Fanfic: Adorável Mentirosa - AyA

Any nunca tinha se sentido daquele jeito em Londres. Observou o dia pela janela da cozinha, encostada na pia. Era segunda-feira de manhã, o sol brilhava sobre as águas da piscina e, a distância, as montanhas pareciam cor de púrpura contra o brilhante azul do céu.

Henri estava plantando algumas novas mudas no jardim e, ao ver Any, acenou. Patty balbuciou alegremente em sua cadeirinha e bateu a mama­deira na mesa repetidas vezes.

— Não. faça isso, querida — Any pediu, ti­rando o objeto das mãos dela.

Ao virar-se, seus olhos pousaram no telefone de parede. Tinha certeza de que Pedro estava aguardando um contato. Ele devia estar ansioso para saber o que ela havia descoberto. Any res­pirou fundo. Não ousava ligar dali, pois tinha consciência de que era muito arriscado.

Alfonso apareceu na porta. Usava calça de sarja azul-marinho e camiseta bege. Apesar de ter ido dormir tarde da noite, parecia bem-disposto.

— Bom dia — cumprimentou, acariciando os cabelos de Patty, em seguida acomodou-se à mesa. — Como ela está?

—   Patty está bem — Any respondeu, colo­cando na mesa uma garrafa de café fresco. — Ela comeu todo o mingau e parece de bom humor.

—   Ótimo.

Alfonso olhou de Patty para Any, examinando-a de cima a baixo, fazendo com que ela dese­jasse estar usando outra roupa, em vez daquele mesmo vestido branco do dia anterior.

—   E como você está? — ele perguntou. — Cansada?

—   Não, já estou totalmente recuperada — ela respondeu, prendendo uma mecha de cabelos atrás da orelha e tentando dar um tom formal à voz. — Vou preparar algo para o senhor comer. Coloquei a lista do que estou precisando por aqui, em algum lugar...

—   Não se incomode. Só quero café. — Ele apon­tou para a cadeira oposta a sua. — Por que não relaxa e me faz companhia? Outra coisa, pare de me chamar de "senhor".

Any sentou-se e observou-o despejar café em duas xícaras.

— Henri já tomou café? — ele indagou.

— Levei-lhe uma xícara, logo que ele chegou.

Era uma sensação agradável para Any, sentar-se à mesa com Alfonso e Patty. Era como se ela fizesse parte da família. De súbito, relembrou que estava naquela casa para espionar e escrever uma matéria reveladora para o jornal.

— Achei Laura Houston muito simpática — comentou, tentando convencer-se de que sua prio­ridade era o artigo para o jornal.

—   Achou? — Alfonso repetiu, parecendo desinteressado.

—   Achei. Você a conhece há muito tempo?

—   Há anos. Ela é minha empresária. Tem uma casa não muito longe daqui e também somos vi­zinhos em Londres. Eu a vejo muitas vezes.

O toque do telefone interrompeu-os, e Alfonso levantou-se para atender. Por alguns segundos, só falou a pessoa que tinha telefonado, até que ele disse, aliviado:

— Que notícia maravilhosa!

Any concluiu que era alguém do hospital fa­lando sobre Angelique Boyer.