Fanfic: Um porto seguro - adapatada- Portiñón | Tema: Portiñón
Dulce trabalhava durante o horário do almoço e do jantar. Enquanto o dia se transformava em noite, ela gostava de observar o céu passar do azul para o cinza e depois para o laranja e o amarelo na borda ocidental do mundo. Ao pôr do sol, a água reluzia e os veleiros cruzavam as águas, empurrados pela brisa. As folhas finas nos ramos dos pinheiros pareciam brilhar. Assim que o Sol se punha no horizonte, Ivan ligava os aquecedores a gás e as espirais de metal começavam a resplandecer como abóboras de Halloween, com suas faces engraçadas. O rosto de Dulce já estava ficando um pouco queimado pelo Sol, e as ondas de calor que saíam dos aquecedores faziam sua pele arder.
Will e Dave Grandão substituíam Melody e Ucker no turno da noite. Will estava no último ano do ensino médio e ria bastante e Dave Grandão preparava os jantares no Ivan’s há quase vinte anos. Casado, com dois filhos e uma tatuagem de escorpião no antebraço direito, ele pesava quase 140 quilos e, na cozinha, seu rosto estava sempre brilhoso. Ele costumava colocar apelidos carinhosos em todos, e a chamava de Dul . A movimentação do jantar durou até as nove da noite. Quando as coisas começaram a ficar mais calmas, Dulce limpava e fechava a copa. Ela ajudava os lavadores de pratos a levar a louça para a lavadora enquanto suas últimas mesas terminavam o jantar. Uma delas estava ocupada por um casal jovem, e ela viu os anéis em seus dedos quando eles se deram as mãos por sobre a mesa. Eles eram belos e pareciam felizes, o que fez Dulce sentir um déjà-vu tomar conta de si. Há muito tempo ela tinha sido como eles, pelo menos por um momento. Ou pensou que havia sido, porque hoje sabia que aquele momento era apenas uma ilusão. Dulce desviou os olhos do casal feliz, desejando poder apagar sua memória para sempre e nunca mais voltar a ter aquela sensação.
Na manhã seguinte, Dulce foi até a varanda da sua casa com uma xícara de café, sentindo as tábuas do piso rangerem sob seus pés, e se apoiou contra o parapeito. Lírios haviam brotado em meio à grama alta que cobria um canteiro de flores, e ela levantou a xícara, apreciando o aroma enquanto tomava um gole. Ela gostava deste lugar. Southport era diferente de Boston, da Filadélfia e também de Atlantic City, com seus sons incessantes de trânsito, os odores e as pessoas correndo pelas calçadas. Além disso, era a primeira vez em sua vida que encontrara um lugar para chamar de seu. A casa não era grande, mas era sua e discreta, e isso bastava. Era uma de duas estruturas idênticas localizadas no fim de uma ruela de cascalhos, antigas cabanas usadas por caçadores com paredes de madeira construídas entre um grupo de pinheiros e carvalhos, compondo a orla de uma floresta que se estendia até o litoral. A sala e a cozinha eram pequenas e o quarto não tinha armários embutidos, mas a casa já era mobiliada, incluindo cadeiras de balanço na varanda, e o aluguel até que era barato. O lugar não estava caindo aos pedaços, mas estava coberto pela poeira devido aos vários anos em que permanecera fechado. O proprietário oferecera para comprar os produtos de limpeza e manutenção se Dulce se oferecesse para dar um jeito na casa. Desde que se mudara para lá, Dulce passava uma boa parte do seu tempo livre ajoelhada no chão ou em pé sobre cadeiras fazendo exatamente isso. Ela esfregou os azulejos e as louças do banheiro até que tudo estivesse brilhando; lavou o teto com um pano úmido e limpou as janelas com vinagre. Dulce passou horas ajoelhada na cozinha, tentando remover a ferrugem e a sujeira acumuladas no piso de linóleo. Ela cobriu os buracos na parede com massa corrida e depois lixou tudo até que a superfície estivesse lisa. Chegou até mesmo a pintar as paredes da cozinha em um tom alegre de amarelo e os armários com tinta branca brilhante. Seu quarto agora tinha paredes em tom azul-claro, a sala de estar era bege e, na semana passada, ela havia colocado uma nova capa sobre o sofá que fez com que ele parecesse ser novo em folha. Depois de completar a maior parte do trabalho, Dulce gostava de se sentar na varanda da casa durante as tardes e ler os livros que pegava emprestado na biblioteca. Além do café, a leitura era o único luxo a que ela se permitia, já que não tinha televisão, rádio, telefone celular, micro-ondas, carro, e todos os seus pertences cabiam em uma única mala.
Autor(a): portinons2vondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 9
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angelr Postado em 04/09/2015 - 01:32:59
Poxa a fic é maravilhosa volta a postar prometo divulgar ela em minhas fics q posto
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flavianaperroni Postado em 12/07/2015 - 03:13:52
posta maaais
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dyas Postado em 28/07/2014 - 15:42:49
Posta mais vai... :)
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dyas Postado em 16/07/2014 - 12:05:02
Aaah Any pensando na Dul *-*' Continua s2
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dyas Postado em 03/07/2014 - 09:39:14
Continua *----*' Quero saber mais da história da Dulce.
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dyas Postado em 11/06/2014 - 10:39:33
Flor, posta mais! tô amando a web.
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dyas Postado em 09/05/2014 - 20:24:17
Continua, adorando. :)
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lunaticas Postado em 05/05/2014 - 23:17:43
Continua!!!!!
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vverg Postado em 05/05/2014 - 00:05:51
Mais uma... Up *_*