Fanfics Brasil - Capítulo 20 Um porto seguro - adapatada- Portiñón

Fanfic: Um porto seguro - adapatada- Portiñón | Tema: Portiñón


Capítulo: Capítulo 20

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Ela ficou em silêncio, sentindo-se culpada por ter falado tanto. — Ah, deixe-me perguntar... Para onde exatamente devo ir?


— Continue indo reto e entre em uma estrada de cascalhos. Fica logo depois da curva.


— A estrada de cascalhos que ladeia a fazenda?


Dulce fez que sim com a cabeça. — Essa mesma.


— Nem sabia que aquela estrada levava a algum lugar — disse ela, franzindo a testa. — É uma boa caminhada. Imagino que sejam quase três quilômetros.


— Não é tão ruim assim — retrucou ela.


— Talvez, quando o tempo está bom. Mas em um dia como hoje, você teria que voltar para casa nadando. Não há a menor condição de caminhar nesta chuva. E o desenho de Kristen ficaria arruinado.


Ela notou um rápido sorriso quando mencionou o nome de Kristen, mas Dulce não disse nada.


— Alguém comentou que você trabalha no Ivan’s — disse Any.


Dulce assentiu. — Sim, desde março.


— E o que está achando?


— Não é ruim. É apenas um emprego, mas o dono do restaurante me trata bem.


— Ivan?


— Você o conhece?


— Todos conhecem Ivan. Você sabia que todos os anos, quando chega o outono, ele se veste como um general do exército confederado para celebrar a famosa Batalha de Southport? Quando o general Sherman queimou a cidade? É ótimo ver a encenação dele... Exceto pelo fato de que nunca houve uma Batalha de Southport durante a Guerra Civil. Southport nem tinha esse nome naquela época, o lugar era chamado de Smithville. E Sherman nunca esteve a menos de 150 quilômetros daqui.


— É mesmo? — perguntou Dulce.


— Não me entenda mal. Eu gosto do Ivan, ele é uma ótima pessoa, além de o restaurante ser um dos lugares mais tradicionais da cidade. Kristen e Josh adoram os bolinhos de chuva com canela que eles servem e Ivan sempre nos recebe muito bem quando vamos lá. Mas já me apanhei imaginando qual é a motivação dele. Sua família veio da Rússia, na década de 1950. Ele foi a primeira pessoa da família que nasceu em solo americano. Provavelmente nenhum dos parentes dele chegou a ouvir falar da Guerra Civil. Mas Ivan vai passar, como sempre faz, um final de semana inteiro apontando sua espada e gritando ordens para os soldados, bem no meio da rua, em frente ao tribunal.


— Por que nunca ouvi falar nisso?


— Porque não é algo sobre o qual as pessoas da cidade gostam de falar. É meio... excêntrico, sabe? Até mesmo as pessoas daqui, aquelas que realmente gostam dele, tentam ignorá-lo. Eles verão que Ivan está brandindo sua espada no meio da cidade e vão dar meia volta, dizendo coisas como “Você percebeu como os crisântemos ao lado do tribunal estão bonitos?”.


Pela primeira vez desde que entrou no carro, Dulce sorriu. — Não sei se acredito em você.


— Não tem problema. Se você estiver por aqui em outubro, vai ver com seus próprios olhos. Mas eu insisto, não me entenda mal. Ele é um bom homem e o restaurante é ótimo. Depois de passarmos o dia na praia, nós quase sempre vamos até lá para comer alguma coisa. Da próxima vez que estivermos lá, vamos perguntar por você.


Ela hesitou. — Tudo bem.


— Ela gosta de você — disse Any. — Kristen.


— Eu também gosto dela. Ela é muito alegre e tem uma personalidade linda.


— Vou dizer isso a ela. Obrigado.


— Quantos anos ela tem?


— Cinco. Quando o outono chegar e ela começar a ir para a escola, eu não sei o que vou fazer. A loja vai ficar muito silenciosa.


— Você vai sentir falta dela — observou Dulce.


Any assentiu. — Vou sim, e muito. Eu sei que ela vai gostar de ir à escola, mas gosto de tê-la por perto.


Enquanto ele falava, a chuva continuava a castigar as janelas do carro. O céu se iluminava em meio aos relâmpagos e clarões, como se estivesse iluminado por várias lâmpadas estroboscópicas, acompanhado por um ribombar constante.


Dulce olhou pela janela do lado do passageiro, perdida em seus pensamentos. Ela esperou, sabendo que, de algum modo, ela quebraria o silêncio.


— Por quanto tempo você foi casada? — perguntou ela, finalmente.


— Cinco anos. E namoramos um ano antes disso. Eu a conheci quando estava na base de Fort Briggs.


— Você serviu no exército?


— Sim, durante 10 anos. Foi uma boa experiência e não me arrependo de ter servido. Ao mesmo tempo em que não me arrependo de ter me desligado das forças armadas.


Dulce apontou para a beira da estrada. — A entrada para minha rua fica logo adiante — disse ela.


Any entrou na ruela e diminuiu a velocidade. O leito de cascalhos da rua ficou encharcado durante a tempestade e a água respingava até a altura do para-brisa. Enquanto ele se concentrava em guiar o carro em meio às imensas poças que haviam se formado, Any percebeu, repentinamente, que aquela era a primeira vez que ela estava sozinho em um carro com uma mulher ao seu lado desde que sua esposa havia morrido.


— Em qual delas você mora? — perguntou ela, apertando os olhos para enxergar o contorno das duas cabanas.


— A da direita — disse ela.


Ela estacionou o mais próximo da entrada da casa que conseguiu.


— Vou levar suas compras até a porta.


— Você não precisa fazer isso.


— Ah, você não sabe como meus pais me criaram — disse ela, saindo do carro antes que ela pudesse reclamar. Any pegou as sacolas e correu para a varanda. Quando ela as deixou no chão e começou a agitar os braços para se secar, Dulce estava correndo em sua direção, segurando com firmeza o guarda-chuva que ela havia lhe emprestado.


— Obrigada — disse ela em voz alta, tentando suplantar o barulho da tempestade.


Quando ela lhe devolveu o guarda-chuva, ela balançou a cabeça negativamente. — Fique com ela por algum tempo. Ou para sempre. Não tem importância. Você caminha bastante, então vai precisar dele.


— Eu posso pagar por ele... — começou ela.


— Não se preocupe.


— Mas é um produto da loja.


— Como eu disse, não se preocupe com isso. Mas, se você não acha correto, traga o dinheiro da próxima vez que for à loja.


— Any, eu estou falando sério e...


Ela não a deixou terminar de falar. — Você é uma boa cliente e eu gosto de ajudar meus clientes.


Ela demorou um momento para responder. — Obrigada — disse ela finalmente. Seus olhos, que agora haviam assumido um tom verde-escuro, estavam fixos nos dela. — E obrigada por me trazer até em casa também.


Any abriu um sorriso. — Sempre que precisar.


 


************************************************************


O que fazer com as crianças. Aquela era a pergunta recorrente e impossível de responder, que ela precisava enfrentar a cada fim de semana; como de costume, não tinha a menor ideia do que fazer com os filhos naquele fim de semana.


Com a tempestade caindo furiosamente, sem qualquer sinal de que fosse perder a força, qualquer atividade ao ar livre estava fora de questão. Ela poderia levá-los ao cinema, mas não havia nenhum filme em cartaz que pudesse interessar a ambos. Any poderia simplesmente deixá-los se divertirem sozinhos por algum tempo. Sabia que muitos pais faziam aquilo. No entanto, seus filhos ainda eram pequenos, jovens demais para serem deixados totalmente sozinhos.


Além disso, eles já ficavam sozinhos por um bom tempo, improvisando maneiras de se entreter, porque Any precisava passar várias horas por dias cuidando da loja. Ela ponderava as opções que tinha enquanto fazia sanduíches de queijo quente, mas logo percebeu que sua mente insistia em pensar em Dulce. Embora ela estivesse obviamente se esforçando para passar despercebida, ela sabia que aquilo era algo quase impossível em uma cidade como Southport. Ela era bonita demais para se misturar com as pessoas dali, e quando as pessoas percebessem que ela não tinha carro e que sempre ia a pé para qualquer lugar que precisasse, seria inevitável que começassem a falar sobre isso. E perguntas sobre seu passado não tardariam a surgir.


Ela não queria que isso acontecesse. Não por razões egoístas, mas porque ela tinha o direito de levar a vida do jeito que quisesse, especialmente por ter sido esse o motivo que a trouxera a Southport. Uma vida normal, de prazeres simples. O tipo de vida que a maior parte das pessoas nem percebia que existia: poder ir a qualquer lugar que ela quisesse, a qualquer hora e morar em uma casa onde ela se sentisse segura. Mas ela também precisava de um meio de transporte.


— Ei, crianças — disse ela, colocando os sanduíches em dois pratos. — Tive uma ideia. Vamos fazer algo para a senhorita Dulce.


— Vamos! — concordou Kristen.


Josh, sempre tranquilo, concordou com um movimento de cabeça.


 



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Autor(a): portinons2vondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 9



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  • angelr Postado em 04/09/2015 - 01:32:59

    Poxa a fic é maravilhosa volta a postar prometo divulgar ela em minhas fics q posto

  • flavianaperroni Postado em 12/07/2015 - 03:13:52

    posta maaais

  • dyas Postado em 28/07/2014 - 15:42:49

    Posta mais vai... :)

  • dyas Postado em 16/07/2014 - 12:05:02

    Aaah Any pensando na Dul *-*' Continua s2

  • dyas Postado em 03/07/2014 - 09:39:14

    Continua *----*' Quero saber mais da história da Dulce.

  • dyas Postado em 11/06/2014 - 10:39:33

    Flor, posta mais! tô amando a web.

  • dyas Postado em 09/05/2014 - 20:24:17

    Continua, adorando. :)

  • lunaticas Postado em 05/05/2014 - 23:17:43

    Continua!!!!!

  • vverg Postado em 05/05/2014 - 00:05:51

    Mais uma... Up *_*


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