Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

— De qualquer forma, eu nunca seria um perigo para ninguém! — ela teimou em dizer.

O pirata Longueville voltou a emitir um som engraçado.

Christopher Graham, por sua vez, deu uma sonora gargalhada. E, às suas costas, onde não podia ver-lhe o rosto, Alfonso permaneceu em silêncio.

— Bem, lady Anahí, não foi isso o que ouvi a seu respeito. Segundo me disseram, é muito hábil com uma espada. — Wallace murmurou, observando-a com o cenho franzido.

— Nem tanto assim. Todos que vivem na fronteira com a Escócia conhecem peio menos um movimento defensivo. Não chego nem aos pés de seus guerreiros, sir.

— Homens e mulheres têm diferentes talentos, tanto dentro quanto fora dos campos de batalha. — argumentou Wallace. — Afinal, batalhas não são ganhas apenas com força e poder. Antes de tudo, precisamos vencê-las em nossas mentes e corações. E nós, escoceses, lutamos por nossas vidas, lady Anahí. Lutamos por nossa liberdade, por nossas terras e por aquilo que está em nossos corações. Eduardo, porém, luta para sua glória pessoal e para provar que é o grande conquistador de todas as terras que se estendem além das fronteiras de seu reino.

— O que sei, senhor, é que meu povo lutou para expulsar os bárbaros que queimaram nossas plantações e tentaram tomar nossa terra.

— Não adianta. Ela nunca aceitará a verdade. — Alfonso atalhou com grande impaciência.

— Talvez. — admitiu Wallace, sentando-se na beirada da mesa de madeira e fitando-a com um brilho levemente divertido no olhar. — Mas se lady Anahí prometesse que nunca empunharia um punhal contra mim eu acreditaria nela.

— Ah, sim. Eu também, porque certamente um punhal ela não usaria, já que prefere espadas — Alfonso resmungou indignado.

Desta vez, Wallace riu alto.

— Eu gostaria de lhe oferecer total liberdade para circular pelo navio, milady.

— Quanta gentileza! — Anahí ironizou. — Especialmente se considerarmos que fui trazida para cá contra minha vontade e que não sei o que foi feito do navio em que eu viajava.

— Mon Dieu! Alguém deve contar a verdade a ela! — exclamou Longueville, irritado.

— Como podemos fazê-lo, se não conhecemos a verdade? — Wallace argumentou, os olhos fixos nela.

— Sobre o que estão falando, afinal? — empertigou-se Anahí.

— Nada que seja de sua conta. — Christopher disse por entre os dentes.

— Claro que é! — teimou Anahí.

— Vocês escoceses falam demais! — resmungou o pirata francês. — Se ela fosse minha prisioneira, eu...

— Mas ela não é! — Alfonso interveio com firmeza.

— Talvez esteja na hora de lady Anahí retornar a seus aposentos. — sugeriu Wallace.

— Espere, eu...

Mas antes que Anahí pudesse dizer qualquer coisa, Wallace já beijava-lhe os dedos de forma galante.

— Boa noite, milady. Falaremos em breve.

— Ora, não consigo entender isso. Se ela fosse minha prisioneira, Jamais deixaria que questionasse minhas ordens. — ainda protestou Longueville.

— Acontece que ela não é sua prisioneira. Fizemos um acordo, e lady Anahí pertence a sir Alfonso — esclareceu Wallace, fitando-a de alto a baixo.

Anahí sentiu o sangue tingir-lhe as faces de vermelho ao ouvir tal comentário. Como alguém podia dizer que pertencia a sir Alfonso, aquele bárbaro de longos cabelos escuros e faces angulosas e bronzeadas? Ela era livre, não pertencia a ninguém, muito menos a um rebelde escocês que parecia odiá-la de todo o coração!

— Mas está acontecendo alguma coisa que vocês não me contaram! — Anahí ainda insistiu em saber.

— Milady, foi um prazer conversar com a senhora, mas já é hora de irmos. — Alfonso declarou num tom que não admitia réplicas.

Anahí sentiu as mãos fortes se fecharem sobre seus ombros e cerrou os dentes.

— Não quero ir! Prefiro ficar aqui e descobrir a verdade que não querem me dizer.

— Ora, ora. É melhor se recolher, pois a febre pode voltar a qualquer momento. — Alfonso ironizou. — Com sua permissão, sir William, gostaria de levar nossa hóspede de volta a sua cabine, antes de retomar para terminarmos de traçar nossos planos.

— Claro, meu jovem. Faça isso agora mesmo.

— Não, eu não... — Anahí começou a protestar, mas para sua surpresa foi simplesmente erguida nos braços fortes e carregada para fora da cabine. Debateu-se contra o peito largo, então lembrou-se de segurar a camisola de cambraia, com medo de que esta tivesse subido e exposto mais de sua carne macia do que seria apropriado para uma dama.