Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

— Não diga asneiras, irmão. Anahí é minha responsabilidade. Portanto, é meu dever como parente mais velho cuidar para que ela se case e ocupe um lugar de respeito na corte. Quanto a você, minha cara prima, é seu dever continuar a linhagem de seu pai. Como ousa recusar-se a cumprir sua obrigação para com aquele a quem diz ter amado tanto?

— Eu adorava meu pai! — Anahí exclamou aborrecida.

— E ele a deixou sob meus cuidados. Ainda assim, você teima em desprezar todos os meus esforços para honrar o nome e a família do senhor meu tio.

Anahí respirou fundo.

— Jack — disse ela, enquanto apertava os dedos nervosamente —, escute-me uma vez pelo menos, sim? Sabemos que o conde Gireaux é muito cruel com seus serviçais. Ele usa um palavreado vulgar quando fala e também costuma ser impiedoso nas batalhas...

— Ser impiedoso em uma batalha é considerado uma virtude, especialmente por nosso amado rei — ironizou Rodrigo, interrompendo-a. Mais uma vez Jack o retalhou com o olhar.

— Sim, o homem é cruel, vulgar, impiedoso, cheira mal c não tem nenhum senso de justiça.

— E você acha que alguém pode pensar em senso de justiça nos tempos em que vivemos? — Jack perguntou, arqueando levemente a sobrancelha.

Um tremor a percorreu. Isso acontecia sempre que se lembrava do ataque dos escoceses e do imenso terror que acometera o castelo e seus arredores. O fogo se espalhara rapidamente e muitos inocentes tinham morrido. Onde estava a justiça naquela ocasião?

— Sei que em tempos de guerra a justiça é um luxo a que poucos podem se dar — Anahí respondeu, tentando imprimir um tom de dignidade a sua voz melodiosa. — Ainda assim, os homens devem tentar agir como cavalheiros honrados. Acho que o conde Gireaux não sabe nem qual é o significado desta palavra. Ele é a pessoa mais desagradável e...

— O conde é um animal. — Rodrigo disse com um sorriso.

— Um animal, meu bem, mas um animal dono de uma imensa fortuna.

— É isso que estou tentando dizer. Ele é rude, mal-educado, grosseiro, e não existe a menor possibilidade de sermos felizes juntos.

— E quem disse que casamento deve ser sinônimo de felicidade? Você conhece minha esposa, não? — Rodrigo gracejou com uma careta, interrompendo-a novamente.

— Sim, e veja onde ela está agora e onde você está, meu primo — Anahí comentou. Não tivera a intenção de ser rude ou cruel. Fora apenas uma constatação. Afinal, Rodrigo havia se casado como tinha lhe sido exigido pela família. Ele havia conseguido um título de nobreza graças ao matrimônio, e uma renda muito vantajosa também. No entanto, Rodrigo e a esposa mal conseguiam suportar um ao outro. Belinda era uma megera egoísta e dominadora. Ah, sim, ela era uma mulher muito bonita, mas Rodrigo repetia sempre que preferia ter se casado com uma jovem horrorosa e doce do que com a bela e sórdida Belinda.

Talvez fosse exatamente por isso que Belinda morasse em Londres, enquanto Rodrigo continuava vivendo no Castelo de Clarin.

Parecendo incomodado com as lembranças, Rodrigo levantou-se e aproximou-se de Anahí.

— Por mais triste que possa parecer, minha querida, casamento é isso mesmo. Não importa se tivermos de nos casar com a mais horrenda das criaturas, o que conta é se esta criatura tem dinheiro e uma posição social interessante. Pense comigo, talvez não seja tão ruim casar-se com o conde se você não precisar vê-lo com freqüência.

— Não, não farei isso! — rebelou-se Anahí, virando-se de um para outro. — Não me casarei com conde Gireaux de forma alguma. Não é apenas porque eu o considere uma pessoa desprezível e grosseira, mas sim porque tenho certeza de que ele é mesmo louco.

Jack meneou a cabeça, desalentado.

— Então só temos uma alternativa.

— Ah, não irei para um convento! — empertigou-se ela.

— Não, não me referia a isso, prima. Você irá para a França. O conde Alain de Lacville ficou viúvo recentemente. Ele é bem mais velho, mas pelo menos você sempre gostou dele e o admirou, certo?

Anahí hesitou. Alain de Lacville era um bom homem, e também muito rico. Inteligente, educado, gentil. Ele tinha cabelos grisalhos, mas, a despeito da idade, ainda tinha traços bem atraentes. Gostava muito do conde, mas...

— Jack, ele é mais velho do que meu pai. — falou num sussurro.

— Que importância tem? — Rodrigo atalhou. — Eu, por exemplo, acho que minha esposa é mais velha do que o próprio Matusalém.

— Rodrigo, Belinda não é velha!

— Pois eu acho que é, sim. Belinda é uma dessas feiticeiras que conseguem se manter bonitas graças aos pactos diabólicos que fazem com as forças do mal. — ponderou o mais jovem dos dois irmãos, com uma expressão desgostosa.

— Anahí, seu pai morreu a serviço do rei. — Jack fez questão de lembrá-la. — Apesar de ser muito jovem, você liderou os homens na batalha de Falkirk. Mas, se não tomar cuidado, Eduardo I poderá decidir que está hora de lhe arrumar um marido que atenda às necessidades do reino e, se ele assim o fizer, mesmo se o tal pretendente for coxo, cego de um olho e ainda por cima tiver um caráter desprezível, não terá escolha a não ser obedecer, minha prima. Portanto, vá para a Normandia e encontre Alain de Lacville. Tenho mantido contato com o conde desde a morte da esposa dele. Aceite a proposta de casamento do conde e passe a se comportar como sua noiva oficial. Agora, se vocês não chegarem a um acordo aceitável, apenas deixe este noivado se prolongar por um longo tempo. Ele ficou em silêncio.

— Anahí, o conde Gireaux pode decidir levar sua proposta ao próprio rei e aí você não terá muita escolha.

E assim ela tinha sucumbido aos argumentos de Jack e agora estava ali no meio do mar irlandês.

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Amanda Bordini: Que bom que está gostando da fic, continuarei postando. Obrigada por comentar :D

kalita: você ainda não viu nada HAHAHA (; mas está certa.