Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)
Falkirk, Escócia, 22 de julho, 1298
Por mais incrível que pudesse parecer, havia uma certa magia na guerra. Verdade que era uma magia macabra e sórdida, mas o fato era que ela estava lá e era capaz de hipnotizar um homem, deixando-o à mercê da própria sorte, o que, em muitos casos, também significava morte.
A visão das flechas cruzando o céu era impressionante, algo que um homem jamais esqueceria, por mais que vivesse. Nem mesmo um guerreiro experiente poderia lhes ser indiferente.
Elas apareciam de repente no céu azul, como se vindas do nada, ou quiçá de algum reino misterioso perdido entre o céu e o inferno. Eram ágeis, certeiras e... mortais. A princípio, assemelhavam-se a uma bem-coordenada revoada de pássaros adejando em busca das alturas, e então, quando menos se esperava, transformavam-se em audaciosas damas da morte, invertendo seu curso e caindo como uma chuva fatal à procura de novas vítimas.
Um zunido mágico e ensurdecedor as precedia naquela jornada. Pouco depois, gritos... mais gritos e gemidos dos desafortunados por elas atingidos.
E era exatamente isso que o jovem guerreiro Alfonso Graham ouvia agora: gritos desesperados de seus bravos irmãos e companheiros escoceses que tinham sido atingidos pelas flechas dos inimigos. Ainda que quisesse ajudar, a experiência lhe dizia que quase sempre era tarde demais para se fazer alguma coisa pelos infelizes.
Flechas mergulhavam-lhes nas carnes, fazendo o sangue jorrar em profusão, partindo ossos e ferindo órgãos vitais. Alguns gritavam, outros gemiam, então caíam agonizantes.
Impiedosas como todo inimigo o é, as flechas inglesas também feriram centenas de cavalos do Exército escocês, levando um infindável número de guerreiros ao chão e diminuindo as chances de vitória dos aliados de sir William Wallace, mais conhecido como Coração Valente.
No entanto, Alfonso não tinha tempo para devaneios ou considerações filosóficas sobre a guerra, pois naquele instante a infantaria começou a espalhar-se pelo terreno e a cavalaria tomou seu lugar na sangrenta frente de batalha.
— Agüentem firme! Protejam suas retaguardas! — John Graham gritou do alto de seu corcel negro.
Apesar do medo, Alfonso sabia que tinham uma certa vantagem sobre os ingleses. William Wallace, líder escocês, tinha experiência e conhecimento o bastante para escolher o campo de batalha que mais favorecia seus homens, embora o rei Eduardo I da Inglaterra tivesse um imenso Exército formado por cavalaria e também por combatentes em terra.
Naquele dia, sir William havia escolhido lutar do lado de Callander Wood. Ali, as água de um riacho se encontravam com as de outra corredeira que serpenteava pelo vale desde Glen Village, o que tomava o terreno pelo qual os ingleses tinham de passar alagadiço e escorregadio, servindo não só para retardá-los, mas também para impedir que muitos guerreiros e animais continuassem na batalha.
No entanto, contrariando todas as expectativas dos líderes escoceses, nesse dia os ingleses estavam conseguindo vencer aquela barreira natural e chegavam aos milhares para atacar os insurgentes, que agora precisavam recuar para evitar um massacre ainda maior.
— Recuem, recuem! — John Graham gritou novamente.
Alfonso se voltou para o primo mais velho. Quem seria idiota o bastante para avançar em direção ao inimigo? Era óbvio que eles estavam com uma grande vantagem sobre os escoceses. Além do quê, qualquer um podia ver a salva de flechas e a destruição que ela causara. E pensar que a batalha mal havia começado!
Em meio aos gritos e gemidos, Alfonso podia ouvir o som das patas dos animais batendo contra o solo, e também o tilintar dos arreios e selas usados pelos guerreiros mais ricos, cujas posses lhes permitiam tais regalias. Seu próprio animal, Aquiles, batia nervosamente as patas no chão, enquanto o caos se espalhava ao redor deles.
Mais flechas tinham sido lançadas pelos arqueiros ingleses e galeses. Homens e animais continuavam a cair por terra, vítimas da ignomínia e ânsia pelo poder dos ingleses. Ainda assim, era preciso admitir que Eduardo I da Inglaterra não era tolo, e muito menos covarde.
Aliás, era óbvio que o rei inglês e seus aliados haviam planejado tudo com muito cuidado. Primeiro, ele atacara e conquistara o País de Gales, do qual herdara os famosos arqueiros que agora lhes conferiam vantagem naquela batalha. Como se não bastasse, Eduardo também trouxera outros guerreiros experientes consigo, alguns mercenários germânicos, italianos e até mesmo normandos, com os quais costumava estar em constante disputa pelo poder e pelo trono.
Mas por que tentar compreender a lógica bélica, se a guerra era algo que, por si só, fugia à compreensão humana, Alfonso ralhou consigo mesmo.
Uma prova de tal incongruência era o fato de muitos escoceses estarem agora marchando ao lado do Exército inglês para destruir os próprios irmãos. Alfonso acreditava que esses seus compatriotas eram covardes que temiam que William Wallace não tivesse a menor chance contra o Exército de Eduardo I, homens que não lutavam por convicção, mas por fortuna e poder.
— Que Deus nos ajude! — gritou um dos companheiros de Alfonso, trazendo-o de volta à realidade.
Após quase uma hora de combate, os cavaleiros ingleses tinham conseguido cruzar a peculiar barreira de proteção dos escoceses, conhecida como schiltron, uma formação que em muito se assemelhava a um porco-espinho, pois os guerreiros ficavam de costas um para o outro e apontavam suas lanças para a área externa, ferindo o inimigo e dificultando o avanço deles. Agora, porém, a luta já era travada homem a homem, corpo a corpo.
Àquela altura, os escoceses se defendiam como podiam. Embora estivessem em menor número, e suas armas fossem mais rudimentares e precárias, eram muito hábeis com seus escudos e conseguiam proteger-se das investidas dos inimigos, mas isso seria por pouco tempo. Logo não poderiam mais resistir e, fatalmente, sucumbiriam às forças inglesas. Ao ver que um dos mais antigos defensores de William Wallace havia sido atingido por uma flecha na altura do quadril, e que agora jazia no solo lamacento, Alfonso desmontou e tentou ajudar o velho guerreiro. Afinal, se não o fizesse, ele morreria ali mesmo, pisoteado pelos animais e por outros guerreiros em fuga, ou então, sangria até a morte. Durante alguns segundos, Alfonso tentou remover a flecha que penetrara na carne de MacCaffery, mas seus esforços foram em vão. Quanto mais tentava, mais a flecha assassina se enterrava na carne e aumentava a profundidade do ferimento.
— Se não puder tirá-la, quebre-a! — MacCaffery grunhiu por entre os dentes, ao perceber que não havia alternativa para seu calvário.
— Não posso. Seria muito doloroso para você.
— Claro que pode! — teimou o homem ferido, erguendo o rosto enrugado para encarar Alfonso. — Por acaso não tem força ou coragem suficiente para fazê-lo, rapaz?
MacCaffery o estava provocando propositalmente, Alfonso sabia disso, e tinha de admitir que a tática do velho guerreiro estava surtindo efeito. Tomado de uma ira súbita, ele agarrou a parte posterior da flecha, cerrou os dentes e puxou-a cora toda força.
A flecha saiu, mas o ferimento ficou exposto e foi preciso ainda mais coragem para improvisar uma bandagem com o lenço de linho que trazia sob a túnica.
— Seu velho tolo! — Alfonso resmungou, fitando o companheiro com pesar. Podia muito bem imaginar o quanto aquilo tinha sido doloroso.
— Posso ser tolo, mas o importante é que sou um tolo livre! — MacCaffery exclamou com orgulho. Os cabelos grisalhos do velho escocês estavam molhados pelo suor, mas nem por um minuto ele gritara ou gemera de dor. — E é assim que quero morrer, meu jovem, livre. Nunca vou deixar que um inglês me dê ordens em minha própria terra. Na terra que meus pais e meus antepassados cultivaram para poder dar a seus filhos a maior de todas as dádivas: a liberdade.
“Morrer?”, Alfonso repetiu mentalmente o que o velho guerreiro acabava de dizer. Será que MacCaffery também pressentia que aquela batalha não terminaria bem para sir Wallace e seus aliados?
Alfonso estremeceu. Só de pensar em tal possibilidade sentia o coração contrair-se dentro do peito. Ah, não deveriam ter lutado naquele dia! Melhor seria se tivessem continuado a seguir rumo ao norte.
Afinal, se o tivessem feito, poderiam acabar com todas as reservas de mantimentos pelas vilas por onde passassem, e assim, quando os ingleses tentassem segui-los, acabariam perdendo muitos homens por falta de comida e mantimentos. Sim, os inimigos não teriam como reabastecer seu exército e a fome e a sede os matariam ou, pelo menos, enfraqueceriam.
E pensar que apenas um ano antes os escoceses tinham lutado contra o Exército inimigo na batalha de Stirling Bridge e triunfado! Era por isso que desde aquele dia a Escócia era uma terra livre. O grande barão do Norte, Andrew de Moray, havia morrido logo após a batalha, pois fora mortalmente ferido em combate, mas até o último minuto, o maior e mais respeitado sobrevivente de Stirling, sir William Wallace, mantivera o selo do barão nas correspondências oficiais do reino.
Desde então, Wallace era considerado o guardião oficial do reino da Escócia e lutava bravamente para defendê-la da ânsia de conquista dos ingleses. E uma coisa era preciso reconhecer, sir Wallace, ou Coração Valente, como todos o chamavam, dera algo a seu povo que eles nunca haviam tido antes: orgulho. Sim, o orgulho de ser o que eram e, mais ainda, orgulho do legado que seus antepassados haviam lhes deixado.
Autor(a): traumayahd
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— Sai já daqui, rapaz! — a voz do velho MacCaffery o trouxe de volta à realidade e Alfonso virou-se bem a tempo de ver um cavaleiro, trazendo as armas e o brasão da Casa de York, aproximar-se para atacá-lo. No entanto, Alfonso Graham era um hábil guerreiro e foi mais rápido que o inimigo. Com um movimento ágil, er ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 73
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franmarmentini♥ Postado em 30/04/2016 - 16:23:07
CADE VC ????????????????????????
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franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 16:14:25
OLÁAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso
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kalita Postado em 03/10/2014 - 22:16:04
E lá vamos nós para mais um mês sem posts.
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kalita Postado em 08/09/2014 - 22:18:22
Mais um mês se passou e vc não voltou!!!! :(((((((((((((((((((((((((((
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kalita Postado em 09/08/2014 - 11:43:09
Cadê tu, cê ta legal??
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kalita Postado em 09/08/2014 - 11:42:02
volta posta pleaseeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
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kalita Postado em 09/08/2014 - 11:41:18
eiiii 2 meses já e vc não vem postar aquiii ;/
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jeanne_portilla Postado em 23/07/2014 - 23:39:39
Posta porfavorrrrrrrr
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jeanne_portilla Postado em 23/07/2014 - 23:39:02
Nova leitora Posta mais porfavorrrrr
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kalita Postado em 05/07/2014 - 23:29:29
Volta loooogo!