Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

Por uma fração de segundo, ficou tentada a colocar sua vida em risco e fazer justiça com as próprias mãos, mas logo o bom senso a fez ver que não tinha a menor chance de ser bem-sucedida. Os inimigos não só eram mais numerosos, como também muito mais fortes do que ela.

Anahí engoliu em seco, forçando a si mesma a ficar quieta e ouvir o máximo que pudesse da conversa dos homens.

— Vejam, esta não é apenas uma viagem oficial. — Wallace dizia. — Outros já fizeram isso em meu nome. Alguns religiosos amigos nossos intercederam a nosso favor até mesmo junto ao Santo Pontífice. Portanto, venho agora na esperança de que esses contatos anteriores possam trazer algum benefício a nossa querida Escócia. Segundo me disseram, o próprio papa já reconheceu a Escócia como um Estado soberano e disse que nossa aliança, como nação cristã, é apenas com Roma.

— Isso é bom. Devemos lembrar também que o rei francês está sempre procurando mercenários para lutar em seu Exército e que metade das batalhas vencidas por ele foram conquistadas graças à ajuda de estrangeiros. — acrescentou o capitão Christopher.

— Senhores, permitam-me lembrá-los de que mercenários são diferentes de piratas. Eu sou um pirata — Longueville frisou a última palavra, parecendo querer deixar claro quem era e o que tinha feito.

— Pois ouvi dizer que o rei estaria disposto a perdoar um pirata que se especializou em pilhar navios ingleses. — Wallace falou com convicção. — Além do quê, tenho certeza de que ele não o entregaria aos ingleses, mesmo se assinasse um acordo de paz com Eduardo I.

— Ah, isso é verdade. — Christopher concordou de pronto. — Pelo que conheço do rei, sei que não importa que acordo lenha feito com os ingleses, continuará sempre disposto a fazer todo o possível para destruí-los pelas costas.

— De uma certa forma, isso é muito triste. — Wallace comentou. — Quero dizer, um rei que tem tantos inimigos está em grande perigo. Os galeses foram forçados a lutar com Eduardo e seu Exército, mas o odeiam. Os normandos estão sempre dispostos a apunhalá-lo pelas costas, e nós, escoceses, preferimos morrer nos esvaindo em sangue no campo de batalha a nos entregarmos como fizeram nossos primos distantes, os galeses.

— O que acontecerá se formos atacados? — Longueville indagou, parecendo preocupado com tal possibilidade. — Quem sabe, por navios ingleses apoiados por alguns franceses dispostos a decapitar um pirata que consideram ser um perigoso fora-da-lei.

— Temos a mulher, a noiva de um conde francês, um homem muito rico e influente na corte. Eles não se atreverão a colocar a vida de lady Anahí de Clarin em perigo.

Anahí engoliu em seco ao ouvir seu nome ser mencionado. Quer dizer então que seria usada como um peão num jogo de xadrez? E o pior, um peão cuja principal função seria impedir que a justiça fosse feita e que todos aqueles escoceses, bem como o pirata, fossem punidos?! Ah, precisava voltar imediatamente à cabine e fingir que estava dormindo, enganando-os para que continuassem deixando porta aberta. Quem sabe, então, poderia escapar quando chegassem à costa francesa e nadar até terra firme, impedindo que seus raptores levassem seus planos sórdidos adiante. Determinada, virou-se ansiosa para voltar à cabine, mas assim que deu o primeiro passo, esbarrou num corpo alto e musculoso que, evidentemente, estivera parado ali durante todo o tempo em que ela espionara a conversa de Wallace dos outros dois homens.

— Muito boa noite, lady Anahí. Quanta gentileza de sua parte juntar-se a nós. — soou a voz de barítono de Alfonso Graham, à medida que dedos longos se fechavam sobre os ombros delicados e começavam a forçá-la a seguir na direção oposta. O brilho intenso no fundo dos olhos verdes desmentia o tom cordial em que a frase fora proferida.