Fanfic: A Dama e o Guerreiro - AyA | Tema: AyA (adaptada)

Capítulo VIII

Naturalmente, Anahí lutou. Sim, lutou como um animal encurralado que tenta conquistar sua liberdade. Ela chutou, esperneou, gritou, mordeu, arranhou, mas nada disso fez efeito.

Seu raptor usava uma túnica de cota de malha por baixo do casaco e as mãos estavam enluvadas outra vez. A máscara u de couro também estava no lugar de sempre, impedindo-a de ver-lhe o rosto.

Anahí retorcia-se, virava, mas ainda assim não conseguia nem mesmo fazê-lo afrouxar os dedos que a mantinham cativa, como se ela fosse tão leve quanto uma pluma. Sem a menor cerimônia, o francês mascarado a carregou nos ombros até a porta de entrada, onde os demais ocupantes da casa os aguardavam, rindo e meneando a cabeça num misto de divertimento e incredulidade.

O outro francês, o homenzinho que usava roupas elegantes, estava no salão principal quando o mascarado entrou com Anahí, e meneou a cabeça ao vê-la ser colocada em pé, diante da lareira.

— Seus imbecis! — esbravejou ela, odiando vê-los rir abertamente de seu infortúnio.

Suas palavras não surtiram qualquer efeito porque o homenzinho e os outros dois sujeitos, os mesmos que o acompanhavam na praia, continuaram a rir.

Hélène e Anne-Marie também estavam lá, mas a loira gigante foi mandada ao andar superior para retirar a corda improvisada e arrumar novos lençóis para o leito.

Ignorando os demais, o mascarado seguiu até a lareira e ficou de costas para todos. Jacques era o nome dele, não? Pelo menos fora isso que Anne-Marie dissera.

— Jacques. — começou a dizer Anahí, tentando ser bem-sucedida no ponto em que Alfonso, o bravo guerreiro escocês, falhara. — Meu noivo é muito importante na corte, podemos lhe conseguir o perdão do rei e também lhe oferecer uma generosa recompensa por seus serviços. Aquilo que eu carregava no bolso do vestido não é nada comparado com o que pode conseguir se me levar até o conde de Lacville. Será que não precisa de dinheiro?

Ele virou-se e ficou frente a frente com Anahí. Embora estivesse com o rosto coberto pela máscara, era óbvio que a encarava com desdém.

Foi o homenzinho francês quem respondeu por ele:

— Milady, há algo que a senhora precisa aprender. Dinheiro não pode comprar tudo na vida. Existem muitas coisas que são bem mais importantes do que riquezas e tesouros pessoais.

— Mas... eu... hã...

— Por favor, deve voltar ao quarto que lhe foi destinado.

— Por quê? — indagou num sussurro. Estava triste, desapontada e também com medo do que a esperava depois de ter tentado fugir.

— Ele irá vê-la e então entenderá tudo.

— Não, o senhor não entende. — começou a dizer, mas então se calou, pois o mascarado começou a se aproxima: — Não podem fazer isso comigo! Sou uma herdeira por direito!

O homem pequenino e os dois comparsas a circundaram, então, inesperadamente, Jacques moveu-se até ela e, passando pelos outros homens, segurou-a pela mão e puxou-a para si.

— Não! — Anahí gritou e tentou se afastar, mas, como antes, seus esforços não surtiam efeito algum, pois ele tinha uma força descomunal. Então, antes que tivesse chance de perceber o que estava para acontecer, sentiu-o pegando-a nos braços como se fosse um bebê, e logo carregá-la até a longa escadaria que levava ao quarto.

Uma vez ali, Jacques atirou-a sobre a cama que ainda estava sem lençol.

Anahí respirou fundo, preparando-se para lutar outra vez, pois imaginava que ele iria tentar tocá-la.

Mas, em vez disso, seu algoz mascarado simplesmente deu-lhe as costas e saiu, fechando a porta atrás de si.