Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

Capítulo II

Alfonso Graham parou e olhou incrédulo para o mar. Pelos céus, aquela mulher era louca! Havia mergulhado nas águas agitadas do mar irlandês em pleno inverno! Será que não tinha percebido que o tempo estava mudando rapidamente e que o dia, que até então estivera agradável, ficara escuro e nublado, numa silenciosa promessa de que uma tempestade se abateria sobre eles?
Ah, os ingleses eram mesmo uns idiotas egocêntricos! Bem, não era problema seu. Alfonso deu de ombros. A escolha fora dela. Então que se afogasse em alto-mar!
Por um breve instante, a amargura o dominou. Lembrou-se de que uma vez já tivera compaixão daquela jovem impetuosa e o que recebera em troca fora justamente a traição. Quase morrera por causa do ferimento na cabeça e levara um ano para se recuperar totalmente.
Agora, quando menos esperava, a encontrava outra vez em uma estranha situação de confronto que, em princípio, nem deveria existir. Nenhuma dama em sã consciência ousaria enfrentar um pirata ou alguém que abordava um navio em alto-mar. O que ela tinha na cabeça? Vento?
Eram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que Alfonso nem sabia ao certo o que pensar. Depois de três longos anos, sua ânsia por vingança tinha diminuído e fora uma completa surpresa reencontrá-la a bordo do navio inglês. Claro que muito tempo havia se passado e que os dois tinham mudado bastante, por isso demorara a reconhecê-la, mas isso fatalmente acabaria acontecendo, pois aqueles olhos azuis eram inesquecíveis e Alfonso sabia que os reconheceria em qualquer lugar, mesmo se cinqüenta anos tivessem se passado e as feições juvenis se transformado em um rosto enrugado e sem vida.
— Ah, maldição! — ele praguejou quando a imaginou sendo sepultada nas profundezas do mar. Então, movido por um impulso que nem ao certo sabia de onde vinha, subiu no gradil de madeira e saltou para as águas gélidas do mar irlandês.
As ondas o jogaram impiedosamente de um lado para outro e ele sentiu seus ossos congelarem por causa da baixa temperatura. De onde estava, também podia vê-la sendo levada pela correnteza.
Mas lady Anahí de Clarin não era uma mulher que se entregava facilmente às agruras do destino. Por mais intensa que fosse a força das águas, ela continuava lutando bravamente para não submergir. Os braços longos e esguios moviam-se com agilidade, e com as pernas graciosas ela dava impulso ao corpo, tentando afastar-se da embarcação inglesa e daqueles a quem considerava seus piores inimigos.
Alfonso emergiu, encheu o peito de ar e praguejou baixinho ao ver que ela estava vários metros a sua frente. Sem alternativa, mergulhou mais uma vez, tentando não sucumbir à poderosa força das águas do mar irlandês. Por inúmeras vezes, emergiu e mergulhou novamente, mas Anahí continuava na dianteira.
Para sua surpresa, ela era uma exímia nadadora. Afinal, se não o fosse, já teria sido tragada para as profundezas escuras do oceano e ele teria de conviver com mais essa culpa em sua consciência- Ainda que fosse um bravo guerreiro, a morte era algo que preferia evitar a todo custo.
Irritado, moveu-se o mais rápido que pôde e quase conseguiu segurar a barra do longo vestido púrpura que Anahí usava, e que agora enroscava-se nas pernas esguias conforme tentava nadar.
Ao perceber que Alfonso estava se aproximando, Anahí olhou para trás e puxou rapidamente o traje que, por certo, já fora um elegante vestido usado na corte de Londres.
Então, antes que Alfonso pudesse se dar conta do que estava acontecendo, ela tirou uma faca de algum lugar próximo à cintura do vestido e virou a lâmina em direção a ele.
Pelos céus, aquela mulher era mesmo insana! Nunca deixava de surpreendê-lo! Quando estava tentando salvá-la, ela fazia menção de feri-lo? Como poderia ser isso?
No entanto, Alfonso logo ficou ainda mais surpreso quando em lugar de atacá-lo, como imaginou que ela faria, Anahí simplesmente inclinou o corpo e cortou a longa cauda do vestido, libertando-se do tecido que lhe enroscava nas pernas e a impedia de nadar mais rápido.
Agora sim, conseguiria fugir de seu algoz!, pensou ela. Mas fugir para onde? Até que ponto conseguiria nadar num mar revolto e gélido, antes de sucumbir à força das águas? Ao perceber o que estava acontecendo, Alfonso empenhou-se ainda mais em alcançá-la e tirá-la da água o mais rápido possível. Embora a conhecesse pouco, sabia que ela estava agindo por impulso e que não parará para considerar as reais implicações do gesto insano.
Experimentando um misto de fúria e preocupação, Alfonso emergiu para encher os pulmões de ar, depois voltou a mergulhar e nadou em direção a Anahí. Desta vez, conseguiu segurá-la pelo tornozelo e a puxou para junto de si.
Ela virou-se para encará-lo e os olhos azuis expressavam toda sua indignação. Ainda assim, a maneira como os cabelos dourados flutuavam em torno do rosto delicado a fazia parecer uma ninfa das águas.
Por que uma mulher tão bela tinha de ser tão irascível?, Alfonso perguntou-se. Porém, ele não tinha tempo para procurar respostas. A tempestade cairia a qualquer momento e ficaria mais difícil regressar ao navio. Assim, segurando-a com firmeza, emergiu e começou a nadar em direção ao Wasp.

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kalita: Calma, aqui está o capítulo, KKKKKKKKKKKKK não se desespere.

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