Fanfic: No Último Verão... | Tema: Original

  Eu andava para longe da minha casa, correndo pela praia de Malibu.
  Minha história devia ser uma das mais infelizes da cidade: muito dinheiro, tanto dinheiro que não sabia com o quê gastar, amizades interesseiras, pai violentos, mão morta... e câncer.
  Minha família era um lixo ! Há muito tempo eu não recebia carinho de pai ou mãe. Eu era sozinha.
  Meu nome é Amy Marry Collins. Tenho 15 anos. Fui diagnosticada com leucemia, descobri isso há 4 anos, não reajo a qualquer tratamento que eu tente fazer, é um caso perdido... e o pior é que eu não sei se amanhã eu vou estar pior do que hoje, ou se vou estar melhor, nem os médicos sabem dizer quanto tempo ainda tenho.
  É triste, eu sei.
  Meu pai se chama Petter Anthony Collins. E tenho 3 irmãos. Uma das mais velhas se chama Annie, ela tem 20 anos, o mais velho da família se chama Ethan, ele tem 24 anos e o Caleb, o mais novo, só tem 12 anos.
  Todos já sabiam da minha doença.
  Minha mãe foi Nina Marry Collins, ela morreu há 3 anos, no dia em que descobri minha doença. Minha mãe era a única pessoa que me entendia no mundo inteiro. Era.
  Meu pai... bem, digamos que ninguém mereça ter um pai igual ao meu. Ele estava dirigindo o carro com a minha mãe dentro... há 4 anos, quando perdeu o controle e o carro capotou para fora da estrada. Por ele sentir culpa da morte da mamãe, desconta toda sua raiva em mim. Annie é a única filha que tem sua atenção. Eles eram iguaizinhos.
  Todos nós, menos Annie, já planejamos várias tentativas de fuga, mas sempre que saíamos de casa, ele chamava a polícia atrás de nós. Ele não nos deixava sair de casa, simplesmente, porque era um homem solitário, por mais que ele nos maltratasse, ele precisava de nós, ele não iria conseguir viver numa casa vazia.
  - Amy ? - ouvi alguém me chamar, e abri os olhos.
  Agora eu estava sentada em um tronco de árvore, jogada na areia da praia.
  Eu olhei para trás, para a direção da voz, era Ethan.
  - Oi, Ethan - disse baixo.
  - Não está ficando tarde ? - ele disse, se sentando ao meu lado.
  - Ethan, você sabe que eu fico na praia até o pôr – do – sol acabar. – respondi. – Eu fazia isso com a mamãe.
  - É, eu sei.
  Encostei minha cabeça em seu ombro.
  - Ethan?
  - O que foi, querida?
  - Está piorando. Encontrei outra mancha na barriga ontem.
  - Amy, vai ficar tudo bem.
  - Não vai, não, Ethan, e quero que você e Caleb estejam preparados para-
  - Que conversa é essa, Amy? – ele gritou e me empurrou.
  - Você sabe o que vai acontecer, Ethan, sabe mais do que ninguém o que vai acontecer comigo.
  - Chega, Amy! Vamos para casa.
  - Não! Vou esperar o pôr - do - sol. Por quê não fica aqui comigo?
  - Tudo bem, mas só se você parar com essa conversa de "ficarem preparados".
  - Tá bom, eu paro.
  - Obrigado.
  Mais tarde, quando o pôr - do - sol acabou, fomos para casa.
  - Onde estavam ?! - meu pai começou a gritar quando eu e Ethan entramos.
  - Na praia. - eu respondi.
  - Vá já para a cozinha, estou com fome ! - ele me agarrou pelo braço com força.
  - Eu não vou fazer comida nenhuma! - comecei a gritar. - Por quê não pede para a sua querida Annie?
  - Porque eu estou mandando você! E não grite comigo, mocinha!
  - Quem está com fome é o senhor, faça você mesmo sua comida.
  Eu afastei meu braço de sua mão pesada.
  Vi meu pai ficar vermelho, e de repente a mão dele acertou um lado de meu rosto. Depois ele levantou novamente a mão.
  - Pare! - Ethan o afastou de mim, antes que ele me desse outra bofetada - Amy, vá para o quarto.
  Eu corri subindo as escadas, sentia os pesados passos do meu pai correndo atrás de mim. Corri mais rápido. Assim que entrei no meu quarto enorme, fechei a porta e a tranquei. Ethan estava machucado, eu tinha certeza, ele não teria deixado meu pai correr atrás de mim.
  Fui para a frente do espelho, o lado esquerdo do meu rosto estava vermelho, e o meu braço.. bem, eu podia ter certeza que ali estaria roxo no dia seguinte.
  Bem, isso é minha rotina. Vivi recebendo ordens por 1 ano, e apanhando por 3 anos. Eu não tinha coragem de denunciá-lo a Polícia, se ele fosse embora, eu e Caleb teríamos que ficar com Annie e, acredite, ela é muito pior que meu pai.
  Deitei na minha cama.
  Amanhã vai ser um outro dia longo. Ah! Eu odeio essa vida!
  E eu odiava mesmo, eu rezava todo dia para que algum milagre chegasse na minha vida no dia seguinte e, até agora, nenhuma das minhas preces foram atendidas.
  - Veremos amanhã. - eu disse, me virei de lado na cama enorme, e dormi.