Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

Depois que Dulce a deixara, Anahí tinha voltado a adormecer, mas, a certa altura, acordou assustada. Levando a mão ao pescoço, sentou-se na cama e olhou em tomo de si. Não tardou a descobrir a razão de seu desconforto.
Ele estava de volta. Seu algoz de rosto anguloso e cabelos escuros como a noite estava a poucos metros dela.
A cabine estava iluminada por uma vela deixada sobre a mesa de cabeceira e, apesar da tênue iluminação, era fácil divisar a figura imponente e máscula parada à soleira da porta.
Anahí não fazia idéia de há quanto tempo ele estava ali a observá-la.
— Então, está mesmo se recuperando. — a voz de barítono ecoou por todo o ambiente. As palavras pareciam desprovidas de emoção, como se pouco importasse se ela morreria ou viveria.
Anahí não respondeu.
Alfonso a ignorou e, soltando o broche que prendia o tartan xadrez sobre o ombro viril, tirou-o e o pendurou junto à porta.
Apesar de seu temores, Anahí recostou-se nos travesseiros e cerrou os dentes.
— O que o senhor pensa estar fazendo? — indagou, fuzilando-o com os olhos verde-esmeralda. A febre tinha passado, mas ainda se sentia fraca e trêmula.
— Ora, dizem que é muito valiosa, milady. Só estou tentando descobrir se isso é mesmo verdade — respondeu, sentando-se em uma cadeira ao lado da cama e fitando-a com grande atenção.
— O que deseja e por que está aqui? — Anahí insistiu.
— Digamos que este é meu lugar a bordo do navio. Portanto, estou em meus aposentos, milady.
— Se é assim, por que estou aqui?
Ele exibiu o arremedo de um sorriso.
— Bem, milady, apesar de esta ser uma embarcação muito confortável e solidamente construída, existem poucos lugares em que se possa abrigar uma hóspede tão ilustre, especialmente uma que tem o hábito de se atirar ao mar quando menos esperamos.
— Hóspede?! Sou uma prisioneira, não uma hóspede! Acho que existe uma pequena diferença aí que o senhor nem notou.
— Diferença? Ah, sim, como entre piratas, assassinos e escoceses, por certo.
Anahí não podia ver-lhe o rosto com nitidez sob a tênue iluminação de velas, mas tinha certeza de que os olhos azuis haviam se estreitado.
— Veio aqui só para me provocar e atormentar, senhor? — inquiriu, tentando ser prudente. Alfonso arqueou as sobrancelhas.
— Eu a estou atormentando? — perguntou num tom que mesclava escárnio e zombaria.
— Sabe muito bem que está.
— Bem, não pensei que isso fosse tão fácil.
— Oh, o senhor é muito cruel!
— Cruel?! Como pode dizer isso? Quase me matou quando fui misericordioso e poupei sua vida!
— Estávamos num campo de batalha, não num salão da corte.
— Sim, pois eu poderia ter sido enterrado lá mesmo junto com os demais ou então deixado como almoço para os abutres.
— Isso foi há muito tempo e...
— E agora a senhora é uma donzela que estava singrando os mares em um navio inglês para encontrar um rico e nobre conde que se tomará seu marido.
— Sim, isso mesmo. Será que poderia fazer o favor de me deixar sozinha? Preciso repousar.
— Ah, deixá-la e mostrar um pouco de misericórdia?
— Si... sim.
— Já fiz isso uma vez e nós dois sabemos como tudo terminou.
— Tem toda razão, senhor! — De repente, Anahí não pôde mais se conter. Até então repetia para si mesma que deveria ser sensata e não agredir o inimigo, mas agora seu gênio intempestivo viera à tona e não podia mais se controlar. — Em seu lugar, tomaria muito cuidado, pois sou muito habilidosa com a espada e posso deixá-lo enterrado aqui, no meio do mar, já que não consegui fazê-lo em Falkirk.
Um sorriso zombeteiro curvou os lábios carnudos e Alfonso se inclinou em direção a ela.
— Não me parece tão perigosa agora, lady Anahí. — murmurou ele, com um sorriso irônico.

Durmam bem, está muito tarde para postar `-` hahaha...