Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

— Como preferir, milady. — respondeu Alfonso, ficando em pé e pegando a roupa que havia deixado junto à bacia em que se lavara. Com movimentos rápidos, vestiu a calça preta colada ao corpo, uma camisa branca limpa, então jogou twian sobre o ombro e prendeu-o com o broche com inscrições em celta. — Lady Anahí, ou melhor, Santa Giovanna Clarin — falou, dirigindo-se à porta —, a senhora continuará sendo minha hóspede por um bom tempo, portanto, fique à vontade para me observar quando quiser.

— Sempre observo meus inimigos com atenção, milorde.

Ele riu, um riso irônico, mas que ainda assim o fazia parecer mais másculo e atraente do que nunca.  

— Eu também, milady. Aliás, não tiro os olhos de uma certa inimiga que me golpeou pelas costas...

 Capítulo VII

 Um pouco mais tarde naquele mesmo dia, as velas foram baixadas e o navio nórdico passou a seguir mais lentamente.

Ao ouvir os homens gritarem, Anahí tentou abrir a porta outra vez e ficou satisfeita ao perceber que, por mais odioso que fosse, Alfonso Graham não havia colocado a tranca do lado de fora.

O navio nórdico, que estava sendo seguido pela embarcação pirata e dois outros navios da frota escocesa, finalmente baixou âncora. Ao ouvir o que os marujos gritavam, apesar de muitos falarem num idioma que ela desconhecia, Anahí percebeu que haviam ancorado próximo a Calais.

Portanto, tinha uma boa noção de onde estava. Na casa de seu pai tivera muitos preceptores que lhe ensinaram línguas, geografia e história, embora nunca antes tivesse saído da Inglaterra. Apesar disso, acreditava que os franceses eram um povo civilizado e que a ajudariam a escapar dos escoceses se tivesse oportunidade de fugir e pedir socorro. A seu favor ainda estava o fato de Alain de Lacville ser um homem imensamente rico e de seu nome ser bastante conhecido em toda a França. Quem sabe fosse essa sua chance de fugir e impedir os rebeldes escoceses de transformá-la em mais uma peça naquela guerra que parecia nunca ter fim.

Pensando nisso, Anahí manteve-se atenta a tudo o que era dito. Pelo que podia perceber, Wallace continuava abordo do Wasp e, se tivesse entendido direito a mescla de gaélico e nórdico que os marujos falavam, o líder escocês estava reunido com seus comandantes na cabine central do navio para discutir o assunto que os trouxera até ali.

Tinham mandado um mensageiro solicitar uma audiência com o rei francês e estavam muito ocupados planejando como fariam para convencer o monarca a apóia-los naquela batalha contra a Inglaterra. Por isso mesmo, Anahí acreditava que era a hora certa de fugir.

Tudo o que precisava fazer era ter paciência e agir como se tivesse aceitado e se conformado com sua condição de prisioneira.

Sentindo a esperança crescer dentro de si, ela vestiu o traje mais leve que encontrou em seu baú e tomou o cuidado de colocar todas as moedas de prata e ouro que trazia consigo no bolso interno do vestido, pegou também o pingente celta que herdara de sua mãe, com incrustações em rubi e esmeraldas. Afinal, uma lição que aprendera desde cedo era que os homens sempre tinham um preço e que segurança e proteção eram coisas que podiam ser compradas, portanto, precisava estar preparada para fazer o seu melhor. E o melhor diante das circunstâncias seria aproximar-se da amurada do navio e lançar-se ao mar quando ninguém estivesse olhando, pois não havia outro jeito. Sua única opção seria nadar até a costa, mesmo que isso significasse que teria de enfrentar o mar congelante outra vez.