Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

— Em um minuto, sua tola. Será que não percebe que se continuasse ali o pirata francês teria perdido de vez a paciência e lhe dado um boa lição? — Alfonso vociferou, enquanto desciam as escadas.

— Melhor um francês a um escocês.

— Neste caso, será que devo levá-la de volta e entregá-la nas mãos do pirata, milady?

Anahí engoliu em seco. Não sabia se Alfonso a entregaria, de fato, ao pirata ou se estava blefando, mas, de qualquer forma, achou melhor não arriscar,

— Não. — respondeu, no que pareceu mais um gemido do que uma resposta.

— Perdão, milady, mas é melhor a senhora repetir para eu saber se ouvi direito.

— Não.

— Mas não o quê?

Anahí empinou o queixo e mirou-lhe os olhos.

— Não, não quero que me entregue ao pirata. Um largo sorriso aflorou nos lábios carnudos.

— Ah, ainda bem que parece haver um sinal de inteligência e bom senso em algum lugar de sua cabeça teimosa, milady.

— Olhe só quem fala... Foi você quem decidiu fazer uma aliança com um pirata, não eu!

— Ele não é de todo mau.

— Claro que não! Longueville só ataca navios, mata homens, mulheres e crianças, rouba, assalta, pilha e estupra donzelas. Por que seria um homem mau, não é mesmo?

— Ora, e você honra a seu rei, milady. Verdade que Eduardo I devastou um reino inteiro e ainda ordenou a morte cruel de centenas, talvez milhares, de homens. Longueville, pelo menos, não tinha a intenção de matá-la.

— Não? Neste caso, por que então ele fez uma série de insinuações sobre alguma coisa que eu deveria saber?

A esta altura, haviam chegado ao deque inferior.

— Já pode me colocar no chão. Posso muito bem caminhar sozinha até a cabina.

E foi o que ele fez, movendo-se com excepcional agilidade e rapidez para alguém de seu tamanho. Ainda assim, fez questão de segurá-la pelo braço e acompanhá-la até a cabine.

Anahí sentia um estranho calor espalhar-se por todo seu corpo a partir do ponto em que os dedos longos e fortes a tocavam.

— Bem, agora já cumpriu sua missão, milorde, e pode retomar para junto de seus amigos que o esperam.

— Tem razão, devo voltar.

— Sim, tem de voltar até sir Wallace, o homem que diz não ter marchado contra Clarin e muito menor ter mandado colocar fogo no celeiro.

— Se sir Wallace diz que não esteve em suas terras, é porque é verdade, milady.

— Há muito aprendi que não se deve confiar em um inimigo, muito menos se ele for escocês.

— De que lhe serve tanto ódio e orgulho, Anahí? Afinal, apesar de toda a confusão que causou, olhe só onde está: em um navio nórdico, repleto de rebeldes escoceses e, como se não bastasse, também temos um pirata francês a bordo.