Fanfic: Adorável Mentirosa - AyA

Any não tinha mais como discutir. Desceu do carro e aproximou-se do portão. O que iria fazer? Entrar na casa e deparar-se com um completo estranho? O que diria? Que tinha aparecido para medir o consumo de água? Pelo menos, Pearce não a veria, se ela conseguisse chegar à porta da frente.

Como será que esses portões abrem?, indagou-se, olhando-os cuidadosamente.

—   Se apertar a campainha, vão atendê-la — Alfonso sugeriu com sarcasmo.

—   Era o que eu ia fazer. — Any respondeu, lançando-lhe um olhar fulminante.

Ele tinha de ficar sentado dentro carro, ob­servando cada movimento seu? Ela respirou fun­do, controlou a raiva que sentia e olhou para a campainha.

Nada passa despercebido aos olhos de Alfonso Herrera, comentou consigo mesma, apertando o bo­tão da campainha. Em seguida, o portão abriu-se eletronicamente.

O que diria às pessoas da casa? O que Alfonso diria, se ela voltasse para o carro de mãos vazias? Talvez fosse melhor dizer a ele que a família Dubonnet fora roubada e que todos os seus pertences haviam sido levados.

Ao entrar na propriedade, condenava-se por ter mentido. "Uma mentirinha leva a outra e, antes que se perceba, estamos dentro de um enorme buraco".

O portão fechou-se.

— Escute, você tem razão, não há por que eu ficar aqui sentado, esperando! — Alfonso gritou, olhando-a por entre as grades do portão e ligando o motor do Mercedes. — Volto daqui a meia hora.

— Tudo bem.

Any suspirou, aliviada. Agora, poderia ir ao hotel, fazer as malas e ligar para Pedro.

—   Posso ajudá-la? — um homem idoso, que abri­ra a porta da frente, perguntou em francês.

—   Desculpe, acho que entrei na casa errada.

Any ficou parada, enquanto o homem cami­nhava vagarosamente em sua direção. Explicou que era a primeira vez que se encontrava naquela cidade e que procurava a casa de uma velha ami­ga. Pediu desculpas e saiu da propriedade.

Pouco depois, entrava no hotel. Tinha quinze minutos para arrumar suas coisas e dar o telefo­nema. Correu para o quarto e fez a mala o mais rápido que pôde, jogando as roupas de qualquer jeito. Consequentemente, foi difícil fechá-la. For­çou o fecho, sentando-se em cima da mala, ao mes­mo tempo em que discava para Pedro.

—   Anahi, onde esteve? — o editor perguntou, furioso. — Venho tentando entrar em contato com você há horas.

—   Estou morando na casa de Alfonso Herrera. Como babá de Patty.

—   Está brincando! Caramba, isso é maravilho­so. Bom trabalho.

—   Não é tão maravilhoso assim. Para ser ho­nesta, não sei quanto tempo mais poderei conti­nuar com essa farsa.

—   Tem visto a criança?

—   Claro! Sou eu quem cuida dela!

—   Tirou fotos? — Pedro perguntou.

— Bem, tirei algumas, e...

— Precisamos de fotos, especialmente de Alfonso Herrera com a menina. Esta deve ser sua prioridade.

—  Não posso tirar fotos de Alfonso e Patty aber­tamente. E difícil...

—  Não é difícil coisa alguma — Pedro retrucou. — Escute, você precisa de um fotógrafo. Vou providenciar um.

—  Não! Não conseguirei infiltrar ninguém na casa. Já está difícil a minha permanência lá.

—  Pelo amor de Deus, você é uma jornalista profissional. Contorne os problemas. Diga a Alfonso que seu namorado quer visitá-la, ou algo no gênero. E uma atrapalhação, essa greve nos aeroportos, mas posso enviar alguém que es­teja na Itália. De trem.

—  Não, Pedro, é muito arriscado. Escute, tenho de ir...

—   Vou telefonar para a casa dele. Tem o número?

—  Não, não tenho. Não me telefone. Alfonso vai suspeitar.

—  Não seja boba. Você é uma mulher atraente. E claro que pode ter um namorado que queira telefonar. Qual o nome que está usando?

—  Estou usando meu nome mesmo, mas não me ligue. Estou numa situação perigosa.

—  Sei como adora o perigo — Pedro declarou, rindo. — Não foi você quem implorou para <ser mandada para a guerra, no ano passado?

—   Foi, mas era diferente...

Ou não era? Any olhou para o relógio de pulso e entrou em pânico.

—  Tenho de ir — disse. — Pedro...

—  Sabe que Angelique está se recuperando muito bem? — o chefe perguntou, interrompendo-a. — Todos já sabem que Patty está com Alfonso Herrera.

—  Oh, não!