Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

Anahí a retalhou com o olhar.

— De qualquer forma, prefiro esperar.

— Mas não vai. Virá comigo agora mesmo!

Furiosa, Anahí a observou e percebeu que eram quase do mesmo tamanho. Uma vez que a desconhecida não carregava espada ou qualquer tipo de arma, tinha uma boa chance de vencê-la em uma luta corpo a corpo.

Mas, para sua infelicidade, a outra pareceu notar-lhe a intenção, pois proclamou em alto e bom som:

— Virá comigo agora mesmo, pois do contrário terei de mudar os planos e chamar alguém que possa carregar facilmente.

Aquilo a deixou preocupada. E ficou ainda mais quando uma segunda mulher entrou no quarto. Esta era ainda maior e mais forte do que ela, na verdade, era quase uma gigante, tinha cabelos loiros e olhos azuis e parecia mais uma deus nórdica de Valhalla do que um ser mortal. Sem dúvida, e poderia facilmente derrotar um homem numa luta, a julgar por seu tamanho.

— Algum problema? — indagou a recém-chegada, olhando da mulher de cabelos castanhos para Anahí.

— Bem, parece que nossa hóspede não está querendo tirar as roupas molhadas.

— Mas, vai tirar! — exclamou a gigante loira, num tom que não admitia réplicas.

Anahí sentiu o coração bater tão forte quanto as águas do mar arrebentando contra o casco de um navio em dia de tempestade. Por sob as longas pestanas, observou as duas mulheres e tentou descobrir quem seriam. Verdade que a julgar pelos trajes desprovidos de qualquer adorno deveriam ser pessoas simples e sem posses; ainda assim, havia algo de curioso a respeito delas, talvez uma certa dignidade no olhar ou na maneira como se moviam. Porém, não conseguia classificá-las dentro da hierarquia social a que estava acostumada.

Certamente não eram nobres, mas também não pareciam simples aldeãs ou camponesas.

— Escutem, por favor. — começou a dizer, procurando manter-se calma e controlada. — Creio que vocês não fazem idéia de quem sou e...

— Ah, não, milady. Sabemos muito bem quem é! — exclamou a mulher de cabelos castanhos.

— Pois, então, entendem que posso lhes render um bom dinheiro se me tratarem bem e me levarem até meu noivo.

As duas mulheres se entreolharam como se estivessem partilhando um segredo. Havia um brilho divertido nos olhos da gigante loira, e uma certa indignação no rosto da mulher de cabelos castanhos.

— Ouçam, vocês podem me ajudar e...

— Venha agora! Estamos muito ocupadas e não podemos perder tempo com bobagens. — interrompeu a loira.

Anahí ergueu os ombros e seguiu até as duas, imaginando que talvez pudesse se colocar na frente delas, correr para as escadas e dali fugir para o campo aberto que avistara da janela. A idéia podia parecer insana, mas, naquele momento, sabia que tinha pouco, ou quase nada, a perder. Assim, apertou o passo e tentou ficar à frente das mulheres.

Logo descobriu que estavam num corredor cujas paredes tinham lambris de madeira, e mais adiante, como esperava, avistou as escadas.

No entanto, a mulher de cabelos castanhos pareceu saber exatamente qual era a sua intenção, e antes que Anahí tivesse a chance de correr como pretendia, ela já estava a seu lado e a segurava pelos cabelos.

— Me solte! — Anahí grunhiu girando nos calcanhares e tentando empurrá-la para longe com um chute na canela.

— Ai! — gritou a outra, soltando-a e passando a saltar em um pé só.

A gigante loira esticou o braço e impediu Anahí de fugir, segurando-a pelo ombro com tanta força que ela temeu que fosse deslocá-lo.

A essa altura, o francês baixinho, vestido com trajes elegantes, surgiu no alto da escada, com o mascarado logo atrás.

— O que está havendo aqui? — quis saber o francês.

— Ela não quer tomar banho. — informou a mulher mais jovem, ainda segurando a canela.

O mascarado deu um passo à frente e rosnou irritado. Apavorada, Anahí começou a voltar para o quarto.

— Não, não. Eu vou, eu vou...

Tarde demais. Ele a puxou pela cintura, meio que carregando-a, meio que arrastando-a, até entrarem num cômodo cujas paredes eram inteiramente revestidas de madeira e no centro do qual havia uma banheira cheia de água quente, a julgar pelo vapor que subia do líquido perfumado.

Sem a menor consideração, ela o sentiu rasgar o resto do tecido que ainda mantinha seu corpo protegido e depois a despir sem cerimônia.

— Pare! Pare! — Anahí gritou, esperneou, tentou afastá-lo, mas ele parecia ter uma força sobre-humana. Dedos firmes tocavam-lhe a pele, fazendo-a estremecer.

Quando ela estava inteiramente nua diante do mascarado desconhecido, ele a pegou no colo e a colocou na banheira. Por um instante, ficou parado como se a estivesse observando, então, cerrando os punhos, saiu do aposento e a deixou soluçando, agarrada aos próprios joelhos.