Fanfic: - A marca de uma lágriima (finaliizada)

— Que coisa mais ridícula,Annie!

— Falar em casamento? Ridículo por quê, Dul? Ele quer e eu quero. É o que mais quero na vida. Se for preciso, eu invento até o que não houver, só para os meus pais e os pais dele não mudarem de idéia. Eu quero Christopher para mim. Inteirinho e para sempre!

— Mas vocês ainda são...

— Somos um homem e uma mulher, Dul. Perdidamente apaixonados um pelo outro. Isso

basta. E você tem tudo a ver com isso; minha amiga. Você ajudou nosso amor a crescer. você será a nossa madrinha!

***

— Mandou me chamar, dona Virgínia?

— Entre, Dulce. Sente-se.

A menina aproximou-se da cadeira indicada. Mas permaneceu de pé.

— Não é nada importante, Dulce. Disseram que você anda meio preocupada, calada,

desligada das aulas. O que está acontecendo, minha filha? Ainda impressionada com o suicídio de dona Albertina?

— Hein? Com o quê?

— Com o suicídio de dona Albertina...

Suicídio?

— Com o suicídio? É... acho que sim...

A vice-diretora aproximou-se de Dulce e colocou as mãos maternalmente sobre os ombros da aluna.

— Sei que foi duro para você, minha querida. Foi duro para todos nós. Mas todos temos de

reagir. A vida continua. E a sua está apenas no começo. Vamos tentar esquecer tudo isso...

Esquecer?

— Ah, dona Virgínia, não vai dar para esquecer enquanto...

— Enquanto o quê, Dulce?

— N-nada, professora...

A vice-diretora, que assumira o posto de dona Albertina, estava agora controlada, sem os

choramingos histéricos daquela manhã. Mas adiantaria falar com ela? Contar-lhe tudo?

Estava claro que não.

***

— Mãe...

— O que foi, Dulce?

— Posso entrar, mãe?

A menina aproximou-se da cama da mãe e ajoelhou-se na beirada, como costumava fazer

muitos anos atrás, quando havia mais um ocupante naquela cama.

— Mãe, eu preciso falar com você.

O quarto só estava iluminado pela luz fria da televisão. Recostada na cama, a mãe de Dulce

estranhou um pouco a visita da filha.

— Está na hora da novela,Dulce. Você nunca me procura na hora da novela...

"Você é que não quer ser interrompida na hora da novela, mamãe...", pensou Dulce.

— Mãe... eu preciso de ajuda...

— De ajuda? Que espécie de ajuda quer agora? Você não é a senhorita-sabe-tudo?

— Eu não sei nada, mamãe...

— O que quer, então?

— Eu... eu estou sofrendo, mamãe...

— O que você tem, minha filha? O que está sentindo? Vou telefonar para o médico e...

— Não, mamãe. Eu não estou doente. É... é outra coisa.

— Outra coisa? Mas que outra coisa, menina?

Dulce avançou pela cama de gatinhas, como se quisesse novamente ser um bebê em busca da proteção do colo quente da mãe. Enrodilhou-se, de cabeça baixa.

— Nem sei como contar. Mas eu preciso de ajuda...

— Ajuda? O que você andou fazendo,Dulce?

— Mãe... você amava papai?

— Se eu amava seu pai... Que conversa é essa, Dulce?

— O que você faria se o amasse e ele não amasse você? Como se sentiria?

— Ora, Dulce, isso não são conversas para uma menina da sua idade!

— Mamãe, me ouça: o que você faria se tivesse encontrado o único amor de sua vida e ele

estivesse apaixonado pela sua melhor amiga?

— Deixe de besteira, Dulce! Você é muito criança para essas bobagens!

— Eu sou mulher, mamãe! Eu não sou mais criança. Eu preciso de ajuda!

— Você precisa é parar de ler essas bobagens que você anda lendo, Esses livros andam

enchendo a sua cabeça de idéias que não são para a sua idade.

— Por favor, mamãe...

— Já acabaram os comerciais, Dulce. A novela já vai começar. Vá para seu quarto agora e

deixe de pensar em besteira.

— Por favor...

— E feche a porta. Minha cabeça está me matando!

***