Fanfic: Bookshop Girl | Tema: Colegial

  Ótimo, estou atrasada para o meu primeiro dia de trabalho. Parecia que eu não sabia o significado de causar uma boa impressão. Onde fica esse maldito lugar!? Continuei a minha procura, dando pequenos goles no meu chai latte ainda quente, quando, de repente, um cara esbarrou em mim e derrubou toda a minha bebida. Sério, tem como esse dia melhorar? E o homem nem tentou me pedir desculpas, as pessoas nessa cidade são tão rudes! Quando finalmente cheguei ao endereço que me forneceram, me deparei com um lugar bastante agradável, parecia um das casinhas da minha cidade natal, com a sua pintura amarelo claro e as adoráveis flores nas janelas.

  Entrei na livraria e senti uma mudança enorme na atmosfera, lá fora era tudo tão agitado e caótico, enquanto aqui havia um clima convidativo e reconfortante. Comecei a me sentir tão bem, parecia que ali era o meu lugar, onde eu poderia descansar e esquecer todos os meus problemas. Nunca achei que me sentiria em casa novamente após sair de Saylorville, mas aquele lugar me deixava muito feliz. Observei a loja querendo absorver todos os detalhes, as paredes eram de um azul bebê de aparência gasta, nelas se penduravam vários quadros de artistas que eu não reconhecia. Como o chão, as estantes também eram de madeira, todas estavam cheias de livros dos mais variados gêneros, formando uma espécie de labirinto na livraria. Na loja havia diversos sofás, mesas e poltronas, todos em perfeita harmonia com o ambiente, que tinha um leve cheiro de lírios.

  Em meio ao meu transe, nem reparei que uma moça muito bonita, de aproximadamente 25 anos, estava me fitando com interesse.

  - Olá, você deve ser Vasilissa, a nova funcionária - ela disse, me avaliando.

  - Sim, mas pode me chamar de Lissa – falei olhando para baixo, me sentindo um pouco envergonhada.

  - Bom, meu nome é Thayla. Hahaha, que nome diferente – ela parecia estar se divertindo com o meu nome – Seu trabalho será ajudar aos clientes, pegar livros, esse tipo de tarefa. Venha comigo que eu vou te mostrar como procurar os livros.

  Segui Thayla pela livraria, passando por diversas estantes, até chegarmos ao nosso destino, que era um balcão com um computador, uma caixa registradora, papeis e canetas.

- Se alguém perguntar sobre algum livro é só procurar aqui – ela virou a cabeça para o computador e continuou – A loja é organizada por gênero e os livros estão em ordem alfabética de acordo com o nome do autor, não do título. Atrás do balcão há um mapa da livraria indicando onde fica qual sessão. Acho que é só isso, tem alguma dúvida?

  - Não, acho que entendi tudo.

  - Então tenha um bom dia, estarei no meu escritório, caso precise de mim – com isso, ela entrou em uma salinha e fechou a porta.

  A loja estava um tanto vazia, mas procurei ver se alguém precisava de ajuda, mas ninguém ali parecia interessado. Como percebi que eu não iria trabalhar nem tão cedo, decidi pegar um livro para ler.

  - Com licença, você pode me ajudar?

 Estava tão concentrada em meu livro, que nem reparei que alguém tinha entrado na loja. Olhei para cima e me deparei com um dos garotos mais bonitos que já vi. Ele era muito alto, bem mais alto do que os meus míseros 1,57m, ele devia ter mais de 1,90m, com olhos azuis profundos e vívidos, cabelo castanho e um semblante que parecia ter sido esculpido pelo mais talentoso artista.

  - Claro, mil desculpas, não te vi entrando – falei, sentindo que estava começando a corar.

  - Hahaha, não tem problema – enquanto dizia isso, um lindo sorriso se formou em seu rosto.

  Seu sorriso era tão perfeito e contagioso, que eu não pude evitar sorrir de volta e observar cada pedaço de seu rosto, até chegar aos seus olhos, onde segurei meu olhar, sentido a intensidade daquele simples contato. Depois de um tempo, percebi que eu devia parecer maluca, encarando-o daquela forma, então quebrei o olhar e comecei a fitar o chão, como se houvesse algo muito interessante ali.

  - Vocês tem algum livro do William Peterson?

  Quando essas palavras saíram da boca dele, me forcei a olhar para cima. Ele era lindo e ainda tinha bom gosto? Eu não estava acreditando nisso.

  - Você gosta do William Peterson? – perguntei com admiração.

  - Sim, é um dos meus escritores favoritos – disse enquanto sorria.

  - Que coincidência! Ele também é um dos meus favoritos.

  - Legal! É bem difícil encontrar alguém que conheça o trabalho dele.

  - Qual é o seu livro favorito escrito por ele? – a empolgação começou a crescer em mim e eu a deixei transparecer.

  - Hmm... Eu diria que é “A Tempestade”, esse livro contém uma das frases mais geniais que já li.

  - “A vida é como numa peça, ou aprendemos a atuar ou morremos atrás da cortina” – falamos ao mesmo tempo.

  Senti meu rosto pegando fogo e esperava que ele não percebesse a minha timidez.

  - Acho que essa é a frase que mais define a minha vida – falei, sentindo que podia confiar nele, apesar de nem saber seu nome.

  - É, eu diria que eu sou o protagonista da minha própria vida, mas as vezes acho que a cortina poderia ser melhor – ele disse com certo pesar, o olhar foi embora rapidamente, sendo substituído por um sorriso radiante – Quase me esqueci de perguntar o seu nome!

  - Ah, é Lissa, e o seu?

  - Sam. Que nome bonito Lissa, combina com a dona – enquanto pronunciava essas palavras, ele piscou um dos lindos olhos azuis e saiu da loja.

 Eu não acredito que aquele cara flertou comigo, eu sou a Vasilissa Campbell, caras não flertam comigo, eles nem reparam que eu existo! Será que aquilo foi um flerte? Ele provavelmente é assim com todo mundo, eu não sou especial. Pensei no sorriso dele e sorri também. Com Sam na minha mente, me afastei do local onde nos encontramos e fui ajudar uma senhora que entrou na loja.