Fanfic: Adorável Mentirosa - AyA

Any notou que, como já não falavam mais sobre Patty, Alfonso gostaria que ela o deixasse em paz. Podia sentir a tensão do corpo másculo. Mas, apesar daquilo, ou talvez por causa daquilo, ela deliberadamente hesitou e olhou ao redor, pou¬sando os olhos nas prateleiras repletas de livros. — Gosta realmente de escrever — comentou, levantando-se e aproximando-se da estante. Encontrou o último livro que ele escrevera, Teoria de um Assassinato, e pegou-o. — Não li este. Tornou-se roteiro de um filme, não? — Exato. Leve-o, se quiser. — Obrigada. — Any sorriu, mas não fez ne¬nhuma menção de sair do escritório. — Tenho de confessar que só li alguns livros de sua autoria. — Não é todo mundo que considera histórias sobre assassinatos e tramas políticas como uma leitura de entretenimento. — E que não tenho muito tempo para ler, por isso escolho leituras menos pesadas. — Romances? — É, romances. Um de meus preferidos é Or¬gulho e Preconceito. O senhor não coloca romance em seus livros. Por quê? Aquela era uma pergunta que Any faria, se o estivesse entrevistando, por isso esperou ansiosa pela resposta. — Amor é uma emoção poderosa — Alfonso res¬pondeu. — Uso-o ocasionalmente. Clarissa, por exemplo, em Inferno sem Fúria, foi conduzida pelo desejo. Aquilo cegou-a e transformou-a de uma mulher comum a uma assassina de sangue-frio. — É, li esse livro. — Any ficou arrepiada ao recordar as cenas de morte. — Achei-o muito bom. Seu herói... ele não se interessava por amor. — Ele tinha alguns impulsos repentinos. — Concordo. Há sexo em seus livros, mas não é o mesmo que amor, é? — Não? — Ele não se apaixonou por ninguém. Não hou¬ve um final feliz. — Não. Mas às vezes a vida é assim. Any lembrou-se de que Henri havia dito que Alfonso amara e perdera alguém. — Esse é um comentário triste — disse. — E? Acho que é uma declaração realista. — Quer dizer que não é um homem romântico? — Sou um escritor, srta. Portilla, e gosto do meu trabalho... Quando me permitem fazê-lo. Any sabia que ele queria que ela saísse do escritório, mas não ia desistir com facilidade. — Estou pertubando-o? — perguntou docemen¬te, lançando-lhe um olhar sedutor. Por um momento, os olhos de Alfonso percorre¬ram seu corpo com interesse. Aquela atitude fez com que Any ficasse arrepiada. — Está — ele respondeu. O som da campainha do telefone surpreendeu-os. Alfonso pegou o fone rapidamente. Any ficou parada onde estava observando-o. Obviamente não era do hospital porque ele relaxou ao ouvir a voz da pessoa do outro lado da linha. — Não, Ucker, ainda não há novidades — Pearce declarou. — Liguei para o hospital agora à noite, e as condições dela não mudaram. — Passou a mão nos cabelos. — Eu sei, é terrível. Pensei em voar até lá... Não sei o que fazer. E uma longa viagem, e Patty... Olhou para Cathy, então cobriu o bocal do fone com a mão e murmurou: — Não tem nada para fazer? — Tenho, sim. Any saiu devagar, para poder ouvir um pouco mais da conversa. — Patty está bem — Alfonso falou. — Eu... — Cobriu o bocal mais uma vez. — Srta. Portillo, por favor, saia. Alfonso Herrera não perdia tempo tentando ser educado. Any recordou o olhar sedutor com que o fitara havia pouco. Movimentou a cabeça nega¬tivamente, censurando-se. Tentar flertar com Alfonso Herrera era como tentar brincar com uma pantera. Saiu, fechou a porta atrás de si e subiu a escada. Foi só ela aparecer na porta do quarto, para Patty começar a chorar.