Fanfic: Epílogo - Mica, a maga | Tema: Histórias paralelas de Lylah

O vento no deserto de Zimpur soprava contrário, as rajadas de vento cegariam normalmente os cavalos que puxavam a carruagem, mas graças a um sortilégio lançado na saída da Cidade de Teranness, Mica podia seguir a fortes galopadas...

Os mercenários que ela "conseguiu" as informações juraram que a leste da Cidade havia um templo quase completamente imerso na areia e que um cara estranho que usava uma longa túnica roxa pagou muito caro para que o guiassem até lá e o ajudassem a enfrentar os "impedimentos" do caminho...

Depois de quase duas horas galopando a uma velocidade reduzida devido as constantes tempestades de areia e de muitas paradas para lançar o Escudo Globular de Malakai - que protegia os cavalos e a si mesma - Mica observou vários cadáveres de criaturas grotescas sendo engolidas vagarosamente pelos grãos quentes de areia, eram "Ogres da Terra", as marcas de espadas e machados eram visíveis em seus corpos. Mais à frente, viu um ogre maior carbonizado, provavelmente por uma invocação mágica e pelo aspecto do corpo, era de elevado grau de complexidade, com certeza conjurada por alguém bem experiente nos assuntos mágicos...

Finalmente chegou no lugar, praticamente metade do templo estava enterrado e era perigoso se arriscar a chegar mais perto com o peso da carruagem. Lançou o globo novamente sobre a carruagem e os três cavalos, percebeu um grande buraco no telhado que estava próximo ao chão devido ao ângulo de entortamento causado pela imersão na areia, imaginou que foi por ali que o mago entrou e decidiu também entrar por lá, já que aparentemente a porta estava já dentro da areia.

Depois de alterar a gravidade ao redor do seu corpo com uma magia da Escola Psique (o que com certeza a cansou muito), Mica voou até o buraco e adentrou no templo, estava obviamente lotado de areia e era dificil se equilibrar em um chão torto. "Ascendeu" a mão esquerda com uma invocação de labaredas de fogo e seguiu pelo corredor estreito. Escutava sons estranhos de estalos e certos sussurros de vez em quando, temendo ataques espirituais tirou do bolso um Crucifixo prateado dado pelo Bispo Atorre, seu amigo, que brilhou com uma aura branca envolvendo Mica assim que saiu da sacola própria de cruzes exorcistas.

Começou a ouvir uma voz ao fundo, no que se aproximava de uma porta de pedra quebrada ao meio, se esgueirou junto ao chão para fazer o mínimo barulho, guardou o Crucifixo na sacola e recitou uma magia quase que cantando ou melhor sussurrando baixinho, seu corpo começou a ficar transparente e seus sentidos se ampliaram....

Mica não acreditava no que via, sua visão e audição aguçadíssimas graças ao canto dos elfos aprendido em Telren não a enganavam...

<< Não pode ser... é ele mesmo? É Alef, o grande? O líder do Conselho? Mas o que estará fazendo aqui? E essa aura maligna impregnada neste lugar maldito, ele não a sentiu?>>

Ele estava ajoelhado dentro de um círculo formado por velas pretas e vermelhas, mexia na areia e carregava algo nos braços, Mica tentava ver o que era, mas Alef tapa-lhe a visão. Foi quando derrepente ele gargalhou e pronunciou o sortilégio...

<< Antigo poder oculto, hoje eu Alef, o grande, ofereço este descendente de Arcana em troca dos poderes enterrados a muito tempo neste lugar, invoco os seres que habitavam este Santuário Negro, sejam físicos ou imateriais, peço que me deem sua Sabedoria e poder, a energia deste jovem será o vosso deleite, sua Essência é pura e poderosa, é filho de um dos grandes da Academia, me façam soberano sobre os demais, me deem a capacidade de invulnebalidade à magia que possuíam, assim poderei triunfar...>>

Gesticulou algo dentro do círculo e levantou um punhal escondido na manga, Mica observava paralisada pela visão, foi quando acordando da inércia, decidiu intervir. Saiu do feitiço de invisibilidade e tentou sem sucesso atingir Alef pelas costas, pois o circulo que o encerrava era na verdade uma barreira mágica de essência escura, e o mago riu...

<< Mica sua vagabunda, achou que não sabia que me seguia? Permiti que viesse até mim para que a matasse sem deixar vestígios, já estava de olho em você antes de começar a me investigar, este lugar será o seu túmulo de areia, e seus amigos não poderão ajudá-la como das outras vezes...>>

<< Alef maldito! Quer dizer que foi a seu mando que o clã foi atacado diversas vezes?! Seu monstro deixe o garoto em paz, ele nada tem a ver com sua ganância!>>

<< Cale-se vadia! E se prepare para morrer!>>

Fincou o punhal no garoto, que inconsciente nada pôde fazer, apenas agonizar baixinho. Em segundos a aura negra do escudo adentraram o corpo de Alef, seus olhos ficaram com uma tonalidade negro-avermelhada.

<< Mica você sabe que com esse poder você nunca me matará não é? Sabe que morrerá em breve!>>

<< Não tenha tanta certeza disso!>>

Mica pegou o Crucifixo e um Rosário branco, começou a oração de exorcismo, Mica tinha fé nos símbolos do Deus Único e nas palavras de Atorre que garantiu que a oração a livraria do mal pelo menos temporariamente.

<< Idiota, acha que a oração pode me vencer? Você não é uma clériga, sua oração nunca será um exorcismo potente!>>

<< Tome isto Alef!>>

"Pelo sacríficio de Deus, pela misericória e bondade, pela justiça e pelo bem, afaste-se todo o mal"

Alef ficou cego com a luz que saia dos símbolos e pelas lágrimas de dor de Mica, cheia de compaixão pela vida do menino que se esvaíra. Com um grande impacto Alef foi lançado longe pelos raios de luz.

<< Maldita, saiba que falsifiquei provas e te incriminarei no conselho, você será caçada pelos mais poderosos magos, você não terá paz no Reino da Magia, hahah... Tenho pena de você pobre infeliz.>>

Mica esgotou sua Essência e sabia que um teletransporte era a única maneira de sair dali, porém pagaria o preço de abandonar suas coisas e seus cavalos, amigos de longa data, no lado de fora. Mas essa era a única coisa a se fazer, do contrário morreria e Alef venceria não sendo descoberto.

Abriu o manto e cortou um pergaminho, escreveu o nome do lugar e o queimou ao mesmo tempo que ameaçava Alef.

<< Pagarás pelos seus pecados Alef, seja pelas minhas mãos ou as de outros, você não sairá impune tenha certeza. Aprendi que a justiça divina pode tardar, mas ela sempre vem e você pagará caro, muito caro!>>

Mica se teletransportou.

No meio da Floresta Silenciosa a milhas de distância do templo, Mica andou muito até chegar a um lugar habitado, percebeu que ali estavam uma caravana com muitos virgos, parou em uma árvore e por muito tempo ficou pensando no que faria, todos os seus sonhos de uma hora para outra desabaram sobre sua cabeça, e os traumas deste baque eram graves demais. Trocou sua roupa de Maga e as queimou, foi em direção à maior carruagem, com certeza a do líder Virgo.....