Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

O navio em que sir William Wallace viajava tinha se aproximado do Wasp assim que a tempestade passara. Logo sir Wallace subira a bordo e, após os cumprimentos habituais, todos sentaram-se na proa, saboreando cerveja nos enormes chifres nórdicos que faziam as vezes de copos.
Alfonso vira sir Wallace pela primeira vez quando ainda era escudeiro e aprendiz de seu primo Arryn Graham e precisava admitir que nunca havia conhecido alguém tão carismático e admirável quanto o líder escocês.
Afinal, apesar de ser um homem do povo, Wallace era dono de uma inteligência espantosa. Fisicamente, ele também impressionava por seus músculos e porte viril, mas todas as suas vitórias tinham sido conquistadas graças a estratégias cuidadosas, mais do que por força física. Na vitória ou na derrota, William Wallace jamais hesitava diante de um desafio. Ele morreria pela Escócia se preciso fosse, e Alfonso estava ciente disso quando fizera seu juramento de segui-lo.
Porém, como o próprio Wallace, Alfonso rezava por sua vida e para que a paz reinasse o mais depressa possível.
Naquela noite, os ventos sopravam calmamente e a lua tocava as águas do mar numa suave carícia. Era impossível discernir em que ponto o mar encontrava o horizonte infinito e parecia que estavam à deriva há uma verdadeira eternidade.
— Gosto do pirata, de Longueville — sir William Wallace disse a Alfonso. — Apesar de tudo há uma certa honestidade nele.
— Honestidade, senhor? — espantou-se Alfonso. — O homem tem saqueado navios há anos!
— Sim, e ele admite isso abertamente. — Wallace atalhou com um brilho divertido no olhar. — Uma das maiores qualidades de um homem é ser honesto sobre seus atos e palavras, e Longueville o é.
Alfonso assentiu com um leve menear de cabeça. Como um líder nato, Wallace era capaz de convencer qualquer um, quando queria. Sua voz tinha tanto poder e as palavras eram pronunciadas com tamanha eloqüência que poderiam mover um verdadeiro exército. Ainda assim, aqueles que eram próximos a ele sabiam que era apenas um homem que gostava de rir e conversar com os amigos, muito diferente do monstro alardeado pela campanha de guerra inglesa.
— Quer dizer, então, que mesmo o errado é certo se confessar seus pecados? — Alfonso indagou, franzindo o cenho, — Se assim o for, haverá perdão para o próprio rei Eduardo se ele admitir que deseja sitiar a Escócia e banir todos os escoceses da face da Terra.
— Ouça e aprenda, meu caro Alfonso, é muito melhor ter um inimigo honesto do que um amigo desonesto. — William proclamou com ar solene.
— Agora tenho de concordar, senhor. O que disse é uma grande verdade. — Alfonso comentou, sorvendo um longo gole de sua cerveja. Então, de súbito, perguntou-se se Wallace estaria pensando na batalha de Falkirk quando fizera tal comentário, pois muitos haviam dito que os escoceses poderiam ter vencido o combate se John Comyn não tivesse fugido do campo de batalha com suas tropas.
Comyn era primo do rei deposto, John Balliol, em nome do qual Wallace continuava a lutar pela Escócia. Robert Bruce, que como Comyn, tinha aspirações de tomar-se rei, nunca tinha lutado ao lado deles, e agora corriam rumores de que Bruce estava prestes a assinar um acordo de paz com o rei Eduardo I.
— Vamos, Alfonso, coloque para fora o que o está incomodando. — disse William Wallace ao vê-lo calado.
— É só uma coisa em que eu estava pensando, sir.