Fanfic: Adorável Mentirosa - AyA

—   E muito direto, sr. Herrera. Agora sei por que admira tanto essa qualidade.

—   Estamos entendidos?

—   Perfeitamente.

—   Que bom.

Alfonso acomodou-se na cadeira e abriu um am­plo sorriso. Anahi fítou-o, refletindo no que escre­veria a respeito dele. Era um déspota, um esnobe pouco amistoso, mas tinha a aparência de um ar­tista de cinema.

Todas as mulheres ficariam atraídas por Alfonso Herrera, pois ele possuía um forte magnetismo. Algo parecido com atração fatal.

— Você começa suas tarefas domésticas com o café da manhã — Alfonso declarou. — Não pre­cisa se preocupar com o jantar desta noite. Para o café da manhã... torradas à francesa e café, às sete em ponto. Gosto de pontualidade. Algum problema?

— Nenhum, se eu não estiver com Patty. Any perguntou a si mesma: o que seriam tor­radas à francesa.

— O almoço é servido à uma hora da tarde — ele informou. — Uma refeição leve. Pode ser a
seu gosto. Tenho certeza de que possui grande talento na cozinha.

Conforme ia escutando-o, Any pensava no ar­tigo que escreveria. Deveria ter planejado melhor sua entrada naquela casa. Penetrar na intimidade de Alfonso Herrera não seria nada fácil. Precisava ganhar a confiança dele com cuidado.

E como faria para telefonar a Pedro e pegar as roupas no hotel?

—   Quem faz as compras? — indagou, esperando ter uma chance de sair da casa.

—   Não se preocupe com isso. Henri providen­ciará o que for necessário.

Seguiu-se um breve silêncio.

—   Na verdade, prefiro eu mesma comprar os ingredientes para os meus pratos — Any falou. — Sou muito seletiva.

—   Henri também é.

—   Mas preciso sair, amanhã! Tenho de pegar o resto de minha bagagem.

—   Onde está sua bagagem? Pensei que tinha acabado de chegar de Londres.

—   Bem, eu...

Any sentiu as faces avermelharem-se. Estava pouco à vontade, e era preciso encontrar uma des­culpa para ir buscar suas roupas no hotel.

—  Vim direto da casa de uma família de Antibes — disse. — A filha deles já está em idade escolar e não precisa mais de mim.

—  Por que deixou suas coisas lá?

—  Bem... por precaução. Gosto de deixar tudo acertado antes de mudar para uma nova casa, especialmente para a casa de um homem solteiro.

—  Entendo. Não há nada a temer com relação a mim, srta. Portillo.

De alguma forma, aquelas palavras soaram mais como um insulto. Talvez Any não fosse o tipo de mulher preferido dele.

— Isso é um alívio — Any declarou com as­pereza. — Não quero más interpretações.

—    Nem eu. Não faço amizade com meus empregados.

—    Ótima atitude.

Alfonso deu uma risadinha. Any indagou a si mesma o que haveria de engraçado em ser esnobe. Ficou furiosa. Ele não riria, quando lesse o artigo que ela planejava escrever. Aquele pensamento alegrou-a.

— Também preciso ir a Antibes amanhã — Alfonso falou. — Podemos ir juntos.