Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

Hélène assentiu e voltou a se concentrar em Anahí.

— Tem uma toalha e uma túnica atrás da porta, milady Nada tão luxuoso quanto o que está acostumada, mas muito melhor do que esse traje que estava usando — falou, ajudando-a com os cabelos. Pouco depois, virou-se para deixar a sala de banho.

Anne-Marie fez menção de acompanhá-la, mas, antes de sair, virou-se para Anahí e comentou com um sorriso;

— Cuide bem de seus cabelos, milady. Ele gosta de cabelos limpos e de pele perfumada.

Furiosa, Anahí agarrou-se às bordas da banheira.

— Não estou nem um pouco interessada no que ele gosta ou não.

— Mas deveria estar. Porque, se não o agradar... — Calou-se e revirou os olhos, como se o gesto valesse mais do que mil palavras, e logo fechou a porta atrás de si.

“Ah, Virgem Santíssima, por favor, me ajude!”, Anahí pediu em uma prece silenciosa. Queria acreditar que, de fato, houvesse alguém tentando barganhá-la por uma boa quantia em moedas de prata e ouro, embora, pelo que pudera perceber, aqueles bandidos não parecessem interessados em dinheiro.

Agoniada, ela mergulhou na água e enxaguou os longos cabelos loiros, tentando relaxar na tepidez reconfortante. Então, de súbito, a banheira também pareceu se tornar tão fria e inóspita quanto seu futuro. No mesmo instante, Anahí olhou para a porta, com medo de que fosse aberta.

Isso, porém, não aconteceu.

Com movimentos rápidos, saiu da banheira, encontrou a toalha e secou-se rapidamente, antes de vestir as roupas íntimas de cambraia e a túnica de lã azul-clara que, por certo, pertenciam a Anne-Marie, pois tinham quase o mesmo tamanho. Mal tinha acabado de ajustar a túnica no,corpo quando a porta voltou a se abrir e a dona do traje entrou.

— Você deve retomar a seu quarto agora mesmo. Tem visita a sua espera. — anunciou Anne-Marie.

— Visita? Quem? — perguntou, engolindo em seco. Procurou controlar seus tremores, rezando para que não fosse aquele que gostava de suas mulheres perfumadas e limpas.

— Mexa-se! — ordenou a francesa.

Apenas por princípio, Anahí ficou onde estava. Quem aquela mulher pensava que era para tratá-la com tanta aspereza?

— Será que serei obrigada a pedir ajuda, milady?

— Para onde devo ir? — capitulou por fim.

— Seu quarto, é claro.

Respirando fundo, Anahí calçou os sapatos de pele de gazela e a precedeu no longo corredor. Ao passar pelas escadas, ainda lançou um olhar para o que poderia ser sua oportunidade de fugir, mas não ousou tentar novamente, não agora quando havia uma chance de alguém estar tentando resgatá-la das mãos do inimigo; afinal, não fora em vão que ouvira a palavra “barganha”.

Esperançosa, entrou no quarto e, antes mesmo que tivesse a chance de se virar, a porta foi fechada atrás dela. No mesmo instante, seguiu até as janelas duplas e abriu-as, olhando para a paisagem bucólica que se estendia a perder de vista. A esperança que tivera pouco antes começava a se desvanecer. Havia, sim, algumas árvores próximas à janela, mas o chão parecia ficar mais distante do que imaginara da primeira vez. Que distância conseguiria percorrer se ao saltar quebrasse uma perna?

Ainda não tinha respondido à própria pergunta quando ouviu a trava ser retirada. Como antes, fechou a janela v correu para o centro do quarto.

A porta foi aberta imediatamente e ela pestanejou, atônita.

— Alfonso?!

Era Alfonso Graham quem estava ali. O corpo alto e musculoso preenchia totalmente o vão da porta, o tartan xadrez passado em volta da cintura e jogado sobre o ombro esquerdo de maneira inconfundível. Sim, ele era a imagem do guerreiro escocês invadindo aquele covil de ladrões franceses.

Nunca, em toda a sua curta existência, Anahí teria imaginado que ficaria tão feliz ao ver um escocês.

— Alfonso! — repetiu o nome dele e, sem pensar, atirou-se nos braços musculosos, enlaçando-o como se fossem parentes... ou amantes.