Fanfics Brasil - - Eu nunca te amei - A marca de uma lágriima (finaliizada)

Fanfic: - A marca de uma lágriima (finaliizada)


Capítulo: - Eu nunca te amei

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Brucutu poderia muito bem ter voltado. Poderia muito bem estar agora em volta da casa,


pronto para cumprir as ameaças.


— Juízo! — disse ele.


— Juízo! — repetia o inimigo rachado, mais cruel que de costume.


— Ah, o juízo de Dulce!


Ah, a paixão de Dulce! Ah, o amor de Dulce!Juízo...


— Esse juízo eu já perdi junto com o amor que nunca terei...


— Você perdeu foi a vontade de lutar. De lutar por aquilo que você quer.


— Ah, Christopher, Christopher... será que tudo que tenho feito não foi lutar por ele?


— Você luta pela vitória de outro exército. O exército de Annie.


— É o único exército que tem alguma chance. O meu não pode ganhar nenhuma batalha...


— O que tem o seu que os outros não têm?


—Annie é linda! E eu sou feia!


— Ninguém, nunca, lhe disse isso.


— E que eu sou linda? Alguém disse?


— Alfonso diz isso, o tempo todo. Mostra isso, o tempo todo.


— Mas Christopher...


— Christopher disse, na noite da festa.


— Aquela noite... Ah, se aquela noite nunca tivesse acontecido! Ah, se eu nunca tivesse


conhecido aquele anjo! Ah, se aquela correntinha nunca tivesse roçado o meu rosto! Ah, se a sombra da noite não tivesse disfarçado a feiúra da bêbada caída na grama do jardim!


Ah, se eu pudesse esquecer aquele beijo! Ah, se eu não fosse tão feia!


— Ninguém, nunca, lhe disse isso também.


Eu digo! Você diz!


— Ninguém diz nada para você. Não adianta. Você nunca ouve.


— Eu vejo, eu sinto, eu amo!


 


— Sim, mas o que você faz consigo mesma?


— O que eu tenho de fazer, eu vou fazer. Esta noite.


 


Da morte não sei o dia,


mas posso saber!


 


Aos poucos, frase a frase, Dulce estava transtornada, como se tivesse discutido por horas com a mais teimosa das criaturas.


— E você... você será minha testemunha.


— Eu sou sempre sua testemunha.


— Primeiro tenho de testemunhar outra morte. A primeira morte real que chegou perto de


mim. A morte feia. A morte grotesca. O assassinato covarde de uma mulher que sabia rir. Acho que eu devo isso a ela. Alguém a empurrou para a morte. Ela não escolheu.


— E você?


— Ninguém escolhe por mim.


— Brucutu pode escolher...


Brucutu! Dulce imaginou aquelas mãos enormes agarrando, apertando, estraçalhando.


Lembrou-se do sonho, do pesadelo, da dor, da nudez, da espada ensangüentada, da brutalidade.


Que outro método usaria Brucutu para matar? Linamarina? Um fino pó branco colocado em um envelope plástico? Não. Sem sangue, sem carnes dilaceradas nem ossos esmigalhados não seria uma ação de Brucutu.


— Ninguém escolhe o meu caminho. Ninguém escolhe a minha hora. Aqui está a minha


escolha!


Na palma da mão esquerda, o pequeno frasco de comprimidos.


— Dulce...


Na mão direita, a escova de cabelo começou a trabalhar. A demolir. Metodicamente, Dulce


golpeou o inimigo uma, duas, dez vezes.


— Adeus! Vamos embora. Vamos juntos.


—Dulce ! Abra!


A campainha tocou com insistência. Depois, batidas frenéticas à porta da frente despertaram parte da consciência de Dulce..


— Já vou, Brucutu. Já estou indo!


— Sou eu, Dulce. Abra! Eu trouxe a polícia!


Espalhadas pela pia e pelo chão de ladrilhos, milhões de imagens de Dulce. O inimigo se


multiplicara ao infinito.


 


***


 


Foi uma Dulce diferente que abriu a porta. Uma mulher. Por fora, calma, adulta, controlada.


A professora entrou apressada e abraçou a menina com o carinho de uma irmã mais velha.


— Trouxe a polícia comigo, Dulce. Podemos entrar?


Dulce hesitou. Não esperava aquela mulher com a polícia. Atrás da professora, entrou o


mesmo investigador nervoso que cuidara do interrogatório no colégio. Como era mesmo o nome dele?


Dulce apontou o sofá da sala para os dois, como uma perfeita dona-de-casa que estivesse


recebendo convidados para o chá.


— Algumas perguntas eu deixei de fazer daquela vez, na diretoria, Dulce María — começou o investigador, sem perder tempo. — E eu sei que também houve muitas respostas que você deixou de dar. Você é menor de idade, e eu não posso chamá-la oficialmente para depor, se você não quiser. Mas, agora, que tal colocarmos essas perguntas e essas respostas em dia?


Dulce hesitou novamente. Mas, depois do ataque de Brucutu, ela estava convencida de que


precisava falar tudo o que sabia. O medo do que Brucutu pudesse fazer não contava. Ela devia falar. E ninguém melhor para ouvir do que a polícia.


A professora tirou um pacote de bombons da bolsa.


— Alguém quer um bombom?


— Obrigado.


— Não, obrigada.


— Eu é que estou nervosa por você, Dulce. Estou deixando de fumar e comendo doces para


distrair a vontade. Um pouco de açúcar é o melhor relaxante que existe. Assim, eu me livro do câncer nos pulmões e estouro de engordar!


Ninguém achou graça. Ela deixou o saco de bombons na mesinha, em frente ao sofá, e ficou mordiscando um deles.


Conscientemente, claramente, como se cumprisse uma missão, Dulce começou a falar.


Deixou de lado o triste diálogo com Christopher, mas descreveu a visita ao laboratório naquela primeira manhã de aulas. Disse da penumbra, da falta de óculos, do vulto de avental, do frasco de linamarina, até das lágrimas.


— Você estava chorando? Por quê?


— Nada, é que... eu tinha tirado um zero em redação...


— Você?! — sorriu a professora, que a conhecia muito bem. — Você tirar um zero em


redação?


Em seguida, Dulce falou da conversa com Alfonso na pracinha e da suspeita de que Brucutu os estivesse ouvindo às escondidas. Depois contou do ataque na rua. Da ameaça de morte. De Brucutu.


— Então tudo se ajusta — comentou a professora, lambendo a pontinha do dedo suja de


chocolate. — Brucutu é o culpado. Foi ele quem você viu no laboratório.


Dulce sacudiu firmemente a cabeça.


— Não, não podia ser ele. Mesmo sem óculos, eu reconheceria facilmente aquela figura


enorme. Não era ele. Era alguém muito menor.


— Coitadinha... Você passou por uma boa, não foi?


— Você fez muito mal em não me contar tudo o que sabia, na primeira vez, Dulce—


censurou o investigador.


— O senhor acha que eu deveria falar tudo ali, na frente de todos, até do Brucutu?


— Está bem. Talvez você tenha feito bem em não falar na frente do Brucutu. Mas você


poderia ter me procurado depois. Não é por você ser menor de idade que eu não daria atenção ao que você tinha a dizer. Às vezes, um pequeno detalhe é a última peça que falta para fechar o quebra-cabeça.


— Estou falando agora. Disse tudo o que tinha a dizer.


— De qualquer modo, a ameaça de Brucutu contra você é suficiente para envolvê-lo no caso até o pescoço.


O investigador pegou o telefone e ligou para a delegacia. Do outro lado da linha, alguém


recebeu a ordem para que se iniciasse uma caçada a Brucutu.


— Suspeita de homicídio... Um elemento potencialmente violento...


Desligou o telefone e voltou-se para Dulce.


— O vulto que você viu estava de guarda-pó, não estava?


— Estava. De avental branco.


— Isso aponta para algum professor — raciocinou o investigador.


— Pode ser...


— Você poderia me ajudar mais, Dulce. Vamos tentar um jogo.


Pense em todos os professores da escola. Um por um.


— Um por um?


— Sei que você estava nervosa, naquela manhã. Sei que viu pouco, por causa do escuro e das lágrimas. Mas o pouco que você viu pode encaixar-se ou não no porte físico dos professores que você conhece muito bem. Se você se concentrar, poderá eliminar muitos, como fez com dona Albertina e com Brucutu, por serem, ambos, grandes demais. Assim,


eu poderia ter uma lista menor de suspeitos a investigar.



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Autor(a): aniiinhaa

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Dulce não respondeu. Já tinha dito tudo. Da morte da diretora já tinha cuidado. O resto era com a polícia. A professora levantou-se bruscamente. — Ah, não! Chega de atormentar a pobrezinha. Ela já passou por muitos apertos hoje. Agora, precisa descansar. É hora de irmos embora. Deixemos as tais comparaçõe ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 68



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  • tammybrenda Postado em 07/08/2009 - 16:33:45

    amei a web linda muito bom amei o fim

  • tammybrenda Postado em 07/08/2009 - 16:33:45

    amei a web linda muito bom amei o fim

  • tammybrenda Postado em 07/08/2009 - 16:33:33

    amei a web linda muito bom amei o fim

  • tammybrenda Postado em 07/08/2009 - 16:33:06

    amei a web linda muito bom amei o fim

  • marivondy Postado em 05/08/2009 - 20:36:05

    Posta mais!
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  • marivondy Postado em 04/08/2009 - 20:44:03

    Posta mais!

  • marivondy Postado em 03/08/2009 - 20:30:19

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  • tammybrenda Postado em 30/07/2009 - 13:30:18

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  • natyvondy Postado em 30/07/2009 - 01:18:22

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  • tammybrenda Postado em 29/07/2009 - 22:30:00

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