Fanfic: Fire and Blood... AyA [FINALIZADA] | Tema: Anahí, Alfonso, AyA, Targaryen, Medieval

Quando regressou, a densa multidão de ofertantes abriu-se à sua frente, e ele levou o cavalo até ela.

Era uma potranca jovem, espirituosa e magnífica. Annie sabia apenas o suficiente sobre cavalos para reconhecer que aquele não era um animal vulgar. Havia algo nela que cortava a respiração. Era cinzenta como o mar de inverno, com uma crina que parecia fumo prateado.

Hesitante, estendeu a mão e afagou o pescoço do cavalo, fazendo correr os dedos pelo prateado da crina. Khal Alfonso disse qualquer coisa em dothraki e Magíster Illyrio traduziu.

– Prata para o prateado de vossos cabelos, disse o khal.

– É belíssima –murmurou Annie.

– É o orgulho do khalasar –disse Illyrio. –O costume decreta que a khaleesi deve conduzir uma montaria digna de seu lugar ao lado do khal.

Alfonso avançou e pôs-lhe as mãos na cintura. Levantou-a com tanta facilidade como se fosse uma criança e a pousou sobre a fina sela dothraki, muito menor do que aquelas a que estava acostumada. Annie ficou ali sentada, por um momento, incerta. Ninguém lhe falara daquela parte.

– O que devo fazer? –perguntou a Illyrio.

Foi Sor Jorah Mormont quem respondeu.

– Pegue nas rédeas e cavalgue. Não precisa ir longe.

Nervosa, juntou as rédeas nas mãos e fez deslizar os pés para os pequenos estribos. Não passava de uma cavaleira razoável; passara muito mais tempo viajando em navios, carroças e liteiras do que sobre o dorso de cavalos. Rezando para não cair e envergonhar-se, deu à potranca o mais tímido dos toques com os joelhos.

E pela primeira vez nas últimas horas esqueceu-se de ter medo. Ou talvez pela primeira vez desde sempre. A potranca cinzenta prateada avançou com um porte suave e sedoso, enquanto a multidão abria alas para deixá-la passar, com todos os olhos postos nelas. Annie deu por si avançando mais depressa do que tencionara, mas isso, de algum modo, era excitante, em vez de aterrador. O cavalo pôs-se a trote e ela sorriu. Os dothrakis precipitavam-se para abrir caminho.

A mais ligeira pressão com as pernas, ao menor toque de rédeas, a égua respondia. Annie a colocara a galope,e agora os dothrakis assobiavam, gargalhavam e gritavam-lhe enquanto saltavam para longe do seu caminho. Quando virou para regressar, uma cova de fogueira surgiu-lhe à frente, diretamente em seu caminho. Estavam cercadas de ambos os lados, sem espaço para parar. Uma coragem que nunca conhecera encheu então Anahí e ela deu liberdade à potranca.

O cavalo prateado saltou sobre as chamas como se tivesse asas.

Quando refreou o animal junto a Magíster Illyrio, disse:

– Diga a Khal Alfonso que me ofereceu o vento -o gordo pentoshi repetiu as palavras em dothraki enquanto afagava a barba amarela, e Annie viu o novo marido sorrir pela primeira vez.

A última fatia de sol desapareceu por trás das grandes muralhas de Pentos, para oeste. Annie perdera por completo a noção das horas. Khal Alfonso ordenou aos companheiros de sangue para lhe trazerem o cavalo, um esguio garanhão vermelho. Enquanto o khal selava o cavalo, Viserys esgueirou-se até junto de Annie, enterrou os dedos em sua perna e disse:

– Dê-lhe prazer, minha doce irmã, se não juro que verá o dragão acordar como nunca acordou antes.

O medo regressou com as palavras do irmão. Sentiu-se de novo uma criança, apenas com dezesseis anos e completamente só, mal preparada para o que estava prestes a lhe acontecer.