Capítulo 12 - Hora de Desistir
Foi
melhor que o dia da graduação: o dia em que o meu emprego de meio
período acabou. Eu tinha seguramente juntado 200 dólares, mesmo com os
impostos. O suficiente para o meu velho querido pai comprar uma raquete
novinha brilhando e uma nova latinhas daquelas bolas de tênis amarelas
néon fosforescentes. Eu senti um pouco de melancolia enquanto pegava
meu suéter para sair da agência de turismo Armstrong, meu cheque bem
guardado na minha bolsa. Maite me deu um abraço apertado, um abraço de
verdade, não como os de boneca bebê de porcelana da Angelique. Eu acenei para o Big Bem, a torre Eiffel, e o pôr - do - sol havaiano. “Sinta-se livre para voltar a qualquer hora!” May disse. “Eu realmente vou sentir sua falta. Você é única, Dulce.” “Você é também!” Ela realmente era, e era legal finalmente ter criado laços com alguém diferente do usual povo de Dullsville. “Algum dia você irá achar um garoto único assim como você!” “Valeu, May!” Isso era a coisa mais carinhosa que alguém já tinha me dito. Logo
depois Kyle Garrison, o golfista profissional de Dullsville, entrou
para paquerar com a Maite. Ela tinha achado um monte de “caras únicos”
para ela mesma. Mas ela merecia.
Eu coloquei meu cheque de
pagamento no meu criado mudo e me aninhei na cama, feliz que a minha
sentença de prisão havia acabado e que poderia descontar o cheque
amanhã e entregar com orgulho o que ganhei para papai. Mas é claro que
eu não consegui dormir. Eu fiquei a noite toda acordada me perguntando
qual seria a aparência do meu cara único. Eu rezei para que ele não
usasse calças passadas como o Kyle profissional de golfe. Então eu pensei no cara da mansão. E me perguntei se já havia conhecido meu cara único.
“Porque
você está tão sorridente?” Memo perguntou no dia seguinte após o
almoço. Eu não conseguia evitar, continuei sorrindo, até mesmo para o
Memo. Eu estava feliz. “Eu estou aposentada!” Eu exclamei “Agora posso viver como eu quero!”
“Sério? Parabéns. Mas eu me acostumei a ver
você na suas roupas bonitinhas de secretária. Você pode usar elas só
pra mim agora.” Ele disse, se aproximando. “Saí fora” Eu gritei, o empurrando. “Você não vai estragar meu dia!” “Eu
não vou estragar seu dia” Ele disse, recuando. “Estou orgulhoso de
você”. Ele sorriu lindamente, mas em seu sorriso havia maldade
disfarçada. “Agora você deve ter dinheiro o suficiente para me levar
para sair. Eu gosto de filmes de terror.” “Mas eles são assustadores demais para criancinhas como você. Eu te chamo daqui a alguns anos.” Eu ri e saí andando. Dessa vez, ele não me parou. Pelo visto ele realmente não iria estragar meu dia afinal de contas.
O
oitavo período finalmente tinha acabado. Eu rapidamente fui encontrar
Annie no meu armário para um sorvete depois da escola e uma atualizada
no plano da Mansão. Havia uma multidão de alunos na frente do meu
armário. Annie tentou me guiar, mas eu passei direto por ela,
empurrando os alunos curiosos. Enquanto eu me aproximava, eles se afastavam. Eu
olhei para o meu armário e meu coração se despedaçou. Pendurada por uma
corda, presa por uma fita gomada prateada, estava a raquete de tênis
Prince de meu pai, com um bilhete que dizia “O JOGO ACABOU! EU GANHEI!!” Minha cabeça começou a girar como no Exorcista. Memo Uchoa tinha a raquete o tempo todo. Será que lê pegou no dia que o Homem Assustador veio ao colégio? Meu
corpo tremeu de fúria. Todos aqueles telefonemas tocando, todos aqueles
clientes com raiva, todos aqueles faxes chatos, o gosto doentio dos
envelopes. Assistir as pessoas voar, dirigir, esquiar pra fora de
Dullsville enquanto eu os entregava suas passagens para a liberdade.
Tudo porque o Memo estava esperando o momento certo para devolver a
raquete. Eu dei um grito que começou em minhas botas e terminou ecoando pelas paredes. Vários professores perplexos saíram para ver o que estava acontecendo. “Dulce, você está bem?” O Sr. Lenny perguntou.
Eu não sabia se minha pequena multidão havia
se dispersado ou ainda estava aqui, só via minha raquete de tênis. Eu
não conseguia respirar, muito menos falar. “O que aconteceu?” Gritou o Sr. Burns. “Você está sufocando? Tem asma?” Perguntou o Sr. Lenny. “Memo Uchoa -” Eu comecei por entre os dentes. “Sim?” “Ele foi linchado! Ele está no hospital!” “O quê? Como?” Os professores em pânico questionaram alternadamente. Eu
respirei fundo. “Eu não sei como ou onde!” Eu me virei para eles, meu
corpo tremendo de raiva e minha cabeça pronta para explodir. “Mas eu
lhes digo isso – vai ser em breve!” Os professores confusos me encararam. Eu
arranquei a raquete de tênis com toda a minha força, puxando tão forte
que a fita gomada tirou um pedaço da tinha verde do meu já detonado
armário. Eu sai revoltada da escola, sedenta por sangue. Estudantes estavam reunidos no gramado da frente, esperando por caronas. Quando não achei Trevor, marchei ao redor dos fundos. Eu o localizei no campo de futebol. Esperando por mim. Estava cercado por todo o time de futebol. Memo
tinha planejado isso. Ele tinha pacientemente esperado por esse dia
enquanto eu trabalhava impacientemente. Ele sabia que eu iria atrás
dele. Sabia que eu estaria furiosa. E agora ele poderia provar aos seus
companheiros que era o rei de novo, que tinha conseguido a garota
gótica, se não nas árvores, ao menos pela raquete. E ele queria que
todos os seus amigos presenciassem. Eu me movimentei rapidamente,
carregada pela ira e desejo por sangue. Desci o monte ao redor ao redor
do campo de futebol, treze atletas e um orgulhoso antagonista me
encaravam. Todos esperando que eu pegasse o alvo, e o alvo era Memo. Eu passei pelos esnobes do futebol e andei até Memo, apertando a raquete do meu pai, pronta para a matança. “Eu
estive com ela o tempo todo” ele confessou “Eu segui aquele mordomo
esquisito naquele dia depois da escola. Ele queria devolver
pessoalmente, mas eu lhe disse que era seu namorado. Ele pareceu
desapontado.”
“Eu estive com ela o tempo todo” ele
confessou “Eu segui aquele mordomo esquisito naquele dia depois da
escola. Ele queria devolver pessoalmente, mas eu lhe disse que era seu
namorado. Ele pareceu desapontado.” “Você lhe disse que eu era sua namorada? Nojento!” “É
mais nojento para mim, gata. Você vai estar saindo com um jogador de
futebol. Eu vou estar saindo com uma aberração de circo!” Eu empurrei a raquete para trás, para pegar impulso. “Eu ia devolvê-la mais cedo, mas você parecia muito feliz indo ao trabalho.” “Vai ter que usar mais que uma luva de golfe quando eu acabar com você desta vez!” Eu pulei pra cima dele, que pulou para trás. “Eu sabia que viria correndo atrás de mim. Garotas sempre fazem isso!” Ele anunciou orgulhosamente. O grupo de cachorrinhos dele riram. “Mas você está correndo atrás de mim também, não está, Memo?” Ele me encarou, confuso. “É
verdade”. Eu continuei. “Diga aos seus amigos! Eles estão todos aqui.
Mas tenho certeza que todos iam perceber sozinhos. Diga a eles porque
está fazendo isso!” “Do que está falando, monstrinha?” Eu podia ver
pela sua expressão que ele estava pronto para a batalha, mas não estava
esperando jogar esse tipo do jogo. “Eu estou falando de amor” Disse fingindo timidez. O
grupo inteiro riu. Eu tinha uma arma melhor que qualquer raquete de
duzentos dólares: humilhação. Acusar um jogador de ter uma queda pela
garota gótica era uma coisa, mas usar essa palavra melosa na frente de
um cara de 16 anos metido a macho com certeza iria derrubá-lo. “Você está realmente enlouquecendo!” Ele soltou. “Não
fique tão envergonhado. É um tanto fofo, verdade.” Eu disse
desaprovadoramente. “Memo Uchoa me ama! Memo Uchoa me ama!” Eu cantei. Memo não sabia o que dizer. “Você está tomando drogas, garota.” Ele declarou. “Desculpa
esfarrapada, Memo” Eu olhei para todos os seus amigos atletas esnobes e
depois o encarei. “Era tão óbvia a maneira como você se sentia, devia
ter me tocado de tudo sozinha.”
“Certo, sua palhaça! Como se eu tivesse um pôster seu na parede do meu quarto! Você não é nada além de uma aberração.” Eu fiquei mordida com a palavra aberração, mas eu deixei a dor me abastecer para a próxima rodada. “Você
não foi para Oakley Woods com um pôster. E não se vestiu como um
vampiro para impressionar um pôster. E você não escondeu a raquete do
meu pai, assim não poderia ganhar a atenção de um pôster!” Os
rapazes do futebol devem ter ficado impressionados com o meu argumento,
porque eles não me atacaram de volta ou defenderam Memo, em vez disso
esperaram para assistir o que ia acontecer a seguir. "Nenhum dos seus
amigos aqui presta atenção em mim," eu continuei. "É porque eles não se
preocupam comigo, mas você se preocupa. Você se preocupa loucamente.
Você presta atenção em mim o tempo todo." “Você é louca! Você não passa de uma garota drogada, esquisita e perdedora, e isso é tudo que você sempre vai ser!” Memo
olhou para o Poncho, que apenas sorriu desajeitada mente e deu de
ombros. Houve várias reações de seus amigos e palavras sussurradas que
eu não pude ouvir. “Você me quer tanto!” Eu gritei na cara dele “E você não pode me ter!” Ele
veio até mim, todo cambaleante, e era uma boa coisa que eu tinha a
raquete de tênis do meu para pai para me defender dos socos dele. Deve
haver algo digno de pena em um atleta furioso tentando atacar uma
garota, ou talvez a gangue de jogadores de futebol do Memo secretamente
gostava de vê-lo humilhado, porque eles o puxaram de volta e Poncho,
junto com o goleiro, entraram na minha frente como uma barreira bonita.
Nesse momento o Se. Harris soprou o apito para o treino. Não
havia tempo para agradecimentos para o Poncho e aos outros ou “Nossa,
isso foi divertido – devíamos fazer de novo”. Eu corri de volta
triunfante. Mal podia esperar para contar a Annie. Eu realmente acreditava que o Memo estava apaixonado por mim? Não. Parecia tão provável quanto a existência de vampiros.
Sr.Popular ama a Sra.Não – popular. Mas deu uma boa história, e mais importante era, todos haviam acreditado. Eu estava finalmente livre.
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