Fanfics Brasil - - Um pouco de veneno² - A marca de uma lágriima (finaliizada)

Fanfic: - A marca de uma lágriima (finaliizada)


Capítulo: - Um pouco de veneno²

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***


 


Apertando mais do que o necessário, Brucutu arrastou os dois pelos braços até à diretoria.


Sem saber explicar por quê, Dulce sentia um clima de insegurança ao longo do corredor.


— O que está havendo? — estranhou o enorme bedel.


A porta da diretoria estava fechada. À sua frente, a jovem professora de filosofia esmurrava a porta, nervosamente.


— O que houve, dona Olga? — perguntou Brucutu.


— Hein? Não sei. Estou preocupada. Eu tinha uma reunião com dona Albertina agora, mas


ela está trancada aí dentro. Não responde...


— Bom, eu tenho a chave mestra. Se a senhora quiser...


— O que está esperando? Abra logo!


Brucutu largou os dois e tirou um molho de chaves do bolso.


— Está difícil... A outra chave está na fechadura, do lado de dentro...


— Anda logo! — insistiu nervosamente a professora Olga.


A fechadura cedeu com um estalo. Brucutu abriu a porta e agarrou novamente os braços de


Dulce e Alfonso, acompanhando-os para dentro da diretoria.


As cortinas estavam fechadas e as luzes todas acesas. Isso era anormal, para aquela hora da


manhã, mas era assim que dona Albertina trabalhava em seus serões.


— Dona Albertina? —Dulce ouviu atrás de si a voz da professora de filosofia. — Onde a


senhora está?


A enorme mesa de trabalho, antiga e esculpida a mão por algum artista esquecido há muito


tempo, estava coberta de papéis. Contendo-se para não gritar de dor por causa do apertão de


Brucutu, Dulce foi empurrada à frente, em direção à mesa. Por isso, ela foi a primeira a encontrar o cadáver de dona Albertina.


 


***


 


O resto do dia foi uma espécie de pesadelo circense, muito diferente do que Dulce imaginaria para um enredo de filme.


Morta dona Albertina, a autoridade máxima era a professora Virgínia, uma vice-diretora cuja utilidade na direção da escola ainda não tinha sido percebida por ninguém. Seu primeiro ato como autoridade máxima foi um verdadeiro faniquito, que só serviu para quase transformar em comédia o trágico fim de dona Albertina.


Depois que a fizeram engolir um copo com água açucarada, a professora Virgínia trancou a


diretoria e proibiu que qualquer pessoa entrasse lá.


— Ai, ai, ai, coitada de dona Albertina! Como é que uma coisa dessas foi acontecer? O


coração dela era tão forte... Alguém chamou o pronto-socorro?


Foi necessário convencer a professora Virgínia de que o pronto-socorro teria pouco o que


fazer com um cadáver e que o certo seria chamar a polícia, como em todos os casos de morte súbita, sem assistência médica.


— A polícia?! Na nossa escola? Que horror! Coitada da Albertina! Albertina! Albertina!


Entrou na sala da diretora como uma louca e trancou-se, sozinha. Lá dentro, teve outro


ataque, aos berros, como se fosse possível acordar a morta.


Quando a porta se abriu, a professora Virgínia parecia convencida de que a morta estava


mesmo morta. Determinou que a diretoria fosse trancada de novo, com cadáver e tudo.


Engoliu mais água com açúcar e, sem parar de lamentar-se, mandou dispensar todos os


alunos e funcionários. Mais tarde, teve de agüentar a fúria do investigador, que chegou duas


horas depois de chamada a polícia.


— Quem lhe deu ordem para dispensar todo mundo?


— N-ninguém... — gaguejou a professora Virgínia, sem saber o que fazer com as mãos. —


Foi para os alunos não ficarem impressionados...


— E para estragar o meu trabalho!


— N-não... eu pensei que um ataque do coração, como esse...


Não tinha sido um ataque do coração, afinal. Pela projeção da escola e de dona Albertina, a autópsia foi feita naquela mesma tarde. No corpo obeso daquela educadora sorridente, querida por todos, líder de todos, encontraram uma boa dose de cianureto.


Já anoitecia quando um carro da polícia foi buscar Dulce em casa. A mãe veio junto,


naturalmente, carregando a pior crise de enxaqueca de que a filha se lembrava.


Mas a mãe teve de aguardar fora da sala da diretora, enquanto o investigador interrogava sua filha. Na sala, apenas a polícia, a professora Virgínia, que ainda não tinha descoberto o que fazer com as mãos, as quatro testemunhas daquela manhã e o professor de química.


O investigador procurava reconstituir a cena da descoberta do cadáver. Perguntava,


interrompia, duvidava. Sentada ao lado de Alfonso, quase sem ouvir o interrogatório, Dulce


recordava claramente todo o cenário daquela manhã.


— Coitada da dona Albertina... — choramingava a professora Virgínia.


Dulce lembrava-se da mão gorda de dona Albertina, primeiro pedaço da anatomia morta que ela vira entre a mesa e a janela. Coisa feia, sem jeito, que é um cadáver! Ainda mais de alguém tão gordo, tão grande como a diretora. Estava jogada no tapete, como se um caminhão basculante a tivesse descarregado por cima da mesa. O vestido levantado, a boca aberta, os olhos esbugalhados. Nada que pudesse lembrar a alegria, o entusiasmo e o talento daquela mulher. A morte havia levado tudo.


— Coitadinha da dona Albertina... — fungava a professora Virgínia, como se estivesse


ouvindo os pensamentos de Dulce e não o interrogatório profissional do investigador.


Tão gorda... Coitada! Sempre falando em fazer regime. Garantira que, no começo do ano


letivo, estava decidida a emagrecer. Dissera que, desta vez, a decisão era para ser levada a sério.


Dulce sorriu e, por um instante, visualizou a mesa da diretora naquela manhã. Lembrou-se


claramente de um papel de bombom. Pobre dona Albertina! De dia, comendo saladinhas e


exibindo sua vontade de emagrecer como se fosse um troféu e, à noite, fechada na diretoria com seus bombons e sua gulodice, como uma criança que se esconde para fazer reinações.


— Logo agora que ela estava fazendo regime... — lamentou-se a professora Virgínia.



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Autor(a): aniiinhaa

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  Daquele momento em diante não haveria mais gula ou regime para dona Albertina. Não havia nem mais o papel de bombom, que desaparecera da mesa. Nela, o que havia era um objeto, talvez um vaso, coberto por um pano. — Cianureto! — vociferava o investigador para o professor de química. — Como é que uma escola como esta guard ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 68



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • tammybrenda Postado em 07/08/2009 - 16:33:45

    amei a web linda muito bom amei o fim

  • tammybrenda Postado em 07/08/2009 - 16:33:45

    amei a web linda muito bom amei o fim

  • tammybrenda Postado em 07/08/2009 - 16:33:33

    amei a web linda muito bom amei o fim

  • tammybrenda Postado em 07/08/2009 - 16:33:06

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  • marivondy Postado em 05/08/2009 - 20:36:05

    Posta mais!
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  • marivondy Postado em 04/08/2009 - 20:44:03

    Posta mais!

  • marivondy Postado em 03/08/2009 - 20:30:19

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  • tammybrenda Postado em 30/07/2009 - 13:30:18

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  • natyvondy Postado em 30/07/2009 - 01:18:22

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  • tammybrenda Postado em 29/07/2009 - 22:30:00

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