vejo. — digo-lhe em tom tenso. — Assim tem alguém com quem comentar seu estilo alternativo de vida, mas eu não posso.
Ela franze as sobrancelhas
— Acredito que nunca pensei por este ponto de vista. A senhora Robinson fazia parte deste estilo de vida. Eu disse a você que agora é uma boa amiga. Se quiser, posso te apresentar a uma de minhas ex-submissas. Poderia falar com ela.
O que? Ela está, deliberadamente, tentando me deixar aborrecida?
— Esta é a sua ideia de uma piada?
— Não, Anahi. — Confusa, e ela balança a cabeça seriamente.
— Não... eu vou fazer isso do meu jeito, muito obrigada — eu respondi bruscamente, puxando o cobertor até ao meu queixo.
Ela observa-me perdido, surpreso.
— Anahi, eu... — Ela não sabe o que dizer. Uma novidade, eu acredito. — Não queria te ofender.
— Não estou ofendida. Estou consternada.
— Consternada?
— Não quero falar com nenhuma ex-namorada... escrava... sub... ou qualquer nome que você chama.
— Anahi Steele, está com ciúmes?
Eu fico vermelha
— Você vai ficar?
— Amanhã, no café da manhã, tenho uma reunião em Heathman. Além disso, já te disse que não durmo com minhas namoradas, escravas, submissas, com ninguém. Sexta-feira e sábado foram uma exceção. Não voltará a acontecer. — Ouço a firme determinação atrás de sua doce voz rouca.
Eu franzo os lábios.
— Bem, estou cansada agora.
— Você está me chutando para fora? — Ela levanta as sobrancelhas, perplexo e um pouco aflito.
— Sim.
— Bem, outra novidade. — Olha-me especulativamente. — Não quer discutir nada agora? Sobre o contrato.
— Não. — respondo-lhe de mau humor.
— Deus, eu gostaria de dar-lhe uma boa surra. Você se sentiria muito melhor, assim como eu.
— Você não pode dizer essas coisas... Ainda não assinei nada.
_ Eu posso sonhar, Anahi. — Ela inclina-se e me agarra pelo queixo. — Quarta-feira? — Ela murmura, e beija-me rapidamente nos lábios.
— Quarta-feira. — respondo-lhe. — Eu acompanho você até lá fora. Só me dê um minuto. — Sento, coloco a camisa e empurrou-a para obter espaço na cama. Ela faz isso com relutância.
— Passe-me à calça de moletom, por favor.
Ela a recolhe do chão e me entrega.
— Sim, senhora. — Ela tenta ocultar seu sorriso, mas não o consegue.
Eu olho para ela de cara feia, enquanto ponho as calças. Meu cabelo está um desastre e eu sei que depois que ela se for, eu terei que enfrentar a inquisição de Katherine Kavanagh. Coloco um elástico no cabelo, dirijo-me para a porta e abro para ver se vejo Kate. Ela não está na sala de estar. Acredito que a ouço falando no telefone em seu quarto. Dulce me segue. Durante o breve percurso entre o meu quarto e a porta da frente, meus pensamentos e meus sentimentos fluem e se transformam. Já não estou zangada com ela. De repente, me sinto insuportavelmente tímida. Não quero que parta. Pela primeira vez, eu gostaria que ela fosse normal, eu gostaria de manter uma relação normal, que não exigisse um acordo de dez páginas, açoites e mosquetões no teto de seu quarto de jogos.
Abro-lhe a porta e olho para as minhas mãos. É a primeira vez que recebo uma Mulher em minha casa para fazer sexo, e acredito que foi genial. Mas agora me sinto como um recipiente, como um copo vazio que se enche com o seu desejo. Meu subconsciente sacode a cabeça.
Eu queria correr até Heathman em busca de sexo... e lhe fizeram uma entrega expressa. Cruzo os braços e bato com o pé no chão, como um ‘qual o problema em olhar em seu rosto’. Dulce parou junto à porta, agarra-me pelo queixo e me obriga a olhá-la. Sua testa enruga ligeiramente .
— Você está bem? — ela pergunta me acariciando o queixo com seu polegar.
— Sim. — respondo-lhe, embora com toda a honestidade eu não estou muito certa. Sinto uma mudança de paradigma. Eu sei que se aceitar, vou me machucar. Ela não é capaz, não lhe interessa ou não quer me oferecer nada mais... mas eu quero mais. Muito mais. O ataque de ciúmes que senti por um momento, antes, me diz que meus sentimentos por ela são mais profundos do que eu mesma posso admitir.
— Quarta-feira, — ela confirma, inclina-se e me beija com ternura. Mas enquanto está me beijando, seus lábios ficam mais urgentes contra os meus, sua mão se move para cima do meu queixo e está segurando a minha cabeça, uma mão de cada lado. Sua respiração se acelera. Inclina-se para mim e me beija mais profundamente. Coloquei minhas mãos em seus braços. Quero deslizar as mãos pelo seu cabelo, mas resisto porque sei que não gostaria. Ela encosta sua testa contra a minha, de olhos fechados, com a voz tensa.
— Anahi, — ela sussurra. — o que você está fazendo comigo?
— O mesmo eu poderia dizer para você, — sussurro de volta.
Toma uma respiração profunda, beija-me na testa e parte. Avança em passo decidido para o carro passando a mão pelo cabelo. Enquanto abre a porta, levanta o olhar e me lança um sorriso arrebatador. Totalmente deslumbrada, devolvo-lhe um leve sorriso e volto a pensar em Ícaro aproximando-se muito ao sol. Fecho a porta da rua, enquanto se mete em seu carro esportivo. Sinto uma irresistível necessidade de chorar. Uma triste e solitária melancolia me oprime o coração. Volto para meu quarto, fecho a porta e me apoio tentando racionalizar meus sentimentos, mas não posso. Deixo-me cair no chão, cubro o rosto com as mãos e as lágrimas começam a descer.
Kate bate na porta suavemente.
— Annie? — ela sussurra. Eu abro a porta. Ela me olha e me abraça.
— O que está errado? O que lhe fez essa bastarda repulsiva?