Fanfic: - A marca de uma lágriima (finaliizada)
Dulce! Onde você andou? Procurei por você o recreio inteiro! —Annie parecia aflita e
havia pouco tempo para conversar antes da aula de português. — Seu rosto está vermelho... O que houve?
— Nada... acho que estou resfriada,Annie . Na saída, eu vou com você até o ponto de
ônibus. Tenho uma coisa pra te contar que vai deixar você muito feliz.
— E eu também. Já não te disse que...
A fama do professor de português do colegial era de assustar. Diziam que ele era severíssimo.
Na certa aquela severidade não devia ser semelhante à do Brucutu, o terrível bedel-chefe. O
professor seria daqueles exigentes, para quem um erro de concordância era tão grave quanto empurrar escada abaixo a cadeira de rodas de uma velhinha paralítica.
Annie estava ao lado de Dulce e, afora a vermelhidão, que já desaparecia, era impossível
notar qualquer indício de tristeza na fisionomia da menina. Ninguém saberia do vulcão que lhe queimava as entranhas, da vontade de gritar, de procurar alguém com quem pudesse dividir desolação. Mas ela havia prometido. Era a segura-vela, era o cupido do encontro entre o seu grande amor e sua melhor amiga. Mas ninguém saberia de nada.
"Será que alguém já passou por isso?", pensou a menina.
Redação. O forte de Dulce. Se somasse todas as médias de redação de seus oito anos de
estudante, daria quase oitenta. O professo, falava sério, mas mansamente. Propôs que todos
fizessem um texto, tema livre, de aquecimento.
Dulce olhou de lado para Annie. E o que viu foi pavor. Ambas sabiam que a tal redação de
aquecimento era o modo mais rápido de o professor conhecer as possibilidades de cada aluno.
Seria a primeira impressão, que definiria o aluno no conceito do professor. Como modificar
depois uma primeira impressão desastrosa?
A menina sabia que desastre era uma definição adequada para as redações de Annie. Sorriu
para dar confiança à amiga e pôs-se a escrever furiosamente. Em dez minutos, passou a folha de papel discretamente para Annie.
— Pegue. Copie com sua letra.
Bem, a redação de Annie já estava pronta. A amiga estava salva de se ver queimada com o
professor logo no primeiro dia de aula. Agora, era a sua vez.
O tema era livre. Mas, que outro tema poderia passar pela cabeça de Dulce, senão a figura
idolatrada de Christopher? E ela estaria disposta a confessar no papel tudo o que sua expressão escondia?
"Idiota que fui. Pensar que Christopher pudesse se apaixonar por mim, por mim, a gorducha...
Os pensamentos queimavam Dulce por dentro, e ela escreveu:
Quando você me beijou...
"Pensar que Christopher poderia ler nos meus olhos, através dos óculos, e enxergar lá dentro toda a paixão da gorducha iludida..."
Maquinalmente, escrevia sempre a mesma frase:
Quando você me beijou...
"Apaixonar-se pela desengonçada, pela feiosa piadista... Ah, que piada! Com o rostinho de
Annie à frente... com o corpinho de Annie nos braços... nem pensar!"
Quando você me beijou...
"Burra! O que Christopher poderia encontrar em mim? A espinha amarela no nariz, como um aríete de pus abrindo caminho rumo à solidão?""
Quando você me beijou...
"O que ele veria? O que todos vêem, além da gorducha iludida, da feiosa cretina? Alfonso tem razão. Eu acredito em tudo, como uma cretina. Acreditei até que Christopher poderia me amar. Cretina! Acreditei até naquele beijo..."
Quando você me beijou...
"Christopher... "
Vinda do fundo de seu desespero, uma lágrima solitária pingou sobre o papel.
—Dulce! Quem é Dulce? — o professor tinha dado por encerrada a redação.
— Sou eu.
O professor aproximou-se da menina com uma expressão que, com algum esforço, poderia
ser chamada de sorriso.
— Meu colega da oitava série elogiou muito seus textos, Dulce.
Quero começar por ele. Pode entregá-lo para mim?
A folha de redação passou para as mãos do professor e o arremedo de sorriso desapareceu na hora.
— O que é isto? Há apenas a mesma frase escrita várias vezes!
— É um poema concreto, professor. Assim como "Uma pedra é uma pedra", do Carlos
Drummond de Andrade. O leitor deve completar o poema de acordo com suas próprias
experiências, de acordo com suas lembranças de um beijo de amor...
Risadinhas discretas fizeram o professor erguer um olhar duro, controlador, para toda a
classe.
— Uma explicação hábil. Hábil e espirituosa, Dulce. Mas que não passa de uma saída para
desculpar a preguiça. A preguiça e a falta de respeito... E isto? Que marquinha redonda é esta?
— Faz parte do poema, professor. É o cuspe do namorado... Desta vez a gargalhada não foi
contida e o olhar do professor, surpreso, não conseguiu transmitir autoridade. Tinha perdido o controle de uma classe pela primeira vez na vida.
— Começamos bem, não é, dona Dulce? Mas temos um ano inteiro pela frente. Que tal abrir o boletim com um zero?
Dulce sorriu.
— Vamos ver se esta classe vai me dar trabalho. Você, mocinha, como é o seu nome?
— Eu? Anahí...
— Posso ver a sua redação,Anahí? Hum... A estrutura não está má... a idéia é forte... breve,
mas forte... tem um ritmo que... Parece que me informaram errado. Quem sabe escrever nesta classe chama-se Anahí...
A redação de Annie ganhou oito. Nove o professor só dava para ele mesmo, e dez, só para
Deus.
***
— Ah, menina, que judiação! Estou morrendo de remorso. Eu tirei oito com a redação que
você fez, e você tirou zero!
— Não esquente a cabeça, Annie. Eu dou um jeito naquele professor, pode crer. Na
próxima, ele vai ter de me chamar de Deus e me dar um dez.
— Puxa, oito em redação! Nunca tirei isso. Uma nota oito vezes maior que a sua, para duas
redações feitas pela mesma pessoa...
— Além de redação, acho que você vai ter de rever a sua matemática, Annie. Oito vezes
zero dá zero mesmo.
As duas riram-se e Dulce passou o braço pelos ombros de Annie. Quem visse as duas, assim abraçadas, assim sorrindo, teria uma imagem falsa daquela felicidade. Uma das duas mentia ao sorrir. Mas mentia como um mestre.
— Acho que nunca vou poder pagar tudo o que devo a você, Dulce. E não estou falando de redação. Estou falando de amor...
— Para mim, escrever também é um ato de amor, Annie. Quem escreve ama aquele que vai ler, quer conquistar o amor daquele que vai ler.
Autor(a): aniiinhaa
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"Só que Cristiano nunca lera o que eu escrevi para ele. Nunca saberá do meu amor. Não há esperança", pensava ela atrás do sorriso. — Você é muito adulta, Isabel. Adulta demais... — É que eu tenho sessenta anos, Rosana. Mas sou conservada. Agora deixe ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 68
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tammybrenda Postado em 07/08/2009 - 16:33:45
amei a web linda muito bom amei o fim
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tammybrenda Postado em 07/08/2009 - 16:33:45
amei a web linda muito bom amei o fim
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tammybrenda Postado em 07/08/2009 - 16:33:33
amei a web linda muito bom amei o fim
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tammybrenda Postado em 07/08/2009 - 16:33:06
amei a web linda muito bom amei o fim
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marivondy Postado em 05/08/2009 - 20:36:05
Posta mais!
=] -
marivondy Postado em 04/08/2009 - 20:44:03
Posta mais!
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marivondy Postado em 03/08/2009 - 20:30:19
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tammybrenda Postado em 30/07/2009 - 13:30:18
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natyvondy Postado em 30/07/2009 - 01:18:22
Passem em
´´Fora da Lei``
plixxxxxxx *-*
http://www.e-novelas.com.br/?q=ler_novela&id=3544
bjix da Naty -
tammybrenda Postado em 29/07/2009 - 22:30:00
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