Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

— De qualquer forma — Anahí prosseguiu, parecendo determinada a fazê-la sentir-se melhor —, casamento muitas vezes não passa de um simples contrato. O que quero dizer é que ele continuará a amá-la, mesmo se for obrigado a casar-se com outra. Deus sabe, talvez seja obrigado a unir-se a uma bruxa horrível, uma dessas megeras que são mais feias por dentro do que por fora.
Um leve sorriso brotou no canto dos lábios de Dulce.
— E o que me diz do conde de Lacville, milady?

Anahí suspirou profundamente.

— Quero dizer... Ele é cruel? A senhora o conhece? — Dulce ousou perguntar.
— Alain? Sim, eu o conheço. Ele é um velho amigo de meu pai. E um dos homens mais gentis e educados que já conheci.
— Então serão felizes juntos.
— Felizes?! — Anahí repetiu num tom um tanto irônico. — Bem, pelo menos não...
— Não, o quê, milady?
— Não serei totalmente infeliz. Por certo não serei maltratada, surrada ou abandonada num calabouço para morrer de fome como muitos maridos fazem quando se cansam da esposa.
De repente, Dulce percebeu que, apesar de tudo, tinha muito mais sorte por sua relação com Christopher ser verdadeira do que teria aquela pobre moça ao se ver obrigada a casar com um homem que não amava. Claro que não tinha nenhum compromisso legal, mas o que os dois desfrutavam era muito mais do que isso. Pensativa, começou a se afastar.
— Espere! — Anahí pediu outra vez.
— Preciso ir, senhora.
— Só me diga o que está acontecendo. Por acaso Wallace está a bordo deste navio? Estamos seguindo para a França? O que será feito de mim?
— Isso são os homens que decidem, milady. Mas a senhora está enganada se acredita que eles são monstros desalmados.
Anahí meneou a cabeça de um lado para outro e baixou o olhar.
— Vi muito bem o que fizeram com meu povo.
— A senhora não viu nada, milady. A não ser que tenha visto o que Eduardo da Inglaterra é capaz de fazer com sua própria gente para desacreditar os escoceses — Dulce retrucou, assumindo uma expressão dura, muito diferente do ar cordial que exibira até então.
Anahí nada respondeu.
— Agora, preciso ir. — murmurou a mulher nórdica, mas não pôde deixar de acrescentar: — Eu lhe trarei alguma coisa para comer em breve. Por favor, não tenha medo. Ninguém vai lhe fazer mal.
— Ora, já enfrentei os horrores de uma batalha. Não costumo ter medo. — respondeu Anahí rapidamente.
Ela estava mentindo e Dulce sabia disso, porém achou melhor não dizer.
— Claro, milady. Voltarei num minuto. — prometeu, antes de se virar e deixar a cabine.