Fanfic: Adorável Mentirosa - AyA

— Alfonso, você me assustou! — Anuar protes­tou. — Não o ouvi descendo a escada.

Any estava preocupada, perguntando-se quanto da conversa Alfonso teria ouvido.

—  Não se incomoda se eu tirar uma foto, não é? — Anuar insistiu. — Dou o negativo, se quiser. Será uma grande recordação, num dia de chuva.

—  Não temos muitos dias de chuva aqui — Alfonso disse. — Mas, por falar nisso, vim avisar que o tempo está mudando. Acho melhor voltarmos.

Any começou a relaxar. A julgar por suas ma­neiras, Alfonso não tinha ouvido nada. Anuar, por outro lado, parecia inquieto.

— É mesmo? — indagou, fazendo uma careta.

— Enfrentaremos uma tempestade? Não sou bom marinheiro, com o mar agitado.  

— Tempestade? Acho que não — Alfonso res­pondeu. — O boletim anunciou tempo bom, antes
de sairmos.

Any seguiu os dois para o deque. O céu ainda estava azul, mas a brisa soprava forte, fazendo o iate dançar sobre as ondas.

—   Não me sinto bem — Anuar reclamou, encostando-se na grade.

—   Não seja bobo, querido — Laura ralhou, rin­do. — E só uma brisa. Aposto que não tinha no­tado, até que Alfonso avisou-o.

—   Bem, acho melhor irmos, antes que as coisas piorem.

Any tentou esconder um sorriso. Não via a hora de se livrar de Anuar. Laura vestiu uma camiseta por cima do biquíni e ficou na ponta dos pés para beijar Alfonso na face.

—  Eu o vejo qualquer dia desses — murmurou.

—  Apareça para jantar amanhã — Alfonso falou.

—  Às oito?

Ele movimentou a cabeça afirmativamente. Any não estava nada feliz. Ficou ao lado de Alfonso, ob­servando Laura e Anuar voltarem para o outro barco.

—  O convite inclui Anuar? — indagou.

—  Acho que ela não levará Anuar, você acha?

—  Não sei.

—  Desapontada?

—  Desapontada por ter convidado Laura para jantar, ou desapontada por Anuar não ir?

—  As duas coisas.

— Não é da minha conta quem você escolhe para jantar em sua casa, e quanto a Anuar... Para
ser honesta, não gostei dele.

—   Não? — Alfonso ergueu uma sobrancelha, irônico. — Ele pareceu gostar dê você. — Acenou para Laura, então voltou-se para Any. — De qualquer maneira, convidei Laura para jantar para falar de negócios. Quer um drinque?

—   Achei que quisesse voltar para a baía. Não há ameaça de tempestade?

—   Estamos a salvo, por enquanto.

Alfonso aproximou-se das espreguiçadeiras e pe­gou uma garrafa de vinho.

—   Bem, eu estava tomando limonada, mas... — Any encolheu os ombros. — Por que não?

—   Por que não?

Ela franziu a testa. Sentia que Alfonso estava es­tranho, que havia algo de diferente. Ele verteu vinho em dois copos, entregando um a Any. Quando seus olhares encontraram-se, ela ficou arrepiada.

Any ansiara para que Laura e Anuar partis­sem para que pudesse ficar a sós com Alfonso e contar toda a verdade. Agora que o momento havia chegado, começava a achar que não era uma boa idéia dizer quem era.

— Ainda está bravo comigo? — perguntou, recordando que antes de Laura chegar, estavam
discutindo.

Alfonso passou a mão no rosto e sorriu.