Fanfic: Adorável Mentirosa - AyA

Ao virar o rosto para a esquerda, achou que vira Anuar. A última vez que soubera dele, ele estava trabalhando na Alemanha. Como não ousava olhar para a multidão de repórteres de novo, afundou-se em seu assento.

Alfonso apertou o controle remoto para abrir o portão.

— Malditos abutres — murmurou.

Any ficou arrepiada com seu tom de voz, car­regado de raiva, que mostrava mais uma vez quanto ele desprezava os membros da imprensa. Quando ele descobrisse a verdade sobre Any, ela seria a mais desprezada.Ela só podia torcer para que estivesse longe da casa dele, quando aquilo ocorresse.

—  Eles estão apenas fazendo seu trabalho — disse, conciliadora.

—  Acha? — Alfonso lançou-lhe um olhar impa­ciente, depois franziu a testa. — Qual o problema? Você ficou pálida.

—  Não é nada.

Any ajeitou-se no banco. Sentia-se uma idiota. Aquele homem que vira na multidão não podia ser Anuar. Ele se encontrava a milhares de quilômetros dali.

— Detesto a imprensa — Alfonso declarou, irado, olhando para trás para ver se Patty estava bem.

A menininha dormia placidamente.

— Para ser sincero, acho que gostam de pro­curar problemas — ele prosseguiu, ao estacionar o carro na frente da casa. — Qual a razão do interesse em saber se vou casar com Angelique Boyer ou não?

Eu estou, Any pensou, mas encolheu os om­bros, fingindo indiferença.

—  As pessoas não têm mais com que se preocupar? — Alfonso indagou. — Aposto que a imprensa dirá que eu e você somos namorados.

—  Acho que não — ela respondeu, sentindo seu corpo aquecer-se àquela sugestão.

—  Acha que não? Digo que essas pessoas não têm escrúpulos.

Any ficou irritada.

—  Não são todos assim — replicou, mas ao mes­mo tempo pensou que sua presença naquela casa só reforçava a opinião dele. — E, a propósito, se quer viver no anonimato, deveria ser encanador, não escritor famoso.

—  É mesmo?

—  Curiosidade faz parte da natureza humana. As pessoas têm interesse pelas outras, especial­mente por gente famosa. Você não quer saber nada, a respeito de ninguém? Nunca quis saber o que uma pessoa famosa come, bebê, o que faz quando não está trabalhando, do que gosta ou não gosta, dos fatos engraçados que acontecem?

—  Acha que vai saber tudo isso, lendo um artigo de jornal? E muita inocência. Lamento, mas devia ser mais cética. Acredito que metade do que co­locam nos jornais é pura invenção. Se não conse­guem informações suficientes, apimentam a his­tória distorcendo a verdade.

Any entreabriu os lábios para protestar, para dizer que nunca escrevera nada além da verdade, que tinha orgulho de mostrar ao público fatos só­lidos e consistentes, mas as palavras morreram em sua boca.

Quase estragara a chance de conseguir uma boa reportagem, por causa de uma irritação momen­tânea. Calou-se, passou a língua nos lábios, mal acreditando que quase se entregara.

—    Ia dizer alguma coisa? — Alfonso indagou.

—    Não, nada, mas acho que todos precisam sobreviver.

—    Está sugerindo que foi crueldade minha não ter dito nada a eles?

—    Poderia ter dito alguma coisa.

—    Talvez esteja certa. Gosto de pensar em mim como um homem ponderado.

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, Alfonso deu ré no carro. Por um momento, Any achou que fosse atropelar os repórteres, mas ele apenas aproximou o carro do portão.

—    Vamos dar a eles algo que possam escrever — Alfonso declarou.

—    Como assim?

Alfonso aproximou-se dela e pegou-a pelo queixo.

—    Um beijo faria com que todos voltassem fe­lizes para casa — disse.

—    Não acho que seja uma boa idéia.

—    Por que não? Está com medo, ou não acha socialmente corre to beijar o patrão?

—    Como explicaria o beijo a Angelique Boyer?

—     Acho que não tenho de explicar nada para ninguém, mas já que perguntou, direi que estava dando um momento de alegria à imprensa.

Any arregalou os olhos e observou-o inclinar a cabeça para beijá-la. Deveria tê-lo empurrado, deveria ter lhe dado um tapa na face, mas beijou-o com paixão.