Fanfics Brasil - 28 tentadora paixão (adaptada aya)

Fanfic: tentadora paixão (adaptada aya) | Tema: anahi e alfonso / aya/ ponny


Capítulo: 28

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CAPÍTULO DOZE


Saindo a pé da estação de trem para sua casa, Anahi sentiu os nervos começarem a dominá-la. Nos últimos três anos, fizera da histórica Windsor seu lar, um antídoto perfeito para o estresse de sua carreira, mas hoje estava muito apreensiva enquanto caminhava. Tinha a sensação de que alguma coisa estava errada. E não era só sobre o bebê, um sexto sentido lhe dizia que as coisas não estavam bem.
Acelerou o passo e tentou silenciar seus medos, dizendo-se que estava cansada e com excesso de imaginação.
Ninguém a estava vigiando.
Ninguém a estava seguindo.
E nada de mau iria acontecer.
Mas, suspendendo a gola do casaco e cruzando os braços para se aquecer, não podia deixar de sentir que havia alguma coisa ruim à espreita.
E o mau pressentimento ficou mais forte quando deixou a rua e entrou no caminho de cascalho que levava a sua casa.
Havia muita diversão em Windsor nos fins de semana, com lojas luxuosas, o belo castelo e os lindos caminhos à margem do rio, mas quando entrou em casa e fechou a porta, sua casa pequena no caminho tranqüilo lhe pareceu muito isolada.
Se alguém a tivesse seguido até em casa, ninguém veria.
Se alguém invadisse sua casa, ninguém ouviria seus pedidos de socorro.
Anahi trancou a porta da frente, então passou pela cozinha para verificar se a porta dos fundos estava trancada, antes de finalmente tirar o casaco e ligar o aquecedor.
Na cozinha, ligou a chaleira para o chá e estava prestes a fazer algumas torradas quando ouviu batidas na porta.
Ficou imóvel, o pão ainda nas mãos. Demorou tanto que a batida soou de novo.
Pôs o pão e a faca sobre a bancada e foi até a porta, olhando por uma janela antes de abrir.
Um Jaguar novo estava estacionado e havia um homem em pé na soleira, de costas para ela. Mas ela conhecia o homem, conhecia sua altura, a largura dos ombros, a extensão das pernas, o formato da cabeça.
Alfonso.
Alfonso aqui!
Mas hoje faria a cirurgia... supostamente fizera a cirurgia... o jornal dissera...
Amenos que tivesse desistido. Mas não desistiria.
O coração batendo com força, ela rodou a chave e abriu a porta. O som da chave girando chamou a atenção de Alfonso, que se moveu, virando-se para ela, os olhos fixos, sem| piscar, a expressão impassível.
— Alfonso — sussurrou, gelada de novo.
— Any — respondeu ele com sobriedade. E, observando seu rosto, um rosto esculturalmente perfeito, as feições impressionantes, o contraste entre os cabelos negros e os olhos esverdeados, ela pensou que ele parecia um belo mas amedrontador anjo, enviado para julgá-la, para puni-la.
Olhou para o carro, o luxuoso Jaguar preto com vidros escuros e se perguntou vagamente quantos carros ele teria, espalhados por todo o mundo.
— Você está... aqui — disse tolamente, a mente tão vazia que nada lhe ocorria, apenas choque e medo. Ele não podia saber, não sabia, ela só soubera hoje.
— Sim, estou.
Deitou a cabeça de lado e olhou diretamente para ela, mas ainda sem reconhecimento no olhar. Ela sentiu o coração doer de empatia por ele. Não fizera a cirurgia, devia ter mudado de idéia. E, embora não o culpasse, já que era um procedimento muito novo e perigoso, o fato apenas consolidou sua determinação de manter a gravidez em segredo, pelo menos por enquanto.
— Como sabia que eu moro aqui?
— Tinha seu endereço — disse ele com calma.
— Oh! Compreendo.
Mas não compreendia. O endereço de sua casa não constava dos papéis da companhia. Mas supunha que, se um homem como Alfonso Herrera quisesse saber onde ela vivia, não teria muito trabalho para descobrir. Tinha dinheiro e contatos, as pessoas lhe contariam coisas, especialmente detetives particulares... não que ele faria isso... ou faria?
As sobrancelhas cerradas, aturdida, ela o olhou ainda tentando entender o que estava fazendo ali em Windsor, nada menos que na soleira de sua porta.
Da cozinha, a chaleira começou a apitar.
Ele ergueu as sobrancelhas.
— A chaleira — comentou. — Estava fazendo chá. Vou desligar.
Sem esperar resposta, foi para a cozinha, desligou a chaleira, voltou-se e viu Alfonso bem atrás dela, fazendo sua cozinha pequena e antiquada, com a pia de porcelana e a mesa simples, parecer velha e primitiva.
— Oh — disse ela, recuando um passo nervoso. — Você está aqui.
Os cantos da boca de Alfonso tremeram.
— Parece que estou em toda parte hoje.
— Sim.
Ela alisou a saia, as mãos desconfortavelmente úmidas. Como ele chegara à cozinha tão rapidamente? Era quase como se já conhecesse o caminho... ou como se pudesse ver... poderia?
Seu pulso acelerou, os nervos tão tensos que temeu se desintegrar. O dia já fora perturbador demais.
Primeiro, sua certeza sobre o bebê, agora, Alfonso em sua casa.
— Está na Inglaterra há muito tempo? — perguntou em voz baixa, tentando descobrir o que estava acontecendo.
— Passei o último mês aqui.
Um mês na Inglaterra! Seu coração pulou e precisou respirar devagar para tentar se acalmar.
— Não sabia.
Ele ergueu uma sobrancelha, mas ficou calado. Pelo menos isso não mudara, pensou ela, ainda era tão pouco comunicativo como sempre. O que não significava que tinha que fazer seu jogo.
— A cirurgia... estava marcada para hoje, não estava? — perguntou, desconfortável.
— Por quê?
— Li no jornal... na verdade, foi no trem para casa. Você deveria ter feito o tratamento hoje em Londres.
— Verdade?
Ela se sentia cada vez mais confusa.
— Foi o que li no jornal — repetiu, na defesa.
— Compreendo. — Sorriu, satisfeito.
A conversa parecia ter chegado ao ponto final. Sem firmeza, ela se voltou para fazer o chá. As boas maneiras exigiam que ela lhe perguntasse se queria uma chávena, mas a última coisa que queria era prolongar aquela visita constrangedora.
Lutou com a consciência e as boas maneiras venceram.
— Gostaria de tomar chá? — perguntou, a voz sem naturalidade.
Dentes brancos brilharam num sorriso de zombaria.
— Pensei que não iria me oferecer.
Com as mãos trêmulas, pegou outra chávena e pires no armário e encheu-a.
Ele não podia ver... podia?
Não era possível que pudesse ver... Mas alguma coisa dentro dela, aquele mesmo sexto sentido peculiar que tivera antes, deixou-a desconfiada.
— Torradas? — A voz tremeu. Odiava aquilo.
Odiava que tudo parecesse de repente completamente fora de controle.
— Não, obrigado.
Olhou de relance para ele e pôs o pão de lado. Estava nervosa demais para comer.
— Você não vai comer? — ele perguntou, com suavidade.
— Não.
— Não está com fome?
Seu estômago deu outro desconfortável salto livre. Como ele sabia que ela não ia comer?
— A cirurgia — disse ela. — Não era para fazer hoje?
— Não. — Ele fez uma pausa pequena. — Eu a fiz, há um mês.
Suas pernas quase dobraram. Anahi se apoiou na mesa da cozinha.
— Um mês? — sussurrou, o olhar preso no rosto dele.
— Sim.
Ela tentou engolir um nó enorme que lhe enchia a garganta.
— Você pode, você pode... ver?
— Imperfeitamente.
Imperfeitamente, ela repetiu para si mesma, silenciosamente, cada vez mais tonta.
— Diga-me... diga-me... quanto você pode ver?
— Não é mais tudo escuro. Com um dos olhos vejo apenas sombras e formas escuras, mas com o outro vejo um pouco mais. Embora nunca mais possa dirigir ou pilotar meu avião, posso ver você.
— E o que vê... agora? — Sua voz era muito fraca.
— Você.
O coração dela batia tão forte que teve medo de desmaiar.
— As cores não são como eram antes, tudo parece desbotado, assim o mundo parece cinzento e branco, mas sei que está de pé ao lado da mesa. Está segurando a mesa com uma das mãos, a outra está sobre o estômago.
Ele estava certo. Estava absolutamente certo. E a mão estava sobre o estômago porque ela sentia náuseas muito fortes.
— Alfonso!
Ele apenas olhou para ela, realmente a viu, e ela não sabia se sorria ou chorava. Podia ver imperfeitamente, como dissera, mas alguma coisa era melhor do que nada. Alguma coisa significava que viveria com mais facilidade e independência.
Também teria mais poder e controle sobre a própria vida de novo.
Controle.
E de repente compreendeu que, se podia vê-la, perceber as mudanças em seu corpo.
Saberia que ela estava grávida.
Suas entranhas se revolveram.
— É por isso que está aqui esta noite? — perguntou. — Para me contar as boas novas?
— E para celebrar suas boas novas.
Ela oscilou.
— Minhas boas novas?
— Você tem novidades boas, não tem? — persistiu.
Anahi olhou para Alfonso, em pé pouco antes da soleira da porta da cozinha. Protetoramente, ela esfregou o ventre, onde ainda não havia sinal algum, tentando se manter calma.
— Eu... eu acho que não.
— Suponho que depende de como as considera — disse ele. Os cílios negros se abaixaram, escondendo o brilhante esverdeado de seus olhos. — Nós nos conhecemos por apenas duas semanas e dois dias, e isso foi há dois meses e duas semanas. Foi quase tudo muito bom naquelas duas semanas, mas houve um ou dois desapontamentos, não houve?
Ela não conseguia desviar o olhar dele. Parecia forte e dinâmico, e seu tom era imperioso.
— Uns dois — repetiu, nervosa.
— Uma das ofensas mais graves foi irmos a Kithira para jantar e não comermos. Estávamos no meu restaurante favorito e não desfrutamos a refeição.
Anahi cruzou os braços sobre o peito.
— Esse é seu maior desapontamento?
— Se já tivesse comido lá, compreenderia. É realmente muito bom. Comida grega como deve ser feita.
Ela piscou, os dedos se fechando em punhos.
— Veio aqui me dizer que perdi uma ótima refeição?
— Aquela noite devia ter sido especial.
Ele a enfurecia completamente.
Pressionando os punhos contra o peito, ela tremeu de raiva. Ali estava ela, cansada do trabalho, estressada e com náuseas por causa da gravidez, preocupada com sua visão, profundamente insegura sobre o futuro, e tudo em que ele pensava era numa refeição perdida?
— Por que não manda seu piloto levá-lo de volta a Kithira para que você possa comer seu jantar delicioso? — disse com raiva.
— Mas isso não a ajudaria. Você não saberia que refeição deliciosa perdeu. — Fez um gesto em direção à pequena sala de estar. — Então eu trouxe o jantar para você.
— O quê?
— Não quero que voe no seu estado e me preocupo com o bebê.
— Que bebê? — disse, engasgada, suas veias se enchendo de água gelada.
— Nosso bebê — ele respondeu simplesmente, voltando-se e dirigindo-se para a sala de estar, que fora transformada enquanto estavam na cozinha.
O proprietário do restaurante de Kithirian e o garçom que os servira naquela noite tinham levado mesa e cadeiras, coberto a mesa com uma toalha branca impecável e preparado lugares para dois. As luzes estavam apagadas, velas acesas sobre a mesa de jantar e sobre uma pequena mesa lateral perto do pequeno e antigo sofá. De algum lugar, que ela não localizou, vinha música.
Haviam transformado sua sala de estar numa taverna, grega, e Anahi ficou imóvel, incapaz de absorver tudo aquilo.
— O que está acontecendo?
Alfonso deu de ombros.
— Vamos ter aquele jantar esta noite. Agora. — Moveu-se para pegar uma das cadeiras e puxou-a para ela. — Um bebê grego precisa de alimento.
— Alfonso...
— É verdade. — Sua voz ficou mais baixa e sua expressão endureceu. — Você vai ter nosso bebê.
— Meu bebê.
— Nosso bebê — ele corrigiu com firmeza. — E é nosso bebê. — Os olhos prenderam os dela. — Não é?
Com velas bruxuleando sobre a toalha branca, suave música grega ao fundo e o moreno e belo Alfonso diante dela, Anahi sentiu as lágrimas descerem. Dois meses sem uma palavra dele! Dois meses sem pedidos de desculpas, sem remorso, sem perdão! Dois meses de um silêncio doloroso e agora isso, essa demonstração de poder em sua sala de estar.
— Sei que não tem se sentido bem — continuou, muito calmo. — Sei, porque estou há um mês em Londres, cuidando de você.
Sentiu uma grande fraqueza e se sentou, não à mesa, mas em uma das cadeiras de sua sala de estar.
— Você acha que sou uma alpinista social.
— Uma alpinista social? Giovana Puente? Uma mulher tão rica como Athina Onassis Roussel?
Anahi juntou as mãos no colo.
— Não quero falar sobre Giovana Puente.
— Eu quero. — Sentou-se na cadeira em frente a ela. — E quero falar sobre Nico e Cosima e todos os outros personagens sórdidos que aparecem na nossa pequena peça grega.
O garçom e o proprietário do restaurante foram para a cozinha. Deviam estar começando a preparar ou aquecer a refeição, por que o aroma que vinha de lá fez seu estômago roncar.
— Sei que Nico a fez passar pelo inferno durante seu casamento — continuou Alfonso. — Sei que o divórcio foi ainda pior. Ele a expulsou da Grécia e a mídia a caçou por muitos anos depois disso. Não a culpo por mudar seu nome, por vir para a Inglaterra e tentar ser outra pessoa. — Ela segurou a respiração, sabendo que havia um mas chegando. Podia ouvir em sua voz, ver na posição de seus ombros. — Mas — acrescentou ele — eu me importei muito por não poder vê-la. E muito mais por não ser capaz de ver, e avaliar por mim mesmo, a situação aquela noite no castelo de Kithira.
Ela cruzou os dedos para esconder seu tremor.
— Aquela noite foi um pesadelo. Só quero esquecê-la. Esquecê-los. Esquecer Giovana também.
— Não posso esquecer Giovana. — Ele ergueu a cabeça e estudou o rosto dela. — Por que ela é linda. E ela é você.
O nó na garganta queimou, cresceu, fazendo tudo doer dentro dela ainda mais.
— Não sou linda.
— Você era bela como debutante em Nova York e é ainda mais bela agora. E não tem relação alguma com seu nome ou com a fortuna Puente. Nenhuma relação com seu casamento, seu divórcio ou o trabalho que você faz como administradora. É você. Giovana Anahi.
— Você não me conhece — sussurrou, tentando silenciá-lo.
— Mas conheço. Por que por duas semanas vivi com você, trabalhei com você, jantei com você e você me mudou. Você me salvou...
— Não.
— Anahi, eu não queria viver depois do acidente. Não queria sentir tanta perda e dor. Mas você me abriu uma janela de luz e esperança. Você me fez acreditar que as coisas poderiam ser diferentes, melhores.
— Não fui tão boa assim, nem gentil.
— Não, você não foi gentil. Mas foi forte, dura. E não me tratou como um bebê. Não permitiu que eu desistisse. E eu precisava disso, precisava de você. — Fez uma pausa. — Ainda preciso.
Os olhos dela se fecharam e as lágrimas arderam. Ele estendeu a mão, roçou-lhe a face com os dedos.
— Não chore — murmurou. — Por favor, não chore.
Ela sacudiu a cabeça, depois descansou a face na palma dele, mordendo o lábio para impedir que as lágrimas descessem.
— Se precisava de mim, então, por que me deixou ir?
— Por que não me sentia digno de você, não me sentia como o homem que merece você.
— Alfonso...
— Compreendi naquela noite que, se fosse capaz de ver, teria o controle no castelo em Kithira. Poderia ter analisado a situação, entendido o que estava acontecendo. Mas apenas fiquei lá, na escuridão, literalmente, figurativamente, e isso me enfureceu. Eu me senti preso, incapaz. Minha cegueira estava criando ignorância e medo.
— Você nunca teve medo de nada — ela protestou suavemente.
— Desde o acidente, fiquei com medo de tudo. Era assombrado por pesadelos, meu sono perturbado, até que pensei que estava ficando louco. Mas depois de conhecer você isso começou a mudar, comecei a mudar. Comecei a achar meu caminho para casa, meu caminho de volta a mim.
Ela apenas o olhou, o coração terno, os olhos ardendo pelas lágrimas não derramadas.
— Sou um homem que cuida da sua mulher — continuou ele, calmo. — Odiei não ser capaz de cuidar de você. E você é minha mulher, é minha desde o momento em que chegou a Taygetos naquela ridícula charrete puxada por um burro. Os lábios dela se abriram num sorriso trêmulo.
— Aquela foi a mais longa, a mais desconfortável viagem da minha vida.
— Anahi, latrea mou, eu a amei desde a primeira vez em que a encontrei. Você era horrível e maravilhosa, e sua coragem me venceu. Sua coragem e sua compaixão, sua gentileza e sua força. Todas aquelas virtudes de que falou naquela noite em Kithira. Você me disse que as aparências não importam, que havia virtudes muito mais importantes, e eu concordo. Sim, você é bela, mas não podia ver sua beleza até hoje. Sua beleza, o nome Puente ou sua herança não eram necessários para me conquistar. Apenas precisava de você, comigo.
— Alfonso...
— Ainda preciso.
Os olhos enevoados pelas lágrimas, ela olhou à volta, para sua pequena sala de estar, normalmente uma sala bastante simples. Vivia com seu salário, depois de doar quase toda a sua fortuna para caridade, e nunca pensara em comprar coisas bonitas. Mas esta noite a sala de estar brilhava, aconchegante e íntima, com a luz das velas, a mesa bem posta e o som da música grega, enquanto os mais agradáveis aromas vinham da cozinha.
O proprietário do restaurante apareceu na soleira.
— O jantar está pronto — disse, sério. — E esta noite vocês dois vão comer.
Anahi e Alfonso sentaram-se à mesa, e pela primeira vez em semanas ela se alimentou com prazer. Como não poderia? Tudo estava maravilhoso, a comida, sensacional. Enquanto jantava, não conseguia desviar os olhos de Alfonso. Sentira mais falta dele do que pensara.
Só o fato de ele estar ali, com ela, fez tudo parecer certo e bom. Racionalmente, sabia que havia problemas, questões não resolvidas, mas emocionalmente, estava calma, feliz e em paz de novo.
Tinha sido sempre assim com ele. Não era o que ele dizia ou fazia, era apenas ele. Fazia-a se sentir bem, maravilhosa. Olhando para ele do outro lado da mesa, um pensamento surgiu:
— Sabe, Cosima disse... — começou a dizer, antes de parar. Fizera isso de novo. Cosima. Sempre Cosima! — Por que não paro de falar sobre ela?
— Não sei. Mas você poderia me contar o que ela disse, gostaria de saber tudo.
— Não é nada, nada importante, vamos esquecer.
— Não. Você se lembrou disso, portanto está em sua mente. O que Cosima disse?
Anahi silenciosamente se puniu. O jantar estava correndo tão bem e agora repetira a mesma coisa que fizera no castelo em Kithira.
— Sinto muito, Alfonso.
— Então me conte. O que ela disse?
— Que antes de você se machucar era o mais escandaloso dos playboys. — Olhou para ele. — Que podia fazer qualquer mulher comer na sua mão. Estava apenas pensando que compreendo o que ela quis dizer.
Alfonso tossiu, uma leve cor invadindo sua face.
— Nunca fui um playboy.
— Aparentemente, as mulheres jamais conseguem resistir a você.
Ele a olhou com severidade.
— Não é verdade.
— Então não teve dois encontros, em dois continentes diferentes, no mesmo dia?
— Geograficamente e fisicamente impossível.
— Não se você estivesse voando de Sidney para Los Angeles.
Alfonso fez uma careta.
— Isso ocorreu só uma vez. Se não fosse pelas zonas de tempo, não teria sido no mesmo dia.
Anahi sorriu, gostando de ver Alfonso na defesa.
— Sente falta desse estilo de vida?
— Não... Deus, não. — Agora foi sua vez de sorrir, os dentes brancos em contraste com o bronzeado de sua pele. Sol e exercícios haviam lhe dado o mais extraordinário brilho dourado.
— Ser um playboy não é um piquenique — disse com zombaria. — Muitos homens invejavam a quantidade de relacionamentos que eu tinha, mas era muito trabalhoso manter todas as mulheres felizes.
Ela sorriu.
— Você é impossível.
— Não tanto quanto você, em agosto passado, me olhando perto da piscina... apesar de termos um acordo.
— Eu não estava olhando.
— Estava, admita. Ela enrubesceu.
— Você nem podia ver.
— Mas sabia. Algumas coisas não é preciso ver para saber. Como não precisei ver você para saber que a amo. Que sempre a amarei. E que tudo o que quero é passar o resto da minha vida com você.
A respiração de Anahi ficou presa. Não conseguiu falar, não conseguiu sequer respirar.
Alfonso se levantou, deu a volta à mesa e ajoelhou-se diante dela. Tinha uma caixa de anel na mão.
. — Case-se comigo, latrea mou — disse. — Case-se comigo, venha viver comigo. Não quero viver sem você.
A proposta chocou-a e amedrontou-a. Não que não o amasse, mas casamento com outro magnata grego...
Ela recuou na cadeira.
— Alfonso, não posso... sinto muito, mas não posso.
— Não quer ficar comigo?
Tudo que ela queria era estar com ele, mas o casamento a apavorava. Representava possibilidade de poder e controle, e ela nunca mais queria se sentir presa de novo.
— Quero estar com você... mas casamento... — Sua voz sumiu. Sentiu a antiga pressão voltar, a sensação de medo e futilidade. — Alfonso, foi uma época tão terrível, e me destruiu quando acabou. Não posso tomar essa rota de novo.
— Pode — disse ele, levantando-se.
— Não, não posso, realmente não posso. — Ela se levantou e deixou a mesa. Sentia-se acuada, não sabia para onde fugir. Ele estava em sua casa, o proprietário do restaurante e o garçom, na cozinha, e a casa era muito pequena.
Anahi se retirou para o único aposento livre, seu quarto de dormir, mas Alfonso a seguiu. Segurou a porta para impedi-la de fechá-la.
— Você me acusou de covarde por me recusar a me recuperar — disse, mantendo a porta entreaberta. — Você disse que eu precisava ficar em pé e voltar à terra dos vivos. Talvez seja hora de você seguir seu próprio conselho. Talvez seja hora de você parar de se esconder da vida e recomeçar a viver também.
Com firmeza e insistência empurrou a porta até abri-la completamente e entrou no quarto. Anahi recuou, mas Alfonso andou em sua direção, ardente e determinado.
— Estar com você é bom, certo, agradável e saudável. Estar com você me faz feliz, e sei, embora não pudesse vê-la antes, que faz você feliz também. Não vou deixar a felicidade me escapar. Também não vou deixar você fugir. Pertencemos um ao outro.
Ela recuara até não ter mais para onde ir, presa no canto perto da cama, o coração batendo loucamente.
— Você — acrescentou, tomando-lhe as mãos e levando-as à boca, beijando cada punho fechado — me pertence.
E quando ele beijou cada um dos punhos, ela sentiu um pouco da terrível tensão em torno do coração diminuir.
Bastava o contato da pele dele na dela para acalmá-la, tranqüilizá-la. Bastava o calor dele para fazê-la se sentir segura. Protegida.
— Tenho medo — sussurrou.
— Sei que tem. Tem medo desde que perdeu seus pais, no ano anterior à festa de debutante. Foi por isso que se casou com Nico. Pensou que ele a protegeria, cuidaria de você. Pensou que estaria segura com ele.
Lágrimas nublaram-lhe os olhos.
— Mas não estava.
Ele apertou-lhe as mãos contra o peito.
— Não sou Nico, e nunca poderia feri-la. Não quando quero amá-la e ter uma família com você. Não quando quero passar cada dia do resto da minha vida com você.
Ela sentia o coração dele batendo contra suas mãos. O corpo dele era quente e rijo, e, mesmo com aquela cicatriz na face, ele era muito belo.
— Tudo o que fiz — acrescentou, abaixando a cabeça para roçar os lábios na testa dela — desde aprender a andar de novo até correr o risco da cirurgia dos olhos, foi para me ajudar a ser um homem de novo, um homem digno de você.
— Mas não sou a mulher certa...
— Não é a mulher certa? Latrea mou, olhe para você! Pode ter pavor de casamento, mas não tem pavor de mim.
— Sua voz ficou baixa e áspera. — Sei que sou quase um monstro, já ouvi pessoas falarem isso, mas você nunca se importou com meu rosto...
— Eu amo seu rosto.
As mãos dele apertaram as dela.
— Você não se curva diante de mim. Fala comigo, ri comigo, faz amor comigo. E você me faz eu me sentir inteiro.
— Sua voz se tornou mais profunda. — Com você eu sou completo.
Era exatamente como ele a fazia se sentir. Inteira. Completa. Seu coração bateu ainda mais depressa e o peito parecia ferver de emoção.
— Você faz sentido para mim como ninguém nunca fez
— acrescentou, a voz rouca. — E se você me ama, mas realmente não consegue enfrentar o casamento, então não nos casamos. Não vamos fazer nada que a preocupe ou lhe cause medo de estar presa. Não preciso de uma cerimônia ou de pôr um anel caro no seu dedo para sentir que você é minha, porque você já é. Você me pertence. Sei disso, sinto isso, acredito nisso, é tão simples e complicado assim.
Anahi olhou para ele, incapaz de acreditar na mudança por que ele passara. Era como se fosse um homem diferente, de todas as maneiras, do homem que conhecera quase três meses atrás.
— O que está errado? — perguntou, vendo a expressão dela. — Entendi mal? Talvez você não sinta isso também.
A súbita agonia em seu rosto quase lhe estraçalhou o coração. O peito de Anahi se encheu de uma emoção tão aguda e dolorosa que ela se encostou mais a ele.
— Beije-me — pediu.
Ele a beijou. Abaixou a cabeça e cobriu-lhe a boca com ã dele. O beijo se aprofundou imediatamente, seu toque e sabor familiares e, ao mesmo tempo, impossivelmente novos.
Este era seu homem, e a amava. E ela o amava mais do que pensara ser capaz de amar alguém.
Beijando-o, ela se aproximou ainda mais, os braços dele envolvendo-a, segurando-a com firmeza contra ele. Seu calor lhe deu coragem e conforto.
— Eu o amo — sussurrou contra sua boca. — Eu amo, amo, amo.
Sentiu que os cantos de sua boca se erguiam num sorriso.
— E não me importo se vamos nos casar — acrescentou
— ou apenas viver juntos, desde que estejamos um com o outro. Só quero estar com você, perto de você, todos os dias, para o resto da minha vida.
Ele levantou a cabeça e sorriu dentro dos olhos dela,
— Dizem que é bom ter cuidado com o que se deseja.
— Cada dia, para sempre.
— Giovana Anahi...
— Todos os dias, cada dia, até o fim dos tempos.
— Feito. — Ele abaixou a cabeça e beijou-a de novo.
— Agora não tem como escapar.
Ela o enlaçou em seus braços, tranqüilizada pela onda de paz perfeita.
— Suponho que, se você não vai me deixar escapar, podemos tornar isso legal.
Alfonso levantou a cabeça um pouco para olhar bem o rosto dela.
— Mudou de idéia?
Um grande nó fechou-lhe a garganta e ela admitiu, lágrimas brilhando nos olhos.
— Peça de novo. Por favor.
— Quer se casar comigo, latrea mou? — murmurou, a voz rouca de emoção.
— Sim.
Ele beijou-lhe as têmporas, o rosto e a boca.
— Por que mudou de idéia?
— Por que o amor — sussurrou, abraçando-o com força — é mais forte do que o medo. E, Alfonso Herrera, eu o amo de todo o coração. Não preciso de mais ninguém, só de você.


 


 


FIM



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Autor(a): day

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Bom ai esta a fic inteira espero que depois que lerem ela inteira gostem da história eu particularmente amei essa história,achei invrivel.... BJS AMORES MAIS TARDE PASSO O LINK DA PROXIMA FIC


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 38



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  • hadassa04 Postado em 19/06/2014 - 01:50:52

    terminei de ler mais uma fic sua, estou acompanhando todas as que tenho, gostei muito, valeu muito a penas cada minuto sentada na frente do meu not book lendo. bjo pra vc

  • daninha_ponny Postado em 06/06/2014 - 20:15:13

    day sou meio lerdinha mesmo mas só consegui per a fic completa agora e sinceramente amei amei li ela inteira hj.....bjos espero a proxima

  • franmarmentini Postado em 04/06/2014 - 07:10:29

    AMEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII A HISTÓRIA MOSTRA COMO O AMOR PODE FAZER AS PESSOAS MUDAREM O QUE ACHAM DE TUDO!!!!!!!!! NÃO SEI PQ TEM GENTE QUE NÃO TAVA GOSTANDO....ADORO FIC*S ASSIM QUE PASSAM LIÇÃO DE VIDA...QUE MOSTRAM COMO PESSOAS PODEM SUPERAR SEUS MEDOS ENCONTRANDO O AMOR...BJUSSSSSSS VOU SENTIR SAUDADES DESSA FIC* vou aguardar vc postar o próximo link bjussssss

  • franmarmentini Postado em 04/06/2014 - 07:08:59

    :( fiquei super emocionada no final.

  • franmarmentini Postado em 03/06/2014 - 15:44:48

    poxa eu amo essa história...to feliz por vc terminar de postar ela :) pena que só entrei agora na pagina da fanfics...mas já vou começar a ler... bjussss

  • franmarmentini Postado em 03/06/2014 - 15:32:32

    *-* ai meu deus acabou...

  • iza2500 Postado em 03/06/2014 - 14:43:26

    Final maravilhoso, tive vontade de esganar o Nico, aff! Tadinha da Any,mas ainda bem que o Poncho percebeu que era mentira e que a Any o ama, agora como ele descobriu o bebê? Posta o Epílogo e vc vai fazer outra fic? Se for posta o link.

  • beca Postado em 03/06/2014 - 10:53:04

    LINDO FINAL...É UMA PENA QUE ACABOU, MAS NÃO DESISTA DE ESCREVER SUAS FIC SEMPRE VOU ESTAR AQUI PARA COMENTAR.

  • beca Postado em 02/06/2014 - 20:40:46

    Sempre acompanho nem sempre da pra comentar eu amei a história

  • iza2500 Postado em 02/06/2014 - 20:04:53

    Que fofo los A *--*, apaixonados! posta mais!!!!!!


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