Fanfic: Adorável Mentirosa - AyA

Apesar de estar quase nua sob os len­çóis, Any suava. Estava muito can­sada, mas não conseguia dormir. A casa encontrava-se com as luzes apagadas, e o silêncio que imperava era enervante.

Any pensou em como se sentira em relação a Alfonso. Adorara o modo como ele pusera fralda na menina, talvez porque a maioria dos pais achasse aquilo uma tarefa difícil. Lembrou-se da irmã mais velha, Mari, que aos dezesseis anos as­sumira a responsabilidade de criá-la e saíra-se muito bem.

Livrou-se do lençol e olhou para o relógio sobre o criado-mudo. Eram quase três horas da madru­gada. Se ia ficar acordada, era melhor pensar no artigo que escreveria a respeito de Alfonso, em vez de se emocionar com lembranças.

Laura Houston deixara a casa pouco depois de ter tomado sua xícara de café. Any ouvira a sua voz na porta da frente, ainda tentando con­vencer Alfonso a ir à festa.

Sorriu ao recordar a resposta que a empresária recebera. Ele não era um homem fácil de ser convencido. Any gostava daquilo, assim como gos­tava da maneira como ele conversava com Patty.

Saiu da cama e abriu a janela. Apoiou-se no parapeito. Era noite de lua cheia. Ela podia ouvir o som do mar Mediterrâneo. Londres e sua vida movimentada no jornal estavam a quilômetros de distância dali.

Havia momentos, e aquele era um daqueles, em que ela pensava em largar o emprego e mudar-se para um lugar de clima tropical. Mas, como a irmã não cansava de dizer, e com sabedoria, Any era casada com a carreira.

Any já tivera um homem especial em sua vida. Anuar era fotógrafo jornalístico. Eles se conheceram num evento em Singapura. Ele era muito charmoso, e Any pensara que estava completamente apaixonada. Ficarem noi­vos fora um terrível engano, e o relacionamento acabara mal.

Agora, ela não desejava mais relacionamentos profundos. Não precisava de ninguém, não queria que sua felicidade dependesse de alguém. Com raríssimas exceções, geralmente os homens cos­tumavam desvalorizar as mulheres. Era melhor ser auto-suficiente.

O choro do bebê quebrou o silêncio. Esquecendo-se de que estava apenas de calcinha e combi­nação de seda branca, Any atravessou a porta de ligação entre seu quarto e o de Patty e aproximou-se do berço.

—    O que foi, querida? — indagou. — Venha. Pegou a menininha no colo.

—     Não entendo muito de bebês, mas sei que não se deve pegá-los no colo cada vez que choram — Alfonso falou atrás dela.

Any sentiu-se horrorizada e embaraçada. Afonso não tinha o direito -de entrar naquele aposento quando bem entendesse. Ela estava praticamente nua! O tecido da combinação era transparente!

Por alguns segundos, ficou paralisada, sem sa­ber ao certo o que fazer ou o que dizer. Devia virar-se e segurar Patty como um escudo, ou ficar de costas? Olhou o lençol que estava no berço e pegou-o, cobrindo a criança e a si mesma.