Fanfic: tentadora paixão (adaptada aya) | Tema: anahi e alfonso / aya/ ponny

Anahi inspirou com força quando a quente luz mediterrânea tocou os rijos planos de seu rosto. Uma cicatriz recortada percorria toda a face direita, terminando muito perto do olho. A pele ainda era rosa e delicada; mais tarde ficaria pálida, até quase se tornar da mesma cor de sua pele, desde que não tomasse sol por muito tempo.
Mas não foi pela cicatriz que ela o olhou fixamente. Também não foi a cicatriz que fez seu peito se apertar com uma terrível ternura.
Alfonso Herrera era belo. Mais do que belo. Mesmo com a cicatriz cortando como um relâmpago sua face, do canto da boca até o olho.
— Deus me deu um rosto para combinar com meu coração. Agora o lado de fora e o de dentro têm a mesma aparência — disse com dentes cerrados, as mãos contraídas no colo.
— O senhor está errado. — Anahi mal podia respirar. Suas palavras lhe causaram tanta dor, tanto sofrimento que sentiu lágrimas lhe encherem os olhos. — Se Deus lhe deu um rosto que combina com seu coração, seu coração também é belo. Porque uma cicatriz não destrói um rosto nem um coração. Apenas mostra que o senhor viveu... e amou. — Ele ficou calado, e ela continuou: — Além disso, acho que a cicatriz lhe cai bem. Era bonito demais antes.
Por um segundo ele ficou calado, depois riu, uma risada gutural, mais animal que humana.
— Finalmente alguém que me diz a verdade.
Anahi ignorou a dor que sentia. Alguma coisa sobre ele, alguma coisa sobre tudo isso, a face com a cicatriz, a vida despedaçada, a fúria, o fogo, a inteligência e a paixão, tudo a emocionou. Ninguém devia sofrer, mas de algum modo em Alfonso o sofrimento se tornava maior do que a vida, uma coisa em si mesma.
— O senhor é um homem atraente mesmo com a cicatriz — disse, ajoelhada ao lado da cadeira.
— É uma cicatriz pavorosa. Corre por toda a minha face. Posso senti-la.
— Então o senhor é muito vaidoso, sr. Herrera.
A expressão em seu rosto e a névoa em seus profundos olhos esverdeados a fizeram perder a respiração. Ele não combinava com a cadeira. Ou a cadeira não combinava com ele. Era grande demais, forte demais, demais em tudo. E era errado que a cadeira contivesse e confinasse seu corpo, sua vida, sua personalidade.
— Nenhum homem gosta de se sentir como Frankenstein — disse Alfonso com outra risada áspera. Ela soube, então, que não era seu rosto que o fazia se sentir tão derrotado, mas seu coração e sua mente. As lembranças que o assombravam, os lampejos do passado que o faziam reviver sempre o acidente. Soube por que fora assim uma vez.
Ela também revivera constantemente um incidente, parando a câmera muitas vezes, congelando a imagem ao primeiro sinal de chama, até a bola final de fogo. Mas esta era: sua história, não a dele, e não podia permitir que as próprias experiências e emoções prejudicassem seu julgamento.
Precisava recuperar o controle, recuar o mais rapidamente possível para o distanciamento profissional.
Não estava ali por ele, estava para fazer um trabalho.
Ela não era seu objeto de amor. Ele tinha um, em Atenas esperando que se recuperasse. Fora ela que insistira que ele andasse, funcionasse, visse, e era para isso que estava ali para ajudá-lo a se recuperar, ajudá-lo a voltar para ela.
— O senhor está longe de ser um Frankenstein — disse com energia, escondendo suas emoções ambivalentes. Levantou-se, alisou a saia e ajustou a blusa. — Mas, como quer elogios, vou lhe fazer um: a cicatriz combina com o senhor. Dá caráter ao seu rosto. Faz o senhor parecer menos com um modelo ou um artista de cinema e mais com um homem.
— Um homem — ele repetiu, com uma risada amarga.
— Sim, um homem. E, com alguma sorte e trabalho duro, em breve o veremos agir como um homem também.