Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

Embora o navio que abrigava uma tripulação de nórdicos e escoceses fosse uma embarcação estreita e longa, era óbvio que fora construído para deslizar rapidamente sobre ás águas e também para oferecer um certo conforto a seus ocupantes. Uma vez ali, Anahí fora levada para o convés inferior, onde, ao que tudo indicava, ficavam os aposentos dos marujos.
A cabine que lhe fora destinada ficava no finai do longo corredor e, apesar de pequena, parecia muito organizada, com uma larga cama, uma estante de livros e uma escrivaninha com mapas de navegação. Enfim, o aposento oferecia todo conforto e praticidade que alguém poderia necessitar em uma longa viagem pelos mares.
Certamente aquela cabine deveria ter um dono, mas quem seria? Não havia nenhum objeto pessoal à vista e, para surpresa de Anahí, ela logo descobriu que a arca com seus pertences fora trazida do navio inglês e já estava colocada ali, próximo à cama.
O coração batia descompassado dentro do peito. Ouvira quando os homens mencionaram William Wallace, o que só fez seu pavor crescer ainda mais, pois dizia-se que o rebelde escocês não tinha a menor compaixão por seus inimigos ingleses. Ela própria já sabia disso, uma vez que fora por causa do líder escocês que acabara se envolvendo na batalha de Falkirk, e também era, indiretamente, por causa dele que estava ali naquele momento, seguindo para a França para encontrar um noivo rico que pudesse ajudá-la a salvar o Castelo de Clarin, devastado pela guerra contra os higlanders, como eram conhecidos os habitantes das Terras Altas escocesas.
Collum, o marujo nórdico que manobrara o bote que os resgatara do mar, a acompanhou até a cabine e parou na soleira da porta.
— Se precisar de alguma coisa, milady... — ele falou, tentando ser gentil.
— Preciso de minha criada pessoal — Anahí disse, virando-se com expressão taciturna. — Onde ela está?
— Só posso dizer que sua criada está bem, milady.
— Pode trazê-la até aqui?
— Não, agora não.
— Quando, então?
— Não sei dizer. Não sou eu quem tomo essas decisões, milady.
— Ah, claro, você deve servir àquele bárbaro que me retirou do mar!
— Sim, milady. Alfonso é quem dá as ordens por aqui. Mas, se me permite, sugiro que a senhora troque essa roupa molhada por algo mais quente. Está tremendo de frio e sua pele está inteiramente azulada. Vai acabar adoecendo e não leremos recursos para tratá-la.
Anahí sabia que o marujo só estava tentando ser gentil, mas não havia como esquecer que ele era um aliado dos escoceses e que, portanto, também lutava contra seu povo.
— Vai me trancar aqui? — perguntou, dando-se conta de que, como prisioneira, provavelmente não poderia circular pela embarcação.
Collum assentiu.
O velho pavor de lugares fechados voltou a dominá-la e ela precisou fazer um esforço hercúleo para se controlar. Ao vê-la calada, o marujo se afastou e trancou a porta de madeira, deixando-a sozinha com seus fantasmas interiores.
Anahí ainda tentou resistir, mas então, movida por um impulso, correu até a porta e bateu com força. — Ei, espere um pouco!
Alguns instantes se passaram. Seguiu-se, então, o som de trincos sendo removidos e logo a porta foi aberta.
Mas não era Collum que estava ali, e sim o belo escocês de cabelos longos, a quem todos chamavam Alfonso, o mesmo que ela ferira na batalha de Falkirk e a quem odiava com todas as suas forças.
— Sim, milady. Deseja alguma coisa?
Anahí deu um passo atrás.